Rio de Janeiro – Ciente de que os bolivianos vêm com forte retranca, o técnico Carlos Alberto Parreira procura tranqüilizar os jogadores da seleção brasileira em relação a uma possível pressão da torcida no jogo de amanhã, no Morumbi. O treinador ressaltou, ao tomar conhecimento da escalação da Bolívia, que o adversário aturará praticamente com cinco zagueiros.
“O meio-campo da Bolívia é formado por jogadores bem defensivos, por isso eles devem formar um verdadeiro cinturão na entrada da área e utilizar os contra-ataques em velocidade para tentar nos surpreender. Se o gol demorar a sair, a torcida vai cobrar e precisamos ser inteligentes para saber administrar isso e vencer a retranca deles”, advertiu Parreira.
Na tabela de classificação das eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, o Brasil aparece com 13 pontos na liderança. Mais da metade do que têm os bolivianos (seis), na última colocação. Além da superioridade técnica, a seleção brasileira ainda tem a vantagem de jogar em casa. É favorita? Todos admitem que sim, mas preferem não falar abertamente.
“Temos que entrar com humildade e seriedade, porque eles vêm bem fechadinhos tentando complicar”, disse Parreira. “É claro que existe a superioridade do Brasil, mas é preciso confirmar o favoritismo dentro de campo”, completou o lateral-esquerdo Roberto Carlos.
No treinamento de ontem o treinador optou pela escalação da equipe com três atacantes. Parreira escalou Ronaldinho no meio-campo e o ataque com Adriano e Ronaldo, deixando Alex no banco. A dúvida do treinador era sobre a presença de Ronaldinho, que se recuperou de contusão e deverá confirmar presença para domingo.
Vibração do goleiro
Após a bela exibição na Copa América, o goleiro Júlio César ganhou a confiança do treinador Parreira e foi mantido como titular para o jogo contra a Bolívia, domingo, em São Paulo, pelas eliminatórias. Completando 25 anos ontem, o camisa 1 da seleção não se cansa de lembrar o bom momento que vive em sua carreira.
“Estou muito feliz. A Copa América foi muito boa para mim. Estou pronto para defender o gol da seleção contra a Bolívia. Confesso que não esperava que viesse tão rápido, mas trabalhei para isso. É um motivo de orgulho jogar com o estádio lotado, com o apoio da torcida brasileira”, revelou o jogador.
Além da partida do próximo fim de semana, Júlio César também estará à frente do gol brasileiro no amistoso contra a Alemanha, terça-feira, em Berlim.
Vetos
A polêmica envolvendo a CBF e o Milan, que se recusa a ceder seus jogadores para amistosos da seleção, levou o G-14, associação que reúne os maiores clubes da Europa, a se reunir na Cidade do Porto, em Portugal. Os dirigentes decidiram enviar uma carta à Fifa pedindo que a entidade esclareça as regras que regem a cessão dos jogadores para as seleções nacionais.
Segundo o G-14, existe um acordo firmado entre os clubes e a Confederação Sul-Americana, que dá aos europeus a última palavra no que diz respeito à liberação de jogadores para amistosos, mesmo que estes aconteçam numa data reservada pela Fifa.
Os clubes europeus exigem uma compensação financeira para liberar seus atletas.
Bolívia não vai só se defender
AE
São Paulo – A delegação boliviana sentiu o sofrimento que é suportar o caótico trânsito de São Paulo na véspera de um feriado prolongado. O treino que estava marcado para as 16h30 no Parque Antártica começou só as 18h. E graças ao auxílio da Polícia Militar.
Foi preciso uma operação especial para que o ônibus saísse do bairro do Morumbi, na zona sul, e atravessasse a capital. Os bolivianos já saíram atrasados do hotel (depois das 17h). E os policiais precisaram trabalhar bastante para que o ônibus estacionasse no Parque Antártica por volta das 18h. Naquele horário, o congestionamento era de quase 100 quilômetros.
A Polícia Militar ainda foi obrigada a bloquear algumas ruas e avenidas e até inverter o sentido para que a delegação tivesse mais facilidade. A Avenida Francisco Matarazzo, por exemplo, foi interditada por quase 100 metros para que o ônibus, na contramão, tivesse acesso ao portão dos vestiários do Palestra Itália.
O treino, que já estava atrasado, demorou ainda mais para começar. Faltavam os holofotes para o treino acontecer.
Aliás, um treino muito rápido e leve, já que a seleção chegou na manhã de ontem em São Paulo. E um cuidado especial para os jornalistas brasileiros não verem o que está sendo preparado para o jogo de amanhã.
No entanto, o treinador promete colocar em campo uma equipe que não pensará apenas em se defender.
“Precisamos ter um equilíbrio. Se apenas nos defendermos, não suportaremos os 90 minutos. Por isso, não podemos deixar de lado a possibilidade de atacar”, garantiu Ramiro Blacut.