O holandês Seedorf deu nesta sexta-feira mais uma entrevista muito lúcida, desta vez para falar da polêmica expulsão do jogo de domingo, entre Botafogo e Madureira. O meia negou que tenha dito ao árbitro Philip Bennett que este estava “de palhaçada”, como consta na súmula da partida, e defendeu a sua escolha por atravessar o campo antes de ser substituído.
Para tanto, usou argumentos bastantes convincentes. “Falaram que eu estava querendo perder tempo. Quando quero gastar tempo, faço com a bola no meu pé, não preciso de outro tipo de coisa. Como contra o Vasco, em que levei a bola para o fundo do campo”, lembrou o holandês.
Ele citou uma diferença cultural entre o futebol europeu e o brasileiro, o que justificaria a escolha por sair pela mesma lateral em que entraria o seu substituto. E lembrou que casos de “cera” podem ser punidos com o acréscimo no tempo. “Fui substituído várias vezes, nunca saí pelo ‘portão pequeno’, sempre pelo principal, onde tem o quarto árbitro. Futebol é entretenimento também, torcedor quer ver o jogador sair, quer poder aplaudir. É comum na Europa você estar no outro escanteio e sair pelo meio, o juiz pode acrescentar tempo.”
Seedorf negou que tenha ofendido o árbitro, lembrando que ele tem, junto à Uefa, um cargo que tem como uma das atribuições exatamente acabar com esse tipo de atitude. “Sou um embaixador do Fair-Play da Uefa, por que não vou respeitar o juiz se tenho um papel desse tipo?”, questionou ele, lembrando do seu passado: “Eu sempre respeitei a lei, por toda a consciência que tenho. Sou diferente de muitos jogadores, tenho currículo que merece ser valorizado. Tenho meu respeito pelo juiz”.
A notícia da expulsão de Seedorf, a segunda da carreira dele como profissional, circulou o mundo. O holandês acha que houve uma repercussão exagerada do caso. “Parece que aconteceu um desastre natural, com muitas mortes, mas foi só situação de jogo de futebol. Por uma coisa pequena, estão criando essas notícias negativas para o mundo inteiro. Fiquei mais triste porque não precisava”, comentou o holandês.
De acordo com o meia, é inverídica a informação que consta na súmula, que ele teria dito ao árbitro: “você está de palhaçada”, que teria sido o motivo do segundo cartão amarelo e da consequente expulsão. “Essa palavra que o juiz falou que usei, que estou de palhaçada, é uma palavra que não uso. Ainda se fosse, não é ofensa pessoal, é algo de comportamento. Provavelmente, foram os jogadores do Madureira que disseram e ele entendeu errado. Havia muita confusão. Não tem que inventar que eu falei”.
Por fim, Seedorf afirmou que vai enviar uma carta à Fifa criticando o fato de que ele só será julgado daqui a uma semana, e ainda poderá ficar de fora de até 12 partidas. “Não se pode esperar duas semanas por uma decisão, no máximo dois dias. Eu vou questionar na Fifa, vou escrever uma carta. É mais justo e faz parte do fair-play que promovem. Não é justo perder uma final de Copa do Mundo por um erro de juiz”, alegou.