Sem Carnaval, Coritiba treina para o jogo de volta

“Acabou nosso carnaval, ninguém ouve cantar canções…”. É verdade que ontem não foi a Quarta-feira de Cinzas imortalizada por Vinícius de Moraes e Carlos Lyra. Mas, para os do Coritiba, ontem já era dia normal, de treinos e preparação para o jogo de sábado contra o Londrina no Alto da Glória – último passo para chegar à final do campeonato paranaense. E, muito por isso, ninguém reclamou de treinar em pleno Carnaval.

O resumo do pensamento do Coritiba estava nas palavras do técnico Paulo Bonamigo. “Nós temos que deixar o Carnaval em segundo plano. Se formos pensar, estamos prestes a iniciar uma série de quatro jogos decisivos: contra o Londrina, na quarta seguinte contra o Ituano e os dois jogos da final do Paranaense, se passarmos. Por isso, não podemos pensar em dois dias de folia”, afirmou o treinador.

Para os jogadores, não se pode pensar em outra coisa -como diria a canção, “porque são tantas coisas azuis”, no caso o Tubarão. “Deixamos a festa um pouco de lado. Estamos muito perto de uma decisão, e a gente sabe o quanto é importante conquistar o título paranaense”, afirmou o volante – e agora capitão – Reginaldo Nascimento. “Para quê se divertir dois dias, se estamos jogando nossas próprias carreiras no que vem pela frente”, completou o meia Tcheco.

Colabora com isso a notória incapacidade de Curitiba para abrigar festas de tal ordem. Para completar, o clima – que oscilava do forte calor para as tormentas de verão. Isso fez com que os jogadores do Cori não tivessem muito o que fazer por aqui nos dias em que o país pára. “Só saí de casa para ir ao cinema”, confessou o goleiro Fernando.

Mesmo assim, há quem ficou ?virando noites? durante o Carnaval. “Eu passei as noites em claro cuidando da minha filha. Cansa mais que muito baile”, brincou Nascimento. Ele, assim como Tcheco e Fernando, não são muito afeitos à festa de Momo. “Eu me lembro que ia no grande salão do Pinheiros (hoje Paraná Clube) só para brincar com os meus amigos. Não pulava muito”, relembrou o curitibano Tcheco.

Mas há quem goste da festa, e mesmo assim ficou por aqui. É o caso do volante Roberto Brum, que tem – segundo ele – cadeira cativa na Beija-Flor de Nilópolis. “A minha fantasia está reservada todo ano, pelo bom relacionamento que tenho com a diretoria da escola”, explicou. Só que, pelo título, o “Senador” preferiu não viajar. “E não fui só eu que pensei assim. Geralmente quando passa um carnaval, a gente só ouve falar de festas e coisas assim. Este ano, só falamos de descanso. A grande dúvida era saber quem descansou mais no elenco”, contou.

Sim, porque ainda é preciso cantar. E isso, no Coritiba, significa conquistar o primeiro título do futebol profissional em quatro anos. A festa que todos tiveram que deixar agora pode acontecer, desde que a taça chegue ao Alto da Glória. “Se formos campeões, aí vamos comemorar bastante, cantar muito, fazer a festa”, finalizou Reginaldo Nascimento.

Leandro, reforço para a lateral

Ele chegou sem muito alarde – até porque não houve sequer uma apresentação formal. Mas o lateral-esquerdo Leandro, de 23 anos, torna-se agora uma das opções importantes para o técnico Paulo Bonamigo. Mesmo sem poder jogar o campeonato paranaense (porque já o disputou pelo Malutrom), o jogador tem como certa a utilização na Copa do Brasil. E o treinador tem outros planos para ele.

Leandro, natural de Santo André, ganha agora a principal chance da carreira, que se iniciou em 1993, nas divisões de base do Corinthians. De lá ele seguiu para vários clubes pequenos do interior paulista até ser contratado pela Portuguesa. Só que a experiência não foi boa, assim como as seguintes. “Daí fui mandado para a Europa, mas as coisas não deram certo. Depois fui parar na Colômbia”, contou, sem entrar em muitos detalhes.

Apenas ao ser contratado pelo Malutrom (que tem contrato com ele até o final do ano que vem), no início do ano, Leandro vislumbrou um novo caminho. De meio-campista, ele passou a lateral, o que o fez se destacar no campeonato paranaense – mas também ainda deixou dificuldades latentes. “Ainda tenho alguns problemas na marcação, e acabo cometendo algumas faltas mais duras”, explicou. Sobre esse problema, Bonamigo diz que será resolvido. “Vamos trabalhar com ele e acabar com isso.”

Emprestado para o Cori, Leandro só pode ser usado na Copa do Brasil, onde deverá ser o substituto de Adriano, que viaja hoje com a seleção sub-20 para a Malásia. “Eu estou pronto e preparado para tudo que o Bonamigo pedir”, afirmou. O treinador, entretanto, não quis falar ainda sobre a utilização do lateral. “Sobre o Leandro vou pensar a partir de segunda, porque primeiro tenho o jogo contra o Londrina”, justificou-se Bonamigo.

Apesar disso, o técnico pensa em usar o reforço não só na lateral, como também no meio-campo. “Ele pode ser uma opção para jogar junto com o Adriano, criando uma nova jogada para o setor”, contou. Boa notícia para quem assume agora nova responsabilidade. “Eu estou em um clube grande, e sei que terei uma maior visibilidade aqui no Coritiba. Não quero desperdiçar essa oportunidade”, resumiu Leandro.

Time quase completo contra o Londrina

À exceção de Adriano, que está na seleção brasileira, o Coritiba deve contar no jogo de sábado com todos os titulares. O departamento médico deve liberar para o coletivo de hoje (marcado para o Alto da Glória) os três jogadores que se lesionaram no Vitorino Gonçalves Dias, sábado. Se todos participarem do treino, o Cori está praticamente escalado.

Quando saiu de Londrina, Paulo Bonamigo estava preocupado. Afinal, ele perdeu três jogadores por lesões, e pelo menos Ceará tinha uma situação preocupante. O lateral sentiu uma fisgada no músculo posterior da coxa direita e saiu antes do final do primeiro tempo – além dele, Edu Sales reclamava de dores no joelho direito e Juninho saíra por causa de uma forte cãibra.

Mas o médico Walmir Sampaio deu boas notícias para Paulo Bonamigo. “Os três atletas sofreram lesões leves, e não há preocupações. Eles estão em boa recuperação e devem ser liberados”, explicou. Dos três, apenas Edu Sales disse ainda sentir dores. “Se o jogo fosse amanhã (hoje), seria difícil jogar por causa das dores. Mas como a partida é sábado, não terei problemas”, garante.

Na lateral-esquerda – única posição que ficaria pendente -, a definição começa hoje. As opções são Ricardo e Lira, que já foram avaliados no treino de ontem. “Quero ver as características de cada um e como eles vão se sentir durante a semana”, explicou Bonamigo. A princípio, Lira é o favorito, já que tem maior experiência e já é mais conhecido de Bonamigo. Mas pesa a favor de Ricardo o estilo de jogo, mais parecido com o de Adriano.

Avenida

Se Roberto Brum não desfilou, o Coritiba manteve sua ?”representação” na Marquês de Sapucaí. O secretário Domingos Moro foi um dos mais de quatro mil integrantes da Beija-Flor, marcando presença na ala ?”patrocinada” pela diretoria do Fluminense.

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