Sem concorrente, Aurival aguarda eleição no Paraná

A bola está com Aurival Correia. A eleição que irá apontar o novo presidente do Paraná Clube só ocorre no próximo dia 7 de novembro. Mas, na condição de presidente em exercício, é ele quem dá as cartas no clube, há duas semanas. Com o afastamento de José Carlos de Miranda e na condição de 1.º vice, será sob sua direção que o Tricolor encerrará a participação neste Brasileiro. Um momento não apenas de turbulência interna como de extrema tensão no futebol, diante do risco de rebaixamento.

?Estamos todos focados no time. Essa é a nossa maior preocupação e por isso não falo sobre plano de ação para o futuro?, comentou Aurival Correia. Na condição de ?chefe-maior? do Paraná, foi responsável pela contratação de Saulo de Freitas, acatando a indicação do departamento de futebol. ?Confio no pessoal que gere o futebol. O Saulo é um ídolo da torcida, identificado com o clube e o treinador certo para esse momento delicado?, referendou Correia, apesar da estréia com derrota do Tigre da Vila.

Catarinense de Ibirama (mas em Curitiba desde 1950), Aurival Correia é empresário no ramo das espumas, estabelecido na capital paranaense desde 1985. Aos 59 anos, se diz preparado para encarar o grande desafio de comandar o Paraná Clube. Para isso, conta com o apoio

e a mobilização de todos os setores do clube. ?O que me motivou a aceitar essa indicação foi sentir que todos estão fechados em torno do meu nome. Isso me dá muita força para comandar o clube nos próximos anos?, comentou. A rigor, segmentos importantes do Paraná já foram geridos por Correia ao longo das últimas temporadas.

Torcedor do Ferroviário por origem, Aurival Correia é conselheiro do Paraná Clube desde a sua fundação, em dezembro de 1989. Só assumiu um cargo de comando no final da gestão de Enio Ribeiro, como vice de patrimônio. No ano seguinte, já sob a indicação de José Carlos de Miranda, acumulou três vice-presidências: patrimônio, administração e finanças. ?Isso me deu um conhecimento profundo do que é o Paraná. Hoje, conheço todos os detalhes, de todas as sedes e do que o clube precisa para seguir num processo de crescimento?, afirmou Correia. O futuro presidente no momento -ninguém acredita no surgimento de uma chapa de oposição – o que pode ocorrer até 72 horas antes do pleito, garante que hoje o Paraná tem uma situação financeira absolutamente estável. E sua participação foi direta neste ponto. Como vice financeiro e 1.º vice, nos últimos dois anos é visto como o grande responsável não apenas pelo saneamento financeiro, como pelo resgate da imagem do Tricolor. Nesses quase quatro anos, mais de noventa ações trabalhistas foram negociadas. ?Pagamos coisas do século passado?, lembra Aurival.

Segundo sua avaliação, o clube tem hoje apenas 13 ações em trâmite na Justiça, em fase recursal. ?O clube voltou a ser viável?, garante. Aurival Correia atuou também no resgate do crédito do Paraná, junto a instituições financeiras e fornecedores. ?Quando assumimos, o Paraná não tinha crédito para viajar e até mesmo se hospedar. Há mais de dois anos isso foi plenamente recuperado?, comentou. Um perfil que Aurival Correia garante que não sofrerá abalos futuros. ?Hoje, a nossa única dificuldade está dentro de campo. Mas, vamos virar esse jogo?, disparou.

Na sua plataforma para os próximos anos há pontos básicos onde pretende atuar. Desde a continuidade no processo de crescimento social do Paraná até a luta pela inclusão do Tricolor no Clube dos 13. Na questão envolvendo o futebol, sua proposta gira em torno da construção de um centro de treinamentos, da implementação de uma cobertura na curva norte do Durival Britto e também na recuperação total do gramado da Vila Capanema.

Negociações com Léo Rabelo estão sendo investigadas

Valquir Aureliano
Principal suspeita é quanto à transação de Thiago Neves, que hoje é um dos principais destaques do Brasileirão.

O presidente José Carlos de Miranda está sob investigação. Seu afastamento é creditado a ?motivos médicos?, mas há suspeita de ?erros? em transações realizadas pelo dirigente. Conselheiros estão analisando possíveis irregularidades, em especial no caso Thiago Neves, vendido aos empresários Léo Rabelo e Luiz Alberto Martins de Oliveira Filho. Circulam nos bastidores gravações ?suspeitas?, mas que não são consideradas provas, devido à sua origem duvidosa.

?É um assunto que vamos resolver internamente. E na hora certa?, disse o vice de futebol José Domingos, logo após a derrota para o Flamengo, no último sábado. O dirigente também garante que esse quadro nunca afetou e não afetará o time de futebol. ?Essa questão é política e não diz respeito ao momento difícil que vivemos no campeonato?, afirmou. ?Se hoje corremos esse risco, foi por erros na montagem do time e na definição do comando técnico?, reconhece Domingos.

O Conselho Deliberativo estaria investigando não apenas o caso Thiago Neves, mas todas as transações envolvendo o empresário Léo Rabelo, que também negociou Borges e Eltinho para o futebol japonês e Leonardo para o Flamengo. Na questão Thiago Neves, o jogador foi vendido aos empresários, que o cederam ao Vegalta Sendai, do Japão, mas o clube ficou com 20% de seus direitos econômicos. Miranda explicou para Paraná-Online que ?após ter micado, lá fora?, o meia retornou, mas não poderia permanecer no Paraná por questões salariais.

?Ele voltou ganhando muito acima do que nossa folha permitia. O emprestamos ao Fluminense por R$ 300 mil e, depois, vendemos os 20% restantes por um valor compatível com a realidade e que nos permitiu saldar dívidas, com a própria LA?, disse o dirigente. Ele credita essas ?especulações? ao momento do time, ameaçado pelo descenso. ?A crise faz com que se busquem culpados. Posso ter cometido erros, mas nunca agi de má-fé. Só que no futebol é assim, você vai de herói a vilão em um piscar de olhos?, disse Miranda, visivelmente abatido com a situação.

Há menos de um ano, o presidente fora ovacionado e ?carregado nos ombros? pela torcida, após a inédita classificação do Paraná Clube para a Libertadores da América. Hoje, politicamente enfraquecido, está afastado do comando e sob suspeita. Um fim de mandato melancólico.

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