Derrotar o Chile na abertura das oitavas de final da Copa, sábado, passa por um bom desempenho das jogadas aéreas do Brasil. Essa é uma das avaliações do técnico Luiz Felipe Scolari com base nos dados comparativos da estatura das seleções brasileira e chilena.
A vantagem do time de Felipão é absurda. Para ter uma ideia do quanto a seleção pode tirar proveito dessa situação, basta observar que o zagueiro mais alto do Chile, Silva, mede 1,76m, contra 1,83m de Thiago Silva – sete centímetros que, somados à impulsão, dão enorme vantagem ao brasileiro. Entre os oito jogadores (Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz, Luiz Gustavo, Paulinho e Fred) que costumam ocupar a grande área para defender bolas aéreas, a média de altura da seleção brasileira chega a 1,82m, contra apenas 1,76m dos chilenos.
No jogo aéreo nas ações ofensivas, o Brasil vai colocar seus homens mais altos na grande área inimiga para brigarem com os “baixinhos” do Chile. Nesse caso, saem os laterais, Daniel Alves (1,75m) e Marcelo (1,74m), e entra Hulk (1,80m) – mais uma vantagem da seleção brasileira sobre o adversário.
Conscientes dessa deficiência, os chilenos evitam as faltas laterais para minimizar o bombardeio aéreo em sua área. Em três jogos, o time sofreu três gols (dois da Holanda e um da Austrália – dois foram de cabeça, um do holandês Leroy e outro do australiano Cahill). Dos sete gols que o Brasil fez até aqui, só um foi de cabeça (Fred, o terceiro diante de Camarões), apesar de seu poder de fogo pelo alto. Levou apenas dois gols, nenhum deles de jogada aérea.
Felipão, antes mesmo de saber que teria o Chile pela frente nas oitavas de final, intensificou os treinamentos de bola parada com cobrança de faltas das laterais em direção à grande área. Até sexta-feira, vai aumentar a carga de trabalho nesse tipo de jogada. “A bola parada no futebol de hoje decide muitos jogos. Nós temos bons cobradores de falta e bons cabeceadores. Precisamos ser mais eficientes nesse tipo de jogada, e o Felipão tem insistido muito nos treinamentos para aprimorarmos a bola parada”, disse Thiago Silva, em recente entrevista na Granja.
O ponto de partida das cobranças de falta em direção à zona de gol é de Neymar, encarregado por Felipão de levantar a bola na grande área. Os escalados para disputar o lance no alto são David Luiz, Thiago Silva, Fred, Luiz Gustavo, Hulk e Paulinho (que deve ceder seu posto a Fernandinho). Oscar fica à espera do rebote na meia-lua. O lateral Marcelo costuma também cobrar as faltas laterais.
Quando a bola parada é contra o Brasil, Felipão puxa Fred do ataque para ser uma das referências da muralha que ele monta com os zagueiros e com os volantes Luiz Gustavo (1,87m) e Paulinho (1,81m). Se optar por Fernandinho no lugar de Paulinho, vai “perder” em estatura: Fernandinho (1,79m) é dois centímetros mais baixo que Paulinho.
PASSES – Felipão, além de preparar a brigada aérea, também vai reforçar a marcação na tentativa de evitar a troca rápida de passes da seleção chilena, uma das armas do adversário do Brasil nas oitavas. Os chilenos costumam trocar uma média de 459 passes por jogo, contra 509 da seleção brasileira. O time de Felipão também chuta mais ao gol que a equipe de Jorge Sampaoli: 35 vezes a 14.
A expectativa do treinador do Brasil é evitar que a bola chegue limpa para os velozes atacantes Alexis Sánchez e Vargas, responsáveis pelos momentos mais agudos do ataque chileno. Felipão exige atenção especial aos dois e também ao meia Vidal, homem encarregado de armar o ataque. “Temos de ter muito cuidado, não podemos errar. A equipe do Chile tem muita qualidade, organização. Um erro é um convite ao gol.”