O fim do patrocínio dos Correios obrigou a Confederação Brasileira de Tênis (CBT) a encerrar contratos e finalizar projetos, mas não deve abalar o equilíbrio nas contas da entidade, garante o presidente Rafael Westrupp. O vínculo com a estatal se encerrou em novembro e não foi renovado, o que abriu uma lacuna de R$ 2 milhões anuais no orçamento da entidade esportiva.
“Todos os contratos de prestadores de serviços, projetos sociais, entre outros, que tinham seus prazos de vigência concomitantes com a vigência do contrato de patrocínios dos Correios já foram descontinuados”, afirmou Westrupp ao Estado. “Ou seja, a redução de despesas da CBT já foi automática quando do encerramento do contrato dos Correios.”
Trata-se do segundo revés que a CBT e o próprio presidente sofrem em relação aos Correios. Logo após assumir o comando da entidade, no início de 2017, Westrupp precisou reorganizar as contas da confederação em razão da queda de 78% do valor que a estatal passou a pagar: caiu de R$ 9 milhões em 2016 para R$ 2 milhões no ano seguinte.
“É importante registrar que a CBT encerrou o exercício de 2018 com um superávit de R$ 900 mil. A CBT não tem nenhum título protestado em cartório, tem todas as CNDs [Certidão Negativa de Débitos] em dia e o certificado digital do Ministério do Esporte válido até abril. E nunca teve inscrita no CADIN [Cadastro Informativo de créditos, do Banco Central]e nem no CEPIM [Cadastro de Entidades Privadas Sem Fins Lucrativos Impedidas].”
O presidente garantiu que a perda do patrocínio não afetará todos os projetos da CBT. Sem dar detalhes, assegurou que manterá investimentos no alto rendimento e também na base. Um dos projetos que será mantido será o apoio a jovens tenistas que treinam na academia BTT, em Barcelona, caso de Orlando Luz e Felipe Meligeni. Atualmente, a CBT paga boa parte das despesas da dupla na cidade espanhola.
“É lógico que, para o tamanho de uma Confederação, perder uma receita de R$ 2 milhões causa um impacto significativo. Mas já sofremos com um corte mais profundo logo que assumi a entidade e encontramos soluções gerenciais capazes de manter o equilíbrio financeiro da CBT, e ainda seguir investindo em programas pioneiros”, declarou Westrupp. “Estamos saudáveis financeiramente e no mercado buscando novos patrocínios.”
O presidente ainda não descartou a renovação com os Correios. Segundo ele, a CBT não recebeu resposta definitiva da estatal, que passa por mudanças em sua gestão – o general Juarez Aparecido de Paula Cunha assumiu a presidência em novembro do ano passado, ainda no governo de Michel Temer.
“Em meados de 2018 tivemos reuniões e diversas conversas com a equipe do departamento de marketing dos Correios para tratar da nossa renovação de patrocínio. O contrato venceu em novembro e ainda não tivemos uma resposta em definitivo”, afirmou o dirigente. “Entendo que o momento é geral, não é pontual da CBT. Várias confederações também estão passando por essa dificuldade.”
Sem o apoio dos Correios, que era o principal patrocinador da entidade esportiva, a CBT conta agora como maior fonte de recursos o repasse de cerca de R$ 2,3 milhões anuais do Comitê Olímpico do Brasil (COB), através da Lei Agnelo/Piva. A CBT tem ainda os patrocínios da Peugeot, Wilson, Companion e Quicksand.
Com o fim do contrato, a CBT já parou de exibir a marca da estatal no uniforme dos jogadores e também em placas publicitárias, como as que vão cercar a quadra de saibro montada no Ginásio do Sabiazinho, em Uberlândia (MG), que receberá nesta sexta e sábado o duelo entre Brasil e Bélgica, pela fase qualificatória da Copa Davis.
O próprio nome da equipe brasileira na competição sofreu mudança com o fim do patrocínio. Antes, era chamado de Time Correios Brasil. Agora será chamado apenas de Time Brasil.