Alguns dias entram para a história, na Fórmula 1. Domingo foi um desses. Um dos mais tradicionais autódromos do mundo foi palco da consagração do mais jovem piloto a vencer uma corrida em mais de meio século de existência da categoria.
Sebastian Vettel, exatos 21 anos, dois meses e 11 dias de vida, ganhou o GP da Itália com um carro da Toro Rosso, que vem a ser a sucessora da Minardi – equipe que, até 2005, era a pior de todas e, talvez, a mais simpática. No ano seguinte, comprada pela Red Bull, ganhou novo nome. Mas manteve a simpatia.
Simpatia que transbordou depois das 53 voltas molhadas da prova, que teve um único abandono – de Giancarlo Fisichella, da Force India.
O que faz da vitória de Vettel uma proeza raríssima. Ele ganhou, a partir da pole, com todo mundo na pista: McLaren, Ferrari, Renault, BMW Sauber… “Sebastian simplesmente foi rápido demais para a gente”, disse Heikki Kovalainen, da McLaren, segundo colocado, depois de abraçar o garoto.
É o maior elogio que alguém poderia receber, vindo de um piloto da equipe que tem o líder do campeonato, Lewis Hamilton.
O inglês fez uma corrida exuberante, depois de largar na 15.ª posição. Passou todo mundo, mas deu azar porque no fim foi obrigado a fazer uma parada extra quando já estava em segundo lugar.
Sua estratégia era de um pit stop, mas o asfalto começou a secar depois das fortes chuvas do início da tarde, e ele teve de colocar os intermediários como todos os demais.
Alheio às dificuldades dos outros, Vettel dominou a corrida com autoridade de veterano. Ao receber a bandeirada, parecia não acreditar no que via.
“Eu estava um pouco nervoso, mas quando vi a quadriculada, tudo passou. É o melhor dia da minha vida”, falou o alemãozinho, que também detém outros recordes de precocidade na F1: é o mais jovem a marcar pontos (no ano passado nos EUA, oitavo lugar em sua estréia, pela BMW Sauber) e o mais jovem a fazer uma pole em todos os tempos. “A sensação de vencer é muito melhor do que eu imaginava. Não vou esquecer nunca as emoções que estou sentindo”, continuou Vettel, chamado na Alemanha de “Baby-Schumi”, numa comparação com o maior piloto de todos os tempos, Michael Schumacher. A próxima etapa do Mundial acontece daqui a duas semanas na pista de rua de Cingapura.