São Paulo – O queniano Paul Tergat correrá em 31 de dezembro, assim como sua compatriota Margaret Okayo. Ambos, porém, estarão longe das ruas de São Paulo por mais um ano.
Com a decisão de não pagar cachês desde 2001, além de neste ano não custear hospedagens e passagens aéreas, a 82.ª edição da tradicional Corrida Internacional de São Silvestre estará esvaziada. Assim, Tergat e Okayo – que, juntos, já venceram seis edições da prova brasileira – estarão na São Silvestre de Luanda, em Angola, pelo segundo ano consecutivo.
?A vinda de Paul Tergat é uma certeza. Ele será o principal nome da corrida na qual vamos juntar outros atletas de referência mundial?, afirmou o presidente da Federação Angolana de Atletismo, Carlos Teixeira, à imprensa de seu país. Lá também correrão os etíopes Ambesse Tolossa e Berhane Adere, que venceram as maratonas de Tóquio e Chicago, respectivamente, neste ano.
A 51.ª edição da prova angolana paga US$ 10 mil (R$ 21,5 mil) ao vencedor. É custeada, principalmente, pelo governo federal. O prêmio ao primeiro colocado, porém, não é muito maior que o oferecido ao campeão no Brasil (R$ 21 mil). A diferença é que tudo que a São Silvestre de cá não custeia é pago lá. Com direito a cachê -estima-se que o pentacampeão Paul Tergat, fora da prova brasileira desde 2000, cobre US$ 5 mil por aparição.
Com prêmios totais de R$ 90,8 mil, a São Silvestre paulistana ainda diminuiu o valor recebido pelo vice-campeão: de R$ 13 mil em 2005 para R$ 9 mil neste ano. A chance para os brasileiros conseguirem aumentar a premiação está no bônus oferecido para o atleta que bater os recordes da prova. Caso um corredor supere os 43min12, estabelecidos por Tergat em 1995, ou os 50min16 da queniana Hellen Kimayio em 1993, levará para casa mais R$ 10,5 mil.
A 82.ª Corrida Internacional de São Silvestre não terá a defesa dos títulos de 2005. Vencedora da disputa feminina, a sérvia Olivera Jevtic não virá a São Paulo por causa das questões financeiras. Bicampeão da disputa, Marilson Gomes dos Santos se recupera de uma inflamação na planta do pé, com a qual conseguiu vencer a Maratona de Nova York no começo de novembro.
Os quenianos costumam dominar a prova em São Paulo, mas o nível desta edição também é baixo. Robert Cheruiyot, vice-campeão em 2005 e 3.º no ranking da Iaaf, está machucado. Mathew Cheboi, experiente em provas de rua no Brasil, será o principal destaque internacional da corrida.
Márcia Narloch motivada para a prova de domingo
São Paulo – Líder do ranking nacional na maratona (42,195 quilômetros), posição que lhe garante a pré-classificação aos Jogos Pan-Americanos do Rio, Márcia Narloch está mais motivada do que nunca para a São Silvestre, domingo, a partir das 15h15.
Aos 36 anos – 23 de atletismo – e com mais de dez participações nessa prova (sua estréia foi em 1987), Márcia sonha com o título que não tem na corrida que considera a mais importante do País. ?É o sonho de qualquer atleta vencer a São Silvestre. Se vencer, será a finalização de um ano perfeito. Treinei muito para isso e estou com muito gás e motivada para buscar a vitória?, diz a catarinense.
Esse ano foi mesmo excelente para a atleta que alcançou o índice da maratona para o Pan do Rio, quando completou a prova em Berlim, na Alemanha, em outubro, na quinta posição, em 2h35min28s – sua melhor marca é 2h29min, obtida em Hamburgo, na Alemanha, em 2003. Márcia, atual campeã pan-americana, vai se preparar, após a São Silvestre, para correr a Maratona de Paris, em abril. Na França, tentará confirmar vaga no Pan – para tanto, basta manter-se entre as duas primeiras do ranking nacional.
A poucos dias da prova, a baixinha de 1,53 m e 42 kg reduziu bastante a carga de treinos. No sábado descansará para a corrida. ?Antes trotava na véspera da prova, com medo de ficar inchada, já que estou acostumada a correr todo dia. Hoje, não. Prefiro o descanso e a concentração.? Sem estrangeiras de expressão, ela acredita que ?o brilho da prova será ofuscado?. ?Cada ano é um nível. Vou para fazer o meu melhor.?
