Sem pressão, marcha atlética pode render medalhas ao Brasil na Olimpíada do Rio

Colocar Fabiana Murer, do salto com vara, como esperança de medalha nos Jogos Olímpicos já virou lugar-comum. A expectativa sobre a atleta aumenta à medida que seu desempenho contrasta com os fracos resultados do atletismo brasileiro nas competições internacionais. Mas a pressão no Rio tem tudo para ser dividida com dois talentos da marcha atlética: Caio Bonfim e Erica Sena.

“A gente não sofre a mesma pressão que a Fabiana, pois todo mundo acha que ela tem obrigação de ganhar. O Brasil é muito mal-agradecido a ela. A gente tem mais esperança do que expectativa, o que é uma coisa muito mais positiva. Talvez a gente possa dividir essa responsabilidade com a Fabiana, um vai ajudando o outro”, afirmou Caio.

Técnico especialista em marcha atlética, João Cesar Sendeski fica satisfeito com a projeção alcançada pela especialidade. “O Brasil hoje é uma das grandes potências da modalidade e isso muito nos agrada. Nos sentimos muito orgulhosos de ver que a sementinha que plantamos há mais de 20 anos está dando bons frutos, tanto no masculino quanto no feminino”.

E ele aponta “grandes possibilidades” de pódio nos Jogos Olímpicos. “Estou muito confiante de que podemos ter a oportunidade de dar ao povo brasileiro uma medalha nessa prova tão solitária, porém solidária”.

Sendeski ajudou a transformar Blumenau, em Santa Catarina, em um dos centros nacionais da marcha atlética. São Paulo, Recife e Brasília também são apontados pelo treinador como outros polos da modalidade. “No Sul, qualquer criança faz a prova de marcha atlética e não vai ser molestada na rua por algum desinformado dizendo que ela está rebolando”, explicou.

Na marcha, o movimento do quadril ganha notoriedade porque é preciso manter uma das pernas esticadas, sem dobrar os joelhos. Além disso, o atleta não deve tirar os dois pés do chão ao mesmo tempo e os braços dão impulso para o ritmo das passadas. Correr? Nem pensar.

Em busca de respeito dentro e fora do atletismo, a marcha atlética pode usar a visibilidade da Olimpíada para colocar fim à intolerância. “Preconceito está na cabeça do adulto mal informado. A realização dos Jogos Olímpicos vai mostrar inúmeras modalidades desconhecidas. É o que precisamos”, disse Sendeski.

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