Cerca de três meses depois de ouvirem que o atacante Diego Costa abria mão da seleção brasileira para defender a Espanha nos campos de futebol, os espanhóis estão prestes a levar o contragolpe. Após ganharem um artilheiro, perderão outro. Mas a “vingança” do Brasil vem das piscinas. Felipe Perrone, capitão da Espanha no polo aquático, vai jogar pelo Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio em 2016.

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Considerado um dos melhores jogadores do mundo na atualidade, Felipe Perrone viaja neste sábado para a Espanha, com um contrato de quatro meses para jogar pelo Barceloneta, atual octacampeão nacional. Ele vai aproveitar a estadia na Europa para se encontrar com os presidentes da Real Federação Espanhola de Natação e do Comitê Olímpico Espanhol para anunciar a decisão tomada na última quinta-feira.

Após uma longa reunião na sede da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Felipe Perrone, o croata Josip Vrlic e o sérvio Slobodan Soro aceitaram a proposta feita pelo presidente da entidade, Coaracy Nunes. Se a cobrança deles era por uma equipe competitiva, que realmente fizesse diferença no desenvolvimento no polo aquático no Brasil, a contratação do técnico croata Ratko Rudic, quatro vezes campeão olímpico e considerado hoje o melhor do mundo, serviu como forte argumento.

Felipe Perrone nasceu no Rio e chegou a jogar pela seleção brasileira até 2004, mas não via possibilidade de viver de polo aquático no Brasil. Por isso, aceitou o convite para defender a Espanha, país da avó, assim como já havia feito seu irmão Kiko. Artilheiro da seleção espanhola nos Jogos de Pequim/2008 e de Londres/2012, ele é atualmente o capitão da equipe.

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Desde meados do ano passado, porém, ele defende o Fluminense. Segundo o jogador de 27 anos, é preciso fechar uma porta para só depois abrir outra. Assim, só oficializará a volta à seleção brasileira no Troféu Brasil, em março, depois de comunicar os espanhóis sobre a sua decisão.

A presença dos dois estrangeiros na seleção brasileira para a disputa da Olimpíada do Rio, porém, ainda não é certa. Além de superar o processo de naturalização (o Ministério do Esporte e o Comitê Olímpico Brasileiro prometem ajudar nessa tarefa), Vrlic, que tem contrato com Fluminense, ainda precisa resolver problemas burocráticos, enquanto Soro depende de encontrar um lugar para jogar no Brasil – o clube carioca não tem interesse em um goleiro.

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Procurado pela reportagem, Coaracy Nunes não quis dar entrevistas. Mas a assessoria da CBDA informou que os três estão 95% certos: “Só falta assinar”. Ricardo Cabral, coordenador de polo aquático na entidade, disse que não participou da reunião com os jogadores e não quer se envolver no assunto. “Isso é só com a presidência”, alegou.

LEGIÃO ESTRANGEIRA – Com os três, a seleção de polo aquático já chega a cinco estrangeiros. Adrià Delgado, nascido na Espanha, mas filho de um brasileiro, não teve dificuldades em tirar o passaporte e defende o Brasil há mais de um ano. E o cubano Ivez Gonzalez, medalhista de prata no Pan de 1999, é casado com uma brasileira, conseguiu a naturalização e participou dos dois amistosos que a seleção fez nos últimos dias contra a Holanda no Rio – o terceiro e último acontece neste sábado.

Com Vrlic, a seleção ganha um pivô forte, ágil, que está acima do nível dos jogadores nacionais. Já a “contratação” de Soro foge à regra das naturalizações que deverão acontecer até os Jogos de 2016. Isso porque ele não é um atleta que não teria espaço na sua seleção. Pelo contrário: foi goleiro titular da Sérvia na conquista das medalhas de bronze nas duas últimas edições da Olimpíada.