Estádio com orçamento mais alto da Copa do Mundo de 2014 – oficialmente custou R$ 1.403,3 milhão, mas é voz comum que pode ter saído por quase R$ 2 milhões -, o Mané Garrincha, em Brasília, que se tornou o mais famoso elefante branco pós-Mundial, também teria rendido dinheiro de propina a dois ex-governadores, de acordo com delatores então vinculados à Andrade Gutierrez, que comandou as obras.

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Clóvis Primo relatou acordo feito em 2009 para pagamento de 1% do valor da obra a José Roberto Arruda e que os repasses continuaram mesmo após ele ser afastado do cargo. O advogado do ex-governador, Paulo Emílio Cata Preta, disse estranhar a acusação, “uma vez que não houve execução financeira dessa obra no governo Arruda. Estamos seguros de que não há qualquer hipótese de corroboração dessas declarações”.

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Rogério Nora de Sá disse que Agnelo Queiroz (2011 a 2014) pediu pagamentos para o PT e que não havia valor determinado. “O ex-governador nega qualquer recebimento de doação da campanha dele e para qualquer campanha de forma irregular”, disse o advogado Paulo Machado Guimarães. “E ele jamais autorizou quem quer que seja a receber vantagem, doação ou contribuição ilícita”.

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CARTOLAS – As suspeitas de corrupção e irregularidades envolvendo a Copa de 2014 no Brasil ultrapassam fronteiras. A Fifa investiga o fato de o ex-presidente Joseph Blatter e o ex-secretário-geral Jérôme Valcke terem contratos para receber quase R$ 100 milhões em prêmios e bônus pela realização do último Mundial. A suspeita é de os pagamentos sejam ilegais e que possam se configurar como propinas.

Os contratos que também estão sendo investigados pelo FBI e pela Justiça da Suíça apontam para suspeitas relativas aos critérios estabelecidos para justificar os pagamentos. O que surpreende a Fifa é que os valores foram autorizados em contratos assinados pelos próprios beneficiários, sem qualquer consulta.

Blatter tinha contratos de US$ 12 milhões por sua contribuição para realizar a Copa no Brasil. Valcke recebeu mais US$ 10 milhões.

Valcke foi afastado do futebol por 10 anos depois de o jornal O Estado de S.Paulo e outros nove jornais internacionais revelarem que o francês fechou acordos para ficar com parte dos lucros da revenda de ingressos para a Copa de 2014, em um esquema com ágio de mais de 200% nos valores das entradas e que teria envolvido mais de 2 milhões de euros (R$ 8,6 milhões) apenas para o bolso dele.

As suspeitas também pairam sobre a relação entre a Fifa e os dirigentes brasileiro. O relatório paralelo preparado pelos senadores na CPI do Futebol aponta para suspeitas em relação aos contratos da preparação do Brasil para a Copa do Mundo de 2014. O centro das investigações é Comitê Organizador Local (COL), que foi presidido por Ricardo Teixeira, José Maria Marin e, mais recentemente, por Marco Polo del Nero.

No total, a Fifa repassou ao COL, que sempre evitou ser fiscalizado pelo governo, US$ 453 milhões. “O sigilo bancário do COL revela uma série de pagamentos a empresas que precisam ser melhor investigados, em função do histórico e das conexões dessas empresas e seus acionistas com o COL, a CBF e seus dirigentes, especialmente, quanto a eventuais ajustes, combinações ou qualquer outro expediente voltado ao recebimento de vantagens indevidas decorrentes de contratações direcionadas”, alertou o documento. (colaborou Jamil Chade, em Genebra)