Menos de um ano depois da explosão do caso Bruxo, a Divisão de Acesso do futebol paranaense continua entregue à sorte. A cinco dias da largada, o torneio que vai indicar dois times para a elite do futebol estadual em 2007 vive de incertezas, sem número de participantes definido.

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Na última sexta-feira, Umuarama e Noroeste de Ivaiporã foram oficialmente excluídos da competição. Segundo a Federação Paranaense de Futebol, ambos não pagaram as taxas necessárias para entrar na disputa. O prazo final terminaria em 28 de abril, mas foi dilatado – assim como o início da Segundona, que passou de 7 para 14 de maio.

O empresário e ex-jogador André Luiz Aguiar, que assumiu este ano o controle do Umuarama, confirma que perdeu o prazo, mas reclama do alto custo cobrado pela FPF. O ?kit?, que serve para pagamento do alvará de funcionamento anual, registros dos jogadores e outras taxas, é de R$ 10 mil para cada clube. Eventuais transferências custam pouco menos de R$ 1.000. ?Em São Paulo, mesmo em divisões menores, a federação não cobra nada e ainda dá R$ 10 mil para cada participante. No Paraná, daqui a pouco só teremos seis ou sete times na Divisão de Acesso?, protesta Aguiar, que recebeu o ?bônus? quando comandou as equipes paulistas do Tupã, da Série B1 (4.ª divisão) e do Paraguaçuense, da A2.

Segundo o dirigente, R$ 10 mil equivalem à folha de pagamento mensal do Umuarama, que agora vai se dedicar aos torneios de categorias de base. ?Há várias outras equipes com pendências financeiras e que podem abandonar a Segunda Divisão?, afirma Aguiar.

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A ausência de Noroeste e Umuarama reduz a Chave C para apenas três equipes (Foz do Iguaçu, Cascavel e Engenheiro Beltrão), criando um deseqüilíbrio técnico na competição. A chave classificará dois times para a segunda fase, assim com os grupos A e B, que terão seis concorrentes cada.

O Foz, por sinal não é o mesmo clube que disputou a Série Prata de 2005. A participação do time foi tumultuada – o ex-diretor Genézio de Camargos foi eliminado do futebol por admitir o pagamento de propina no inquérito do caso Bruxo e há 10 dias um ex-jogador da equipe, Marlon, acusou o Foz de criar contratos ?fantasmas?, que nunca eram oficializados na FPF.

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Na divulgação de tabela, em 7 de março, o Foz do Iguaçu era o único clube que não aparecia com o nome completo.

O superintendente da FPF garante que a agremiação apresentou em janeiro os documentos necessários para mudança da razão social e está regularizada.

Estádios podem mudar por falta de condições

Os estádios são um capítulo à parte na desorganização da Divisão de Acesso. A primeira rodada está marcada para o próximo final de semana, mas os locais ainda podem ser alterados conforme os laudos das autoridades de segurança.

Segundo o superintendente da FPF, Laércio Polanski, as vistorias foram realizadas, mas a entidade ainda não tem os laudos da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros atestando a condição das praças. ?Esperamos recebê-los esta semana?, falou o diretor.

Em meio à indefinição, a Segundona será disputada em estádios como o Donato Gulin, em Curitiba. O Almirante Tamandaré/Adapar, integrante do grupo A, o mesmo de Paraná Clube B e Operário de Ponta Grossa, não entrou em acordo com a prefeitura local e usará o campo do Vila Hauer F.C. – bom para os padrões da Suburbana, mas aquém da necessidade de uma competição profissional séria.

O uso do Donato Gulin fere as normas orgânicas do futebol brasileiro, definidas pela CBF. O artigo 89.º da resolução determina que os clubes profissionais utilizem estádio com capacidade para 5 mil torcedores.

As normas também dizem que as agremiações devem contar com mais de mil associados, sede própria ou alugada com pelo menos 600 metros quadrados e tenham disputado pelo menos um campeonato das categorias de amadores nos três anos anteriores. Na Divisão de Acesso, porém, há equipes como o Real Brasil, sediado numa pequena sala cedida no Pinheirão.

As normas da CBF até permitem a inscrição de clubes que não preencham alguns destes pré-requisitos, mas em caráter ?ex-cepcional ou provisório?, e desde que a federação local apresente justificativa detalhada. ?Avaliamos cada caso, mas procuramos seguir o que determina a CBF?, garante Polanski