“Que semana agitada.” “Que dias!”. “Que correria.” Eram essas as expressões depois de mais uma reunião, que enfim confirmou a abertura da segunda fase do Campeonato Paranaense.

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Ontem, Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) e o Ministério Público Estadual (MPE) resolveram se manifestar. E conseguiram realizar alterações na rodada.

Assim, a partida entre Atlético e J. Malucelli foi transferida no sorteio para as 20h30 de domingo, com os confrontos Coritiba x Paranavaí e Paraná Clube x Cianorte ficando às 15h30.

A rodada foi definida na quinta em uma tensa reunião entre a FPF, os representantes das emissoras que detêm os direitos de transmissão do Paranaense (em TV aberta e fechada).

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Ficou definido que os quatro jogos aconteceriam amanhã, às 15h30 – e, portanto, os três jogos em Curitiba. Mesmo com a situação delicada, o comandante do policiamento da capital, coronel Jorge Costa Filho, afirmou que não reclamaria oficialmente pelo fato de Atlético, Coritiba e Paraná jogarem ao mesmo tempo. “Nós sabemos da dificuldade para a definição da tabela e por isso decidimos não fazer nenhum pedido”, disse o coronel.

Quando se imaginava que tudo estava resolvido, o secretário Luiz Fernando Delazari decidiu falar. Às 17h30, foi divulgada na Agência Estadual de Notícias a seguinte nota: “A Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp) e o Ministério Público Estadual informam à imprensa que não concordam com a realização de três jogos de futebol do Campeonato Paranaense no mesmo horário. Mesmo o Estado tendo a estrutura suficiente para prover a segurança, o bom senso recomenda que os eventos de grande porte desta natureza, que envolvem inclusive torcidas organizadas, sejam realizados em dias e horários diferentes. Tal posicionamento é amparado pelo próprio Estatuto do Torcedor nos artigos 13.º e subsequentes, pois uma das responsabilidades do Estado é prover a segurança dos torcedores antes, durante e depois do evento”.

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O artigo do Estatuto do Torcedor citado pela nota diz o seguinte: “O torcedor tem direito a segurança nos locais onde são realizados os eventos esportivos antes, durante e após a realização das partidas”. Mas, ao mesmo tempo, o Estatuto diz que não pode haver mudanças de horários de jogos quando faltam 48 horas ou menos para a realização dos mesmos.

Mas a confusão estava novamente armada, e começou a batalha das reuniões e das declarações. Enquanto o secretário dizia que não havia condições dos jogos acontecerem no mesmo horário (“É uma situação preocupante, e que não pode continuar”, disse), os diretores da federação reclamavam do secretário.

E uma reunião foi marcada às pressas para a sede do Ministério Público Estadual – e os representantes da TV não foram chamados. “Nós já tínhamos sido prejudicados, porque não havia jogo para transmitir”, lamentou o gerente de esportes da RPC, Gil Rocha.

A conversa, que teve representantes da Polícia Militar e do Procon, além dos presidentes Marcos Malucelli (Atlético), Jair Cirino dos Santos (Coritiba) e Aurival Correia (Paraná) o representante do J. Malucelli, Rui Wisniewski, e do vice-presidente da FPF, Amílton Stival, foi comandada pelo procurador-geral de Justiça, Olympio de Sá Sotto Maior Neto – e acompanhada pela reportagem do Paraná-Online.

A medida sugerida foi a antecipação do jogo do Paraná para as 10h30, proposta rechaçada pelos tricolores. Aí começou o impasse: o MPE e a polícia não queriam os jogos do Coritiba e do Atlético no mesmo horário, e sugeriram, que um jogo passasse para segunda-feira. Jair Cirino e Marcos Malucelli aceitavam, desde que o jogo do rival fosse transferido.

O presidente rubro-negro sugeriu o sorteio: “É mais simples para todos e resolve facilmente”. O mandatário coxa não quis: “Se for assim, o Atlético, que já ganhou o supermando, vai ganhar o sorteio”.

Após alguns minutos de discussão, até com uma intervenção do comando da PM informando que, se não houvesse acordo, a polícia poderia não dar segurança aos jogos, o sorteio foi realizado.

Foram improvisados dois papéis, e a representante do Procon sorteou o do Coxa, que teve a preferência de escolher o horário de sua partida – que ficou para as 15h30, mesmo horário do jogo do Paraná. “Quem ganha sorteio não ganha jogo”, brincou Marcos Malucelli. “Desta vez você vai ver”, retrucou Jair Cirino, aos risos.

O final ameno escancarou o alívio da maioria dos presentes. “Fico feliz que tenhamos chegado a uma decisão através do bom senso. A prática esportiva não poderia arriscar os espectadores e toda a coletividade”, comentou Olympio de Sá Sotto Maior Neto, que completou com uma mensagem pacifista. “Esperamos que, na noite de domingo, possamos ver apenas os gols da rodada, e não as brigas dos torcedores.”

Os dirigentes saíram tranquilos. “Queremos saber só de futebol agora”, disse o presidente paranista Aurival Correia. “Há dois dias quero falar com a comissão técnica sobre planejamento, mas esse impasse impedia”, confessou o vice tricolor Márcio Villela. “Espero que tenhamos uma boa rodada”, afirmou o presidente coxa Jair Cirino. “Teremos bons jogos. Mas tudo pode acontecer. A Federação pode aprontar mais alguma”, finalizou o comandante atleticano Marcos Malucelli.