Criciúma chega para ocupar a função que foi de Nem: liderar a equipe em campo. |
Fortaleza, Ceará – Foi uma chegada e tanto. O zagueiro Sílvio Criciúma foi integrado de fato à delegação do Atlético que disputa a Copa dos Campeões, e já deve se tornar o líder que a equipe precisa no sábado, quando o Rubro-negro enfrenta o Goiás, na última rodada da primeira fase. Aos 31 anos, com passagens vitoriosas pelo futebol catarinense e no próprio Goiás, o jogador não se preocupa com essa rapidez na sua efetivação, e promete ser o que o técnico Carlos de Oliveira Carli espera dele – o comandante da defesa e o ?espião? do adversário.
Sílvio foi capitão do Goiás em várias temporadas, somente saindo na metade do ano passado para defender a Portuguesa, seu último clube. E essa liderança serviu também para conhecer o grupo a fundo, principalmente porque o adversário de sábado tem uma filosofia de trabalho semelhante à do Atlético, privilegiando uma base por alguns anos. “Eu conheço no mínimo 70% do grupo do Goiás, e acho que isso pode ser importante. Tudo que o treinador precisar eu estarei pronto para responder”, diz o zagueiro.
E Riva espera isso dele. A análise do Goiás já foi feita pelo auxiliar Maurílio Evaristo (ver matéria), mas a vivência do jogador pode fazer a diferença. “A experiência dele é fundamental em uma hora dessas”, diz o técnico atleticano. Baseando-se (e apoiado) na experiência, Sílvio Criciúma pretende reverter a falta de ritmo de jogo – ele não joga há quase três meses. “Realmente não estou pronto, mas essa é a hora da superação, e é nela que eu vou forças para o jogo”, garante. Quando chegou, o zagueiro recém-contratado conheceu seus companheiros mas eles viajaram dois dias depois para a disputa da Copa dos Campeões. “Enquanto eles vieram para cá, eu fiquei duas semanas trabalhando para recuperar a forma física e técnica”, conta. Quem o acompanhou foi o auxiliar Vinícius Eutrópio, que inclusive viajou com ele para Fortaleza. “O Sílvio fez trabalhos em tempo integral, e por isso está praticamente pronto em termos físicos. O que lhe faltar nesse aspecto ele vai reverter com a experiência que tem”, analisa.
Aí também entra a liderança que ele pode exercer. Desde a saída de Nem (hoje no Atlético Mineiro), a defesa atleticana sofre para encontrar um líbero que cumpra funções semelhantes à do antigo capitão do título brasileiro. E, apesar de ter um estilo completamente diferente (principalmente fora de campo), Sílvio pode ser a referência que a zaga tanto precisa. E como bom líder, Sílvio Criciúma chegou e já é titular. Além disso, consciente da situação da equipe, já tem uma receita para a difícil classificação para as quartas-de-final do torneio. “Primeiro vamos contar com o Flamengo, que precisa vencer para nos deixar ainda em condições de classificação. Depois vamos ser agressivos, do jeito que o Atlético sempre jogou. Se fizermos isso, tenho certeza da nossa classificação”, resume.
Um Atlético ofensivo, para alcançar a classificação
Fortaleza – O que se viu no primeiro treino tático da semana foi um Atlético ofensivo, que tenta manter a cautela. Pode parecer paradoxal, mas é essa a estratégia do técnico Riva para a partida de sábado contra o Goiás. Ao mesmo tempo em que mantém os três zagueiros, ele joga com quatro jogadores agressivos na frente, para tentar os gols que levariam a equipe às quartas-de-final da Copa dos Campeões. A equipe está praticamente definida, com a formação já antecipada na terça-feira.
O trabalho de ontem durou pouco mais de 45 minutos, e foi todo ele baseado na defesa. Tanto em cobranças de falta como em escanteios, o trio de defensores (Gustavo, Rogério Correa e Sílvio Criciúma) era exigido, e saiu-se bem. O recém-chegado Sílvio mostrou muita segurança nas bolas altas, e conversou bastante com seus novos companheiros, talvez tentando acelerar o processo de entrosamento. Mas essa era apenas a primeira parte do treino.
Riva queria que os jogadores titulares recuperassem a bola e saíssem em velocidade. Nisso, os encarregados são Rodrigo e Dagoberto, que serão os articuladores da equipe – apesar de Dagoberto ainda não estar certo de que vai jogar. “Tenho que esperar e ver o que o treinador vai decidir”, disse, ressabiado. Ele transitava mais pelo meio do campo, enquanto Rodrigo fazia as vezes de ponta, abrindo ora para a esquerda, ora para a direita.
Nisso reside um dos detalhes principais do Atlético para esta partida. A saída de jogo rápida não significa o avanço descontrolado dos jogadores. Pelo posicionamento de Rodrigo, apenas um dos laterais sobe para o apoio – se o armador cair pela direita, Fabiano avança; se for pela esquerda, Luisinho Netto é quem apóia. A idéia é povoar mais todos os espaços, contando para isso com a movimentação constante de Kléber e Alex, que serão novamente os atacantes.
O treino foi tão proveitoso que o treinador atleticano preferiu cancelar o trabalho da tarde. Para Riva, a equipe está voltando a se entrosar. “Eu sinto que os jogadores estão se entendendo de novo. É uma coisa que se adquire com o tempo, e seria difícil exigir muito deles agora, mas acredito que no sábado vamos mostrar muito mais do que apresentamos nos outros dois jogos”, finalizou. (CT)
Equipe de trabalho está completa em Fortaleza
Fortaleza – Estão quase todos aqui. A comissão técnica do Atlético, que é parte de um ambicioso projeto de comando de um time de futebol, está quase toda ela reunida no Ceará. Ficou em Curitiba apenas Nílson Borges, que está trabalhando com os jogadores que não seguiram para a Copa dos Campeões. De resto, o preparador de goleiros Ricardo Pinto, o fisicultor Eudes Pedro e os auxiliares Vinícius Eutrópio e Maurílio Evaristo estão ao lado do técnico Riva, o comandante deste ?batalhão?.
No momento, os mais ligados ao técnico (por motivos óbvios) são Eutrópio e Evaristo, que são os assessores técnicos de Riva. São eles que estão no gramado conversando antes do treino, que analisam os adversários, que comandam trabalhos específicos -apesar de muito do que eles planejaram ter ficado em segundo plano. “Tínhamos uma planificação para ser executada, mas o futebol brasileiro não dá tempo. Tivemos que mudar um pouco o pensamento para trabalhar antes e durante a Copa dos Campeões”, comenta Vinícius Eutrópio.
Ele é o ?responsável? pela defesa, participando inclusive de treinos – como o de ontem, quando orientava dentro de campo (e jogando) os zagueiros reservas. Vinícius jogou mais de quinze anos, e quando encerrou a carreira na Internacional de Limeira aceitou o convite de Artur Neto para ser auxiliar técnico do Atlético, no início de 2000. Artur pouco ficou, mas Vinícius ganhou espaço e chegou a ser o coordenador das categorias de base do clube.
Seu companheiro é tranqüilo, mas se transforma dentro de campo. Maurílio Evaristo (o Lio) é
?cria? do União Bandeirante, onde trabalhou em diversas categorias (até como técnico do time principal, em 1996). Depois ele passou pelo PSTC e foi contratado ano passado para ser o técnico da equipe júnior do Atlético – sendo campeão da Copa Tribuna e do estadual da categoria ano passado.
Eles conversam bastante com Riva, até porque eles também acompanham de perto os treinos – além de serem responsáveis pela observação dos adversários. E, como em qualquer grupo de trabalho de mais de duas pessoas, às vezes as opiniões são divergentes. “Claro que isso acontece, porque cada um tem seu ponto de vista. Mas nosso intuito é sempre que possível chegar ao consenso do que é melhor para o Atlético”, explica Vinícius Eutrópio.