O treinador começou a mudar de opinião depois de pedir à equipe reserva do Brasil que jogasse fechada e procurasse sair para os contra-ataques com passes longos. “É assim que acho que os outros times vão jogar contra nós”, destacou o técnico. Além do trio de ataque com Daniel Carvalho, Dagoberto e Robinho não ter funcionado, o treinador também constatou que a defesa estava demorando muito para se recompor. Depois de 40 minutos de treino ele sacou Daniel Carvalho e colocou o meia Wendell em seu lugar para formar um meio-campo mais pegador ao lado de Paulo Almeida e Elano, deixando assim Diego entre os atacantes.
“Os reservas tiveram muito espaço para trabalhar”, disse o treinador. Além disso, outro problema verificado por Gomes foi a falta de um atacante mais pesado na área para enfrentar a forte retranca esperada dos adversários. O receio é que a equipe demore para encaixar seu jogo de toque de bola e fique sem a opção de cruzar bolas altas na área, o que não condiz com o perfil de nenhum dos três atacantes que ele havia anunciado como titulares. Nesse caso, quem pode acabar pintando como surpresa na equipe é o grandalhão Marcel.
Maxwell sonha com RCÚnico “estrangeiro” titular na equipe que começará jogando o pré-olímpico, o lateral-esquerdo Maxwell quer fazer da competição no Chile um trampolim para o futuro na seleção principal. Ele sabe que, hoje, Roberto Carlos é o dono indiscutível da posição. Mas também sabe que o craque do Real Madrid não é eterno. “Sou muito novo, tenho bastante tempo pela frente. A convocação para a sub-23 é uma ótima chance para eu me apresentar ao Brasil e mostrar meu valor. Quero chegar à seleção principal, mas sem pressa”, avisou.
Foi por enxergar no pré-olímpico uma grande chance para dar um salto na carreira que ele ?brigou? com a diretoria do Ajax para ser liberado. “O clube não queria me deixar vir. Como o campeonato holandês está parado por causa do frio, o time vai amanhã para Portugal fazer um período de treinos. Eles queriam contar comigo nesses treinos e também nos jogos dos dias 21, 25 e 28. Mas eu conversei com o treinador (Ronald Koeman), expliquei que não queria perder essa oportunidade e ele acabou me liberando”, contou o lateral.
Com 22 anos (faz 23 em agosto), ele já está há dois anos e meio na Holanda. O Ajax o contratou por US$ 3 milhões em junho de 2001, depois de vê-lo defender os juniores do Cruzeiro num torneio realizado no país.
Seleção encontra sossego na pequena ConcepciónEstá certo que a estrutura em Concepción está longe da mordomia a que uma seleção brasileira está acostumada, mas não é fácil encontrar uma cidade em que os jogadores tenham tanto sossego. Não existe tietagem na porta do hotel, os garotos saem tranqüilamente para fazer compras do outro lado da rua e pouca gente acompanha os treinos nos campos do Huachipato. E olhe que a delegação está hospedada no centro da cidade.
No papel, a informação é de que a população de Concepción é de 210 mil habitantes. Mas é difícil saber onde mora e por anda toda essa gente, porque se vê poucas pessoas nas ruas e restaurantes e o trânsito é uma maravilha. O ?batedor? que vai de moto à frente do ônibus da delegação brasileira para ?abrir caminho? cumpre apenas uma formalidade habitual nos compromissos da seleção, porque todos os caminhos são ?abertos? na cidade.
O pré-olímpico começa daqui a dois dias, mas pouca gente parece saber da existência do torneio. Não há cartazes divulgando a competição nem chamadas na tevê. Os jornalistas locais dizem que o evento foi muito mal promovido e acham difícil ver um grande público nas rodadas duplas no Estádio Municipal, que tem capacidade para 32 mil pessoas.
Para complicar, Concepción não é o que se pode chamar de ?cidade turística?. Tem mar, mas as praias são afastadas e a água, gelada. Seu cartão de visitas é o Rio Bio Bio. A cidade tem um perfil industrial e não tem atrações para visitantes. É bem diferente de La Serena, que será sede dos jogos da outra chave e é um dos balneários mais populares do Chile ao lado de Viña del Mar e Reñaca.
O acesso por carro a Concepción também dificulta a chegada de ?turistas?. A cidade não fica na beira da grande estrada que une o Norte ao Sul do país. Para chegar a ela, é preciso pegar uma estrada secundária e andar aproximadamente 100 quilômetros.
No caminho para Talcahuano – onde a seleção treina – o ônibus segue pela Avenida Costanera, que corre ao lado do Bio Bio. Nos dois lados da pista, o que mais se vê são indústrias pesadas (siderúrgicas, químicas, petrolíferas) enchendo o céu de fumaça.
O Centro de Treinamento do Huachipato fica em uma região arborizada conhecida como “Las Higueras” (as figueiras). Não há uma portaria para controlar quem entra e quem sai, mas mesmo assim pouca gente se anima a ir aos treinos.
A origem do nome ?Huachipato? é curiosa: havia muitos patos na região de Las Higueras e o som do apito usado pelos caçadores para atraí-los era ?huachi?. Da junção entre o som do apito e os patos surgiu o nome do clube, que tem azul e preto como cores e um modelo de camisa semelhante ao da Inter de Milão.
