Arequipa – Houve falta de ar e de bom futebol no primeiro coletivo da seleção brasileira, desde que deu início há sete dias aos treinos visando à disputa da Copa América. Os titulares venceram os reservas por 1 a 0, gol de Kléberson, e vários atletas reclamaram do cansaço e do desgaste, provocados pela carga forte de exercícios físicos nos últimos dias e pelos efeitos da altitude de 2.350 metros de Arequipa. Por causa disso, o coletivo foi realizado em ritmo lento.
O goleiro Júlio César desfalcou o time principal e Júlio Baptista, a equipe reserva. Ambos estão contundidos e foram substituídos por jogadores do Atlético Universidad, clube da Primeira Divisão do Peru. O treino agradou ao técnico Carlos Alberto Parreira, que já programou mais dois coletivos até a estréia do Brasil na competição, quinta-feira, contra o Chile.
“O Adriano e o Luís Fabiano criaram chances de gol. Mas hoje (ontem), já sabíamos, era o dia crítico. Todos estavam com as pernas pesando toneladas”, disse o treinador.
Ele se referia a declarações dos preparadores físicos Moracy Sant?Anna e Paulo Paixão, de que o terceiro dia em Arequipa -a delegação chegou à cidade na última sexta-feira – seria o mais complicado para os atletas, por causa de reações previsíveis do organismo à altitude.
“Por isso, pedi que evitassem divididas e guardassem energia para o dia do jogo.” O atacante Adriano deixou a desejar no treino e depois explicou porque não esteve bem. “Não estou habituado a jogar em cidades tão altas. Nos primeiros minutos, senti falta de ar.”
O meia Renato também atribuiu à altitude seu desempenho discreto, assim como Kléberson, outro que normalmente rende mais nos treinos. De acordo com Parreira, a equipe vai poder mostrar um futebol mais competitivo somente na terceira rodada, dia 14, contra o Paraguai, quando, acredita, os problemas relacionados aos 2.350 metros de Arequipa estarão superados.
O treinador quer o máximo possível de posse de bola na estréia, para evitar correria desnecessária. “Se tiver de ir atrás do adversário o tempo todo, estaremos perdidos.” Dessa forma, é fácil prever que o Brasil vai procurar tocar a bola o quanto puder, até mesmo em seu campo, para que não haja muito desperdício de energia. Ele paralisou o treino algumas vezes para ensaiar cobranças de escanteio e de faltas de ataque. O cobrador sempre era Alex, e os zagueiros Juan e Luisão, nessas situações, avançavam para o ataque a fim de tentar o gol de cabeça.
Parreira orientou o atacante Adriano a buscar mais as jogadas pelo lado esquerdo, abrindo possibilidade de triangulações com Gustavo Nery e Edu. Assim, Luís Fabiano deveria ocupar mais o meio e o lado direito do ataque. Ele também testou a posição dos defensores titulares em cobranças de escanteio e de faltas laterais do time reserva. Reclamou duas vezes seguidas com os marcadores, que deixaram os adversários livres para cabecear. “Não foi um coletivo ótimo nem ruim. Apenas razoável”, definiu.