É verdade que não há mesmo aquela empolgação. A seleção brasileira machucou tanto o torcedor nos últimos tempos que até uma partida como a das 22h, contra a Argentina, no Monumental de Núñez, em Buenos Aires, não tem a relevância que deveria ter. Afinal, é o confronto de maior rivalidade no futebol mundial, vale muito nas Eliminatórias da Copa do Mundo, e marca o retorno de Neymar à seleção, após quatro jogos de suspensão.

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Mas chegamos à partida com uma aura de ‘batalha’, como se fossem aqueles jogos dos anos 50, quando cada encontro de brasileiros e argentinos terminava em pancadaria. A imprensa, os jogadores e principalmente o técnico Dunga estão afinando o discurso neste sentido – de parte da mídia, para movimentar o jogo; de parte da seleção, para permitir que a forma antiquada de jogar fique em segundo plano. “Vai ser uma batalha lá, temos consciência disso”, disse Lucas Lima.

Sucesso

Dunga sempre usou essa motivação antes de jogos contra a Argentina. Tem a seu favor o retrospecto geral – vitórias marcantes sobre os hermanos, a mais relevante na final da Copa América. Ao mesmo tempo, tem uma derrota definitiva, a da semifinal dos Jogos Olímpicos de Pequim, quando Mascherano, Di María, Messi e Agüero atropelaram a seleção.

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Messi e Agüero, para alívio nosso, estão fora. A grande estrela do jogo passou a ser Neymar, que definitivamente calou os críticos com um grande início de temporada no Barcelona, coroado com o gol de placa no domingo contra o Villareal. Se a seleção é dependente do craque da mesma forma que era na Copa de 2014, não há como não dizer que o camisa 10 é hoje maior do que era no Mundial.

E com isso ficamos reféns do talento de Neymar. Dunga não se furta a montar uma estratégia que exige absolutamente tudo do nosso melhor jogador – a seleção se posiciona atrás, cede terreno ao adversário e sai em velocidade, explorando o talento do craque. Funciona porque Neymar é acima do acima da média, mas impede que tenhamos uma evolução tática pra lá de necessária nesse momento.
Ficamos entregues emocionalmente ao discurso de guerra e restritos tecnicamente ao gênio que vestirá a 10 esta noite. O suficiente para vencer hoje, mas pouco para o futuro do nosso futebol.

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