Centro de uma polêmica que acabou respingando na organização da Copa do Mundo de 2022, marcada para acontecer no Catar, o jogador francês de origem argelina Zahir Belounis finalmente conseguiu receber o visto de saída do país do Oriente Médio, o que ele vinha tentando desde junho deste ano.
O atleta de 33 anos de idade acabou retido em solo catariano por causa de uma disputa legal que travava com o seu clube, o Al-Jaish, com o qual ele tinha contrato até 2015. Ele alega que não recebe salários do time desde 2011 e por isso acionou a Justiça para poder obter os valores devidos.
Mahdi Belounis disse que seu irmão, Zahir, conversou com ele na quarta-feira pela manhã para dizer que “estava com o visto de saída em suas mãos”. “Ele está muito feliz. Ele reservou seu voo”, revelou, em entrevista por telefone, na qual avisou que o jogador chegará em Paris na noite desta quinta.
A polêmica envolvendo Zahir Belounis ganhou repercussão mundial depois que o atleta resolveu divulgar, há duas semanas, uma carta aberta na qual pediu ajuda a Zinedine Zidane, também franco-argelino, e Guardiola para retornar ao seu país. O ex-craque francês e o atual técnico do Bayern de Munique foram embaixadores da candidatura do Catar à sede da Copa de 2022.
Na carta, Belounis destacou que casos como o dele poderiam ocorrer com outras pessoas durante a realização do Mundial catariano. O fato provocou embaraço para autoridades locais e para a Fifa, assim como a FIFPro (Associação dos Jogadores Profissionais de Futebol) disse nesta semana que a situação do atleta era “deplorável”.
Belounis vinha reclamando de uma lei do Catar, conhecida como “kafala”, que exige que o antigo empregador assine o visto de saída do ex-empregado. Como o Al-Jaish está sendo processado pela dívida, se recusava a assinar o visto. Desta forma, o atleta alegou que estava preso no país, com mulher e filhos, desde junho de 2012.
A FIFPro, inclusive, anunciou na última terça-feira que uma comissão do sindicato irá chegar ao Catar nesta quinta para o que chama de “reunião emergencial” com autoridades locais e com os organizadores da Copa de 2022. A entidade está seriamente preocupada com as denúncias de violações de direitos humanos na construção dos estádios do Mundial e garantiu que cobrará a abolição da kafala para jogadores de futebol.