A diretoria evitou comentários mais contundentes, mas a ?simples? indicação de Carlos Eugênio Simon para apitar Botafogo x Paraná Clube causou um visível desconforto junto a dirigentes e torcedores que acompanhavam o treinamento da equipe. ?Putz…Ele outra vez…?, foi a expressão mais ouvida nos corredores da Vila Capanema. A aversão dos tricolores ao ?mais consagrado? árbitro do futebol brasileiro é histórica.
E vem de longa data. Na Copa João Havelange, em 2000, um erro bizarro do apitador custou ao Paraná Clube a classificação às semifinais do torneio. Romário recebeu em posição irregular e nada foi assinalado. Mas, não foi só: Simon ainda marcou pênalti ?duvidoso? sobre o baixinho e com um 3×1, o Vasco praticamente garantiu classificação, em São Januário. Desde então, sempre que Carlos Eugênio Simon aparece em jogos do Tricolor, o ?calafrio? é certo.
Na atual temporada, o árbitro gaúcho cruzou o caminho do Paraná por três vezes. E, novamente, com ?deslizes?. Na Libertadores da América, apitou a vitória do Flamengo (1×0), no Rio de Janeiro. Não expulsou dois jogadores do rubro-negro carioca – Juan e Souza – em jogadas claras de advertência. O ala, aliás, deveria ter recebido o segundo cartão amarelo ainda no primeiro tempo, após dar um carrinho por trás no adversário.
No atual Brasileiro, foram apenas dois jogos, sendo que frente ao Vasco (0x0), na Vila Capanema, não houve nenhum lance polêmico. Porém, no clássico frente ao Atlético, no Joaquim Américo -vitória do rubro-negro por 2×1 -, Simon deixou de marcar uma penalidade máxima sobre Éverton, quando o jogo estava empatado. ?Não dá para negar que o histórico preocupa?, admitiu o vice de futebol José Domingos. ?Mas, nesse momento, não adianta fazer mais nada. Só torcer para que ele tenha uma grande arbitragem?, completou.
Os jogadores preferiram não comentar o assunto. ?Arbitragem é assunto para diretoria. Nós estamos concentrados no jogo e naquilo que temos que fazer diante do Botafogo?, disse o volante Goiano, que retorna ao time após cumprir suspensão. ?Chegamos num ponto onde temos que passar por cima de qualquer obstáculo que venha a surgir, pois só a vitória interessa?, emendou o guardião da zaga paranista. Goiano vive seu melhor momento e espera fechar o ano como começou: na condição de titular e com o Paraná em uma posição de destaque.
A apreensão quanto à arbitragem não está nem ligada à situação do adversário direto deste fim de semana, o Botafogo. Afinal, o clube carioca está praticamente garantido na Sul-Americana e fora da briga pela Libertadores. ?A preocupação é porque há muito em jogo e esse jogo interessa a todos aqueles que ainda lutam contra o rebaixamento?, finaliza José Domingos.
Concorrentes na briga pra escapar
Quatro clubes brigam palmo a palmo pela sobrevivência na Série A. A 36.ª rodada, além de decisiva para Paraná Clube, Goiás, Corinthians e Náutico, pode apimentar essa briga abrindo o leque dessa disputa. Até o Juventude voltou a respirar, após duas vitórias seguidas, e Atlético Mineiro, Sport e Vasco ainda não estão livres da degola. Independente desse quadro, os jogadores do Tricolor têm a convicção de que o time precisa vencer o Botafogo para seguir vivo.
?A matemática até permite outras combinações. Mas, para mim, temos que no mínimo somar sete pontos?, disse o goleiro Gabriel. ?Assim, precisamos vencer duas e garantir mais um empate. Por isso, a meta é somar três pontos no Rio, já?, disse o jogador, que não quer ver o início de sua carreira como titular marcada por um rebaixamento. ?É ruim para todos, não importa se jovem ou experiente. Mas, nosso momento é bom e acredito que com a mesma seriedade das últimas partidas temos grandes chances de superar o Botafogo?.
Com um time-base bem definido, Saulo de Freitas aproveitou a semana cheia para trabalhar fundamentos. Do passe às finalizações, que ainda podem ser aprimoradas, na visão do treinador. Ontem, ao invés de um tradicional trabalho tático, o ?Tigre? preferiu focar apenas lances de bola parada, acertando o posicionamento ofensivo da equipe, que não terá surpresas.