São Paulo – Bela, rica, famosa e competente; a loirinha russa de 17 anos Maria Sharapova é mesmo muito esperta. Em sete finais disputadas – cinco só este ano – ganhou todas. E agora na decisão do masters feminino – o WTA Championship – em Los Angeles comprovou ser uma vencedora. Ganhou, de virada, uma partida em que sempre esteve em desvantagem, ao marcar 2/6, 6/4 e 6/4, na norte-americana Serena Williams.

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Levou como prêmio um cheque de US$ 1 milhão, subiu para a 4.ª colocação do ranking mundial e ainda doou um carro -que recebeu de presente – avaliado em US$ 56 mil para vítimas do atentado terrorista na Escola Beslan, na Ossétia do Norte, em que morreram mais de 300 pessoas.

"Não posso pedir por nada melhor na minha carreira este ano", disse Sharapova, logo após a vitória sobre Serena. "Fiz uma temporada extraordinária." A vida da adolescente originária da região da Sibéria é mesmo contada em capítulos extraordinários, exatamente como foi este seu ano nas quadras.

Começou a jogar aos quatro; aos seis participou de uma exibição em Moscou com Martina Navratilova. Já aos nove anos viajou para Bradenton, na Flórida, onde foi deixada na academia de Nick Bolletieri, o que a obrigou a uma separação de dois anos de sua mãe por restrições a visto de entrada nos EUA e questões financeiras. Passou privações, era hostilizada pelas companheiras, e por provações.

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Por tudo isso, o ano de 2004 vai mesmo ficar em um lugar especial de sua memória. Em julho, deixou o mundo perplexo, ao conquistar o título de Wimbledon. A menina esguia, aparência frágil e inocente, tinha derrotado justamente a poderosa Serena Williams.

A batalha repetiu-se agora em Los Angeles. Sharapova esteve em desvantagem perigosa em todo o jogo. Mas sua estrela brilhou mais forte, enquanto Serena sofria com uma lesão no abdômen provocada pela imensa força que gera na hora de sacar.

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"Percebi que Serena não estava mais conseguindo a sacar com a mesma velocidade, do meio do segundo set para a frente", contou Sharapova. "Seus golpes, porém, continuavam com a mesma força e precisei lutar muito para vencer este jogo." Com problemas físicos já quase crônicos, Serena – que operou o joelho esquerdo – sentiu fortes dores no abdômen. Precisou ser atendida por cinco minutos, usou uma proteção na região e compressas de gelo nos intervalos dos games. Não conseguiu, porém, evitar a derrota.

Em plena forma, entre sorrisos, poses para fotos e os aplausos de mais de 11 mil pessoas na Staples Arena, Sharapova revela-se na sensação do tênis atual. Sem querer seguir os passos de outra beldade russa, como Anna Kournkova, Maria vence jogos, torneios e também assina contratos publicitários.

Recentemente firmou com uma indústria de câmeras fotográficas. É um diamante tão valioso que seus agentes não a deixam sozinha nem mesmo nas entrevistas coletivas. Tentam filtrar as perguntas e conduzir as respostas. A situação está tão delicada que os órgãos diretivos do tênis planejam proibir o acesso de agentes às áreas de mídia no próximo ano.