A temporada 2016/2017 da NBA foi a pior dos últimos anos para os brasileiros. Menos tempo de quadra, menor protagonismo em suas equipes e até algumas dispensas precoces – nos casos de Marcelinho Huertas e Anderson Varejão – marcaram um campeonato para os jogadores do País esquecerem. A exceção era Nenê, em grande fase no Houston Rockets, mas uma lesão muscular encerrou antes da hora sua trajetória.
Sem Nenê, o Rockets foi eliminado pelo Spurs nos playoffs da Conferência Oeste, o que deixa o Brasil sem representantes na final da NBA pela primeira vez desde 2011/2012. De lá para cá, Tiago Splitter (em 2012/2013 e 2013/2014), Leandrinho e Anderson Varejão (ambos em 2014/2015 e 2015/2016) representaram o País nas partidas decisivas da liga.
Parte do motivo deste momento brasileiro está na troca de gerações. Varejão, Leandrinho, Splitter, Nenê e Huertas têm mais de 30 anos e estão na fase final de suas carreiras. Por outro lado, Raulzinho, Bruno Caboclo, Lucas Bebê e Cristiano Felício, todos com menos de 25, ainda não mostraram potencial suficiente para fazer diferença em suas equipes.
“Eu sempre falo que o mais difícil na NBA não é chegar, e sim continuar na liga. É muita competição, cada dia aparece um jogador novo querendo tirar o seu espaço. Mas nossos jogadores brasileiros com certeza vão encontrar espaço na liga no ano que vem. Nosso basquete tem muita qualidade e os brasileiros vão se adaptar às situações e passar por qualquer dificuldade”, garante Splitter, em entrevista ao Estado.
Ele próprio viveu temporada para esquecer em 2016/2017. Depois de cinco anos de sucesso no San Antonio Spurs, com direito a título em 2013/2014, o pivô foi para o Atlanta Hawks, pelo qual sofreu uma grave lesão no quadril. Foram 14 meses sem jogar até o retorno no fim deste campeonato, já com a camisa do Philadelphia 76ers, no qual teve poucos minutos em quadra. Sem contrato para a temporada 2017/2018, ele espera alguma proposta para se manter na liga.
“Não foi um processo normal, mas agradeço por tudo o que acontece na minha carreira. Foi uma mudança boa pra mim, não estava tendo oportunidade de jogar com o Hawks e o Sixers me deu isso. É um time novo e com certeza vai jogar melhor ainda ano que vem”, considera. “Ainda não sei o que vai acontecer nas férias. Vou sentar com meus representantes em julho e avaliar a melhor opção. O Sixers com certeza seria uma boa, pelo futuro que tem.”
Como Splitter, Huertas e Varejão têm futuro incerto na NBA. O armador teve poucas oportunidades no Los Angeles Lakers, foi trocado para o Houston Rockets e imediatamente dispensado. Já o pivô praticamente não atuou com Golden State Warriors e também teve o contrato rescindido. Leandrinho, no Phoenix Suns, e Raulzinho, no Utah Jazz, seguem sob vínculo com as equipes, mas com minutos reduzidos.
Nenê é a grande exceção e, aos 34 anos, viveu grande temporada. Por mais que seu contrato com o Rockets tenha terminado, se valorizou e deve seguir na liga. Bruno Caboclo e Lucas Bebê terminaram o campeonato em baixa no Toronto Raptors, praticamente sem atuar. Já Cristiano Felício continua buscando seu espaço e chegou a ter bons momentos com o Chicago Bulls.
E o ala/pivô do Bulls não escondeu a chateação com o momento de seus colegas de seleção brasileira na NBA. “Eu mantenho contato com os meninos com quem joguei nas categorias de base da seleção, que são o Raulzinho e o Lucas Bebê, e também falo com o Leandrinho. É triste para nós (brasileiros), porque ter representantes na NBA faz com que o basquete no Brasil cresça”, disse Felício ao Estado.
Não bastasse a incerteza quanto ao futuro na liga, a queda dos brasileiros se traduz em números. Dos nove que iniciaram a temporada na NBA, sete tiveram queda nas médias de pontos e de minutos em quadra em relação ao ano passado: Splitter, Leandrinho, Varejão, Huertas, Raulzinho, Caboclo e Nenê. Somente as promessas Felício e Bebê, que chegaram a ter chances como titulares de suas equipes, evoluíram nas estatísticas.