Berlim – Quando a seleção brasileira colocar os pés no gramado perfeito do novo Estádio Olímpico de Berlim, para o amistoso contra a Alemanha, às 15h45 de hoje, a cabeça do técnico Carlos Alberto Parreira e de seus jogadores vai estar bem longe.
Mais exatamente na tarde de 9 de julho de 2006, final da Copa, dia em que dois grandes times decidirão mais uma vez, ali mesmo, quem tem o melhor futebol do mundo. “Espero que a história se repita”, disse o treinador brasileiro, grande interessado em que os dois finalistas de 2006 sejam os mesmos times que hoje se enfrentarão pela 19.ª vez desde maio de 1963 – 0de lá para cá os brasileiros ganharam 11 vezes, empataram quatro e perderam apenas três. A última vitória (2 a 0) do Brasil foi justamente na final da Copa da Coréia do Sul e do Japão.
Ontem à tarde, no treino de reconhecimento realizado no Estádio Olímpico, o treinador anunciou mudanças no time líder das eliminatórias e que vem de uma vitória contra a Bolívia sem provocar o mínimo abalo: o zagueiro Juan, do Bayer Leverkusen, e que esteve fora do último jogo por contusão, volta a fazer companhia a Roque Júnior na defesa. E Edmílson fica com a vaga de Gilberto Silva no meio-de-campo. “O Juan fez uma excelente Copa América”, justificou o treinador. “E o Edmílson me agradou muito quando jogou como volante, pois é muito versátil e quero vê-lo atuando numa partida importante como essa”, explicou.
Do lado alemão, o “manager” Oliver Bierhoff, ex-artilheiro da seleção germânica, até concorda que os brasileiros tenham motivo para estarem tão otimistas. Mas faz questão de avisar que a festa pode muito bem mudar de lado no jogo de hoje. “O nosso time realmente é jovem, mas temos dois jogadores reconhecidos internacionalmente, que são o Ballack e o Kahn”, diz, para deixar os brasileiros com um pé atrás. Se é que isso é possível.
Alemanha:
Kahn; Hinkel, Fahrenhorst, Baumann, Lauth; Frings; Deisler, Ballack, Schneider; Klose e Kuranyi. Técnico: Jurgen KlinsmannBrasil:
Julio Cesar, Belletti, Juan, Roque Júnior e Roberto Carlos; Edmílson, Edu e Juninho Pernambucano; Ronaldinho Gaúcho, Adriano e Ronaldo.Árbitro:
Urs Meier (Suíça).Parreira escala Juan na zaga e Edmílson no meio
Berlim –
A entrada de Juan na zaga e o deslocamento de Edmílson para o meio-de-campo, serão as principais novidades da Seleção Brasileira para o confronto de hoje à tarde contra a Alemanha, em Berlim. O técnico Carlos Alberto Parreira comandou ontem, no estádio Olímpico, o único treino da equipe antes do amistoso, e definiu a equipe que começa a partida. Gilberto Silva, que atuou no jogo contra a Bolívia, domingo, no Morumbi, volta para o banco de reservas.Esta será a primeira vez que as duas equipes se enfrentam após a final da Copa do Mundo de 2002, quando o Brasil venceu por 2 a 0, com dois gols de Ronaldo, e conquistou o pentacampeonato mundial.
Ronaldo chegou a Berlim ontem e teve de responder seguidas vezes aos jornalistas sobre o seu casamento com a modelo Daniella Cicarelli. Ele disse estar feliz fora de campo (deverá se casar no dia 2 de janeiro do ano que vem) e espera que este estado de espírito se reflita em seu futebol.
Ronaldo garante que espera com ansiedade o amistoso contra a Alemanha. “É um jogo amistoso, mas acho maravilhoso que exista esta rivalidade entre Brasil e Alemanha. Espero que seja um jogo onde todo mundo possa se divertir e mostrar um ótimo espetáculo para os torcedores. Trata-se de um estádio maravilhoso, digno de uma final de Copa do Mundo e espero que traga sorte para a gente”, disse.
“Seria genial marcar contra o Brasil”
Berlim –
Animado pelos três gols que marcou na vitória da Alemanha por 3 a 1 sobre a Áustria em um jogo amistoso, o atacante Kuranyi sonha agora em fazer gols no Brasil, onde nasceu há 22 anos e onde viveu por cerca de 13 anos. O técnico da seleção alemã Juergen Klinsmann aposta no atacante para a partida de hoje contra o Brasil, em Berlim. “Ele tem faro de gol, assim como Ballack. São jogadores que atuam pelo instinto”, diz Klinsmann.“Nos últimos jogos na seleção eu tenho ido muito bem e fazer um gol no Brasil seria genial”, disse o atacante do Stuttgart, cujo pai é alemão e a mãe é panamenha, e que nasceu no Estado do Rio de Janeiro.
A família de Kuranyi está dividida. Muitos apostam que ele vai marcar, outros continuam a torcer pela equipe brasileira. “Quase a família inteira me apóia e está torcendo por mim, mas meu irmão menor (Kenny) é completamente louco pelo futebol brasileiro. Se ele me vir jogar contra o Brasil, é capaz de invadir o campo e dar umas bofetadas”, conta Kuranyi.
Apesar da pressão do irmão, Kuranyi prefere jogar bem, mesmo que isso contrarie Kenny. “Jogar contra o Brasil é um grande sonho para mim. Espero que os brasileiros me conheçam depois desta partida”, afirmou.
Drama
Kuranyi, no entanto, não é o único jogador alemão que vai viver conflito. O meia Sebastian Deisler é casado com uma brasileira, Eunice, que nos últimos meses teve de superar um drama pessoal. Enquanto sofria de complicações na gravidez do primeiro filho, Raphael, o marido estava internado em uma clínica psiquiátrica, tratando de um problema de depressão.