Sem TV e sem valor

Dificilmente o torcedor paranaense verá pela televisão, ao vivo, os jogos do Campeonato Paranaense de 2006. Até o final da tarde de ontem, a única rede que demonstrava um pouco de interesse no estadual era a Band Curitiba, afiliada da Rede Bandeirantes. ?Iniciamos uma conversa com a Federação Paranaense de Futebol (FPF) e os clubes. Mas dependemos ainda de São Paulo, a cabeça da rede, para que possamos ter uma definição sobre o assunto?, disse Joel Malucelli, presidente do Grupo J. Malucelli, que comanda ainda a TV Bandeirantes, em Curitiba, e a TV Icaraí, em Maringá, entre outras 24 empresas.

Mesmo manifestando a possibilidade de transmitir pela primeira vez o campeonato, o empresário indicava desapontamento com os contatos iniciais. ?Os clubes do interior não querem assumir um contrato de risco através do pay-per-view (sistema pague-para-ver). Eles consideraram pequeno o percentual proposto, cerca de 3,5%?, disse Malucelli. Os três clubes da capital – Atlético, Coritiba e Paraná, receberiam em torno dos 16%. Se o valor girasse em torno de R$ 1 milhão, os clubes do interior teriam direito a R$ 16 mil cada. O trio-de-ferro ficaria com R$ 160 mil.

O próprio empresário diz que ?ninguém sabe ao certo quanto vale o Campeonato Paranaense?. ?Não temos um valor. Outro dia, numa reunião, achei interessante a proposta do presidente do Coritiba – Giovani Gionédis – e ?em não se cobrar nada pela transmissão de um campeonato, para então sabermos qual seria o faturamento real do estadual?.

Porém, pelo tom apresentado por Malucelli, o torcedor terá mesmo que se contentar em acompanhar os jogos do estadual nos estádios, ou ainda pelo rádio. ?É uma pena, e uma vergonha que não tenhamos as partidas do Paranaense transmitidas. Os campeonatos Paulista e Gaúcho por exemplo, já estão sendo anunciados em seus estados?, afirmou.

Uma não quer, outra ainda não sabe

O Campeonato Paranaense de futebol estava sendo televisionado pela Rede Paranaense de Comunicação – RPC, afiliada à Rede Globo. Foi assim em quatro dos últimos cinco estaduais. Neste ano a RPC chegou a dividir a transmissão de alguns jogos com a TV Educativa, que pertence ao governo do Paraná. O Paranaense de 2005 custou algo em torno do R$ 1,5 milhão, sendo que a televisão privada teria custeado R$ 1 milhão – R$ 500 mil em dinheiro aos clubes, e a outra metade em retorno publicitário. A Educativa teria entrado com outros R$ 500 mil, divididos em duas cotas – R$ 300 mil em dinheiro, e o restante em retorno publicitário.

Segundo o jornalista Gil Rocha, chefe do núcleo de esportes da RPC, ?para o próximo ano a empresa ainda não fez nenhuma proposta para o televisionamento do estadual. ?2006 será um ano diferente, pois além da Copa do Mundo teremos também as eleições. Mas é a direção da TV que decidirá ?, disse o jornalista.

A Central Nacional de Televisão, a CNT, poderia entrar na disputa pelo estadual. Mas o assunto é totalmente descartado na empresa. ?Não faço negócio com eles. Fomos deixados na mão neste ano?, esbravejou o radialista e apresentador Fernando Gomes, chefe da editoria de esportes da CNT.

A bronca diz respeito à proposta encaminhada aos clubes e a Federação Paranaense de Futebol (FPF) para mostrar os jogos deste ano. ?Tínhamos negociado e conseguido um bom patrocinador, que pagaria até mais que o valor fechado depois. Assim mesmo os clubes voltaram atrás e preferiram a outra proposta (da RPC)?, disse Fernando Gomes.

Em novembro uma comitiva de dirigentes dos clubes e da FPF buscaram o governo do Estado para negociar a transmissão dos jogos pela Educativa. Mas não houve retorno da Secretaria de Comunicação Social. (JTJ)

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