A diferença de 64 pontos no placar da partida disputada na última terça-feira – 100 a 36 – evidenciou o abismo existente entre o Flamengo e o Niterói Basquete. Mas, neste jogo válido pelo Campeonato Estadual do Rio de Janeiro, os dois lados são vencedores. O adversário do poderoso time rubro-negro, que tem orçamento superior aos R$ 6 milhões por temporada, está em quadra pelo amor ao basquete e por acreditar em um projeto idealizado em 2013. Todos têm um passado no esporte, mas ninguém recebe salário. Ainda. É um sonho que está se tornando realidade e que todos esperam não acordar antes de o clube chegar ao cenário nacional.

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O mentor da empreitada é Thiago Brani, presidente e atleta, além de dar aulas de Educação Física. O ala/armador de 24 anos não é exceção no time. É regra. O único que atualmente se dedica integralmente ao basquete, mesmo sem receber, é Gabriel, 25 anos, que é graduado em marketing, mas havia voltado ao esporte na última Liga Ouro, divisão de acesso ao Novo Basquete Brasil, o NBB, pelo Brasília Búfalos.

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Apesar de ainda ser considerado uma equipe amadora, o Niterói Basquete conta com diversos profissionais em diferentes áreas, incluindo até mesmo um responsável pelas redes sociais. O que falta é ter dinheiro para remunerar todos eles. “Não é uma reunião de amigos. Existe um pensamento para o longo prazo. Todos estão trabalhando para tornar o projeto uma realidade”, explica Thiago.

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A organização, segundo o dirigente-atleta, foi fundamental para conseguir atrair interessados em dar pelo menos o aporte financeiro necessário, na casa dos R$ 30 mil, para o pagamento das taxas de inscrição da Federação de Basquete do Estado do Rio de Janeiro e participar do torneio Estadual ao lado de Flamengo, Vasco e Botafogo, todos times que disputam o NBB.

O Niterói conta com apoio da Honda Hayasa, da Rioport Seguros, que tem como um dos seus sócios o ala Higor e da MR Assessoria de condomínios. Uma parceria com o Colégio La Salle Abel ajudou na questão de infraestrutura. A equipe atua no ginásio do Centro Esportivo da entidade.

“Hoje ninguém recebe nada porque realmente não temos condições de pagar”, afirma Thiago, que não deixa de acreditar no futuro do Niterói Basquete. O desejo é chegar um dia no NBB. O caminho, claro, é longo. “É uma coisa que penso para daqui quatro anos. Não podemos antecipar etapas desse time. Queremos dar passos firmes, mesmo que curtos.”

A confiança do presidente-atleta é compartilhada por outros integrantes da equipe carioca. Bernardo Spindola, de 26 anos, que, fora da quadra, é consultor de gestão de risco, espera que o Estadual seja apenas o início da caminhada. “Seria muito bom para Niterói ter um representante na elite nacional do basquete. O esporte no Rio precisa de iniciativa como essa”, afirmou o ala, que chegou a jogar duas edições da Liga de Desenvolvimento do NBB pelo Tijuca e um ano no Vasco.