Londres (AE) – O tênis feminino tem uma nova rainha: Maria Sharapova coroada com todas as honras na conquista do título do mais tradicional e venerável torneio do planeta, em Wimbledon. Bela e talentosa, por nenhum momento a adolescente russa, de 17 anos, nascida na Sibéria, mostrou-se nervosa ou hesitou diante da ex-número 1 do mundo, a norte-americana Serena Williams, que vinha de dois troféus seguidos no All England Club. Com um jogo encantador, uma técnica invejável, numa mistura de plástica e eficiência, ganhou sem deixar dúvidas ao marcar 6/1 e 6/4, em 1h12 de uma exibição que mereceu longos e efusivos aplausos da torcida.
‘Parece ainda irreal, mas ganhei o título do torneio que mais gosto’, disse com um longo a largo sorriso.
A chegada Maria Sharapova deu um novo tom ao tênis feminino. Há tempos não se via uma final de tanta repercussão, e a enorme curiosidade que esta nova beldade russa desperta. Sua vida é mesmo repleta de histórias interessantes, mas por nenhum momento desvia-se do seu objetivo, o de jogar bem, ganhar e transformar-se em número 1 do mundo. Por isso, já dá de ombros quando insistem nas comperações com Anna Kournikova. Afinal, já ostenta a marca de primeira russa a ser campeã em Wimbledon.
?É claro que quero aparecer bem na quadra. Mas por nenhum momento me preocupo em estar sexy?, contou Sharapova. ?Pra mim as experiências como modelo, são uma distração?, explicou a campeã de Wimbledon que em novembro assinou contrato com a IMG Models.
A sua mistura de talento e sex appeal deu a química perfeita para coroar Sharapova em Wimbledon. Seu jeitinho de adolescente e a sua naturalidade encantaram os ingleses. Na comemoração do título quebrou o protocolo do All England Club e subiu as arquibancadas para abraçar e beijar seu pai Yuri, que estava ao lado de seus treinadores Robert Lansdorf e Maurício Hadad no players box.
Uma atitude parecida com esta em 1987, com o australiano Pat Cash escalando as arquibancadas para comemorar o título com seus amigos, foi considerada uma ofensa ao membros da família real no Royal Box. Mas hoje, Sharapova era a rainha e podia fazer o que quisesse.
Outra atitude de graça e naturalidade foi a de pegar um celular e tentar falar com sua mãe, Yelena, que vive na Flórida. Não conseguiu completar a ligação, ficou envergonhada com os risinhos que causou e guardou o telefone. Depois explicou. ?Queria falar com minha mãe que não veio me ver jogar?. Acontece que por superstição, Sharapova pediu para mãe ficar em casa. ?Como ela não tinha visto os outros seis jogos que venci, achei melhor que não viesse para a final.?
Aliás, durante sua concorrida entevista coletiva, o único momento em que abandonou o sorriso foi quando perguntaram se tinha alguma mágoa de seus pais por a terem forçado a muitos sacrifícios. ?De maneira alguma?, disse de forma meio ríspida e com ar sério. ?Devo muito a meus pais.?
Aço
Os traços finos, o sorriso suave disfarçam uma vida de sacrifícios de Maria Sharapova. Com apenas quatro anos começou a jogar tênis. Aos seis participou de uma exibição em Moscou, que contou até com a presença de Martina Navratilova. Aos 9 anos, a mais sofrida e dura decisão. Seus pais a mandaram para um período de treinamentos na academia de Nick Bollettieri, o que implicou em dois anos de separação da família. Foi deixada como uma criança no degrau da porta de uma casa para que tivesse a oportunidade de uma vida melhor. Para quem tinha, certa vez, fugido de Chernobyl, esta parecia ser apenas mais uma aventura.
?Maria Sharapova é bonita, mas é dura como aço?, disse Nick Bollettieri em uma entrevista ao jornal Daily Telegraph, de Londres. ?Quer ser a número 1 do mundo. E para conseguir atingir seu objetivo não vai deixar ninguém atrapalhar o seu caminho.?
Sua vida já chegou ao estágio das glórias. Só pelo título de Wimbledon faturou cerca de US$ 1 milhão, praticamente o dobro do que havia acumulado desde que se tornou profissional em 2002.
Bonita e milionária é mais do que uma sensação. Mas para desesperos de fãs parece já ter alguém especial no coração. Nos agradecimentos ainda na quadra central quis fazer um para alguém que não quis revelar o nome. Durante todo o torneio, ficou hospedada no Village Wimbledon, uma região próxima ao clube, em que muitas pessoas alugam suas casas. À noite sempre saia para jantar acompanhada deste seu companheiro secreto.
Só que para alcançar seu objetivo não se larga aos prazeres. Confessa que dinheiro não é o mais importante, embora goste de dirigir belos carros. Há seis meses também iniciou um período de treinamentos físicos que transformam o seu corpo. ?Fiquei em condições de aguentar duas semanas de um torneio de Grand Slam?.
E determinada naquilo que faz mostrou o nivel de profissionalismo, quando perguntaram qual era a sua sobremesa preferida. ?Nenhuma?, respondeu a bela mulher de 1 83 metro e 59 quilos.