Um dos esportes que mais chamam a atenção do público nos Jogos Olímpicos de Inverno e, aparentemente, mais fáceis de serem praticados no Brasil, o curling nunca teve representantes do País na competição. Dentre os motivos estão a ausência de pistas de gelo e a própria seletiva, que reserva apenas duas vagas para as Américas – que devem ser disputadas com o Canadá, potência na modalidade, e Estados Unidos. Mas o Brasil já tem um número razoável de atletas de curling, um campeonato brasileiro da modalidade e até mesmo o projeto para a construção de arena própria.
Por ora, a arena brasileira de curling ainda está na fase mais difícil: a de captação de parceiros para viabilizar o projeto. “Estamos muito focados em realizar este sonho. Ainda não é possível dizer uma data específica, mas temos total interesse que este projeto se configure”, disse Tiago Wisnevski, gerente de Projetos da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG). “Ter uma arena de curling no Brasil seria um gigantesco passo para o esporte no País, pois aumentaria nosso número de atletas e nos tornaria mais competitivos”.
A CBDG não divulga valores, alegando que tudo depende do tamanho do empreendimento, do número de pistas e do modo como o projeto seria viabilizado. O que é certo é que demandaria um gasto considerável com energia elétrica, pois é necessário manter as pistas constantemente refrigeradas.
Apesar de aparentemente prosaico, o equipamento para a disputa também não é exatamente barato. Um conjunto com 16 pedras de curling custa aproximadamente US$ 20 mil (R$ 64,7 mil), já que o material utilizado é bem específico: as pedras de granito usadas nas principais competições são retiradas, por tradição, de uma pequena ilha escocesa. O atleta, por sua vez, precisa desembolsar US$ 150 (R$ 485) para adquirir a famosa vassourinha e outros US$ 130 (R$ 420) por um calçado com sola de teflon, próprio para a pista.
TIPO EXPORTAÇÃO – Enquanto não consegue viabilizar a modalidade no Brasil, a CBDG organiza o Campeonato Brasileiro da modalidade no Canadá, onde mora a maioria dos praticantes. “A CBDG possui 43 atletas cadastrados que atualmente jogam curling em bom rendimento”, contou Tiago Wisnevski. “O interesse do brasileiro é muito grande. Todas as clínicas que fizemos no exterior contaram com aproximadamente 150 brasileiros interessados em jogar”.
Mesmo que o País ainda esteja longe de conseguir mandar um time para campeonatos mundiais ou Jogos de Inverno, a CBDG já comemora a participação em competições para duplas, formadas por uma mulher e um homem. “Nas duplas estamos ano a ano participando dos Mundiais, e é possível observar uma crescente melhora nas equipes brasileiras”, ponderou o dirigente.
Tiago Wisnevski lembra ainda que a disputa em duplas é propícia para desenvolver o esporte no Brasil. O argumento é que se trata de um esporte que permite a participação de atletas “mais longevos”, o que facilita, por exemplo, que as duplas sejam formadas por pais e filhos, transformando o esporte em uma prática de família.