De mãos atadas, a Fifa não avança nas investigações em relação ao presidente da CBF, Marco Polo del Nero, e o cartola dificilmente será banido do futebol enquanto permanecer no Brasil sem uma ação da Justiça local.

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Del Nero foi indiciado pela Justiça dos EUA, em dezembro de 2015, acusado de corrupção. Dias depois, a entidade máxima do futebol anunciou que havia aberto uma investigação contra o brasileiro para determinar uma eventual expulsão do esporte. Na prática, uma decisão nesse sentido o obrigaria a deixar a CBF.

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Mas, sem sair do Brasil, Del Nero evitou ser preso, como ocorreu com José Maria Marin. Para completar, uma juíza no Rio de Janeiro impediu qualquer colaboração entre o Ministério Público no Brasil e os procuradores nos EUA.

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Ainda assim, a Fifa considerava que poderia reunir documentos que justificassem uma suspensão do futebol, o que exigiria que ele deixasse o poder na CBF. Em agosto de 2016, o Estado revelou que a Fifa tinha a esperança de concluir as investigações e tomar uma decisão até o final daquele ano.

Mas o que recebeu como documentação foi considerado como insuficiente para determinar sua suspensão do futebol. A entidade foi munida pelo trabalho realizado pela CPI do Futebol, no Senado, um informe alternativo preparado pelo senador Romário e outros documentos. Ainda que tenham sido considerados como elementos “fortes”, eles seriam suficientes apenas para abrir um inquérito. Mas não ainda para realizar uma condenação.

Nem mesmo o indiciamento nos EUA foi considerado como uma peça que poderia garantir sua punição. Isso por conta das exigências legais e da consideração de que um indiciamento não determina culpabilidade.

Para que um caso avance na Fifa, existem agora três opções: a primeira seria de que novas evidências cheguem à entidade em Zurique. A segunda possibilidade é de que, no Brasil, o Ministério Público finalmente avance em relação às investigações contra a CBF. Em maio de 2015, o MP informou que um procedimento havia sido aberto. Mas o colocou em “sigilo absoluto”. Quase dois anos depois, nenhum resultado foi apresentado.

Por fim, ainda que praticamente excluído, a Fifa agiria se Del Nero viajasse ao exterior e fosse preso e extraditado aos EUA, exatamente o cenário que afetou Marin. O princípio usado no caso do ex-presidente da CBF é de que, com uma prisão, fica claro que não apenas existe um indiciamento, mas também uma avaliação por um segundo país de que as provas são suficientes para justificar uma detenção.

PODER – Enquanto esses cenários não ocorrerem, Del Nero deverá se manter como presidente da CBF e fora de qualquer ameaça dentro da Fifa. A própria presença do presidente da entidade, Gianni Infantino, na sede da CBF, em agosto do ano passado, causou mal-estar entre certos setores dentro da Fifa.

Mas Infantino, que foi amplamente apoiado pela Conmebol em sua eleição, não demorou para retribuir a aliança com a região. Ao novo presidente da entidade sul-americana, ele deu dois cargos de grande influência dentro da estrutura de poder da Fifa: a presidência do Comitê de Finanças e a vice-presidência do Sub-Comitê de Compensações, que determina os salários de todos os cartolas. Nesses cargos foi colocado Alejandro Domingues, presidente da Conmebol e aliado de Infantino.

A entidade sul-americana, apesar de ter seus três últimos presidentes detidos por corrupção, já conseguiu também voltar a receber recursos da Fifa, na esperança de que faria uma reforma.

Não por acaso, em janeiro, a Conmebol foi a primeira a declarar seu apoio ao projeto do presidente da Fifa de ampliar a Copa do Mundo de 32 para 48 seleções.