Sebastian Vettel é o maior talento que surgiu na F-1 depois de Fernando Alonso, algo que não se discute. Por isso foi ótimo ver um título de um campeonato tão disputado ficar nas mãos de alguém como ele.
Jovem, o mais jovem campeão de todos os tempos, aos 23 anos, 4 meses e 11 dias. Atirado, marrento, precoce. Ganhou sua primeira corrida de Toro Rosso em 2008.
Na Red Bull, foram cinco triunfos neste ano, o último deles ontem em Abu Dhabi, no encerramento da temporada. Vettel nunca tinha liderado um Mundial de F-1. Nem neste ano.
A taça ficou no lugar certo porque a Red Bull, e as circunstâncias colaboraram, mostrou que esse negócio de jogo de equipe é bem discutível.
Se tivesse ordenado a troca de posições em Interlagos, perderia a taça. Mark Webber, com sua corrida apagada em Abu Dhabi, ajudou muito.
Graças a ele, opaco na reta final da competição, o time não precisou fazer escolhas. Ao menos escolhas visíveis.
Porque é clara a preferência da equipe por Sebastian. Uma preferência que, no entanto, não se manifesta com sacanagens.
O triste Webber não pode reclamar de muita coisa em 2010. A Red Bull lhe deu as mesmas chances de fazer o que Vettel fez.
A corrida árabe foi, como se esperava, chata, pouco digna do grande campeonato deste ano.
E lá pela metade já dava para saber que Vettel ficaria com a taça. Porque só uma série de quebras ou batidas levaria Alonso para a frente. E em pistas como a de Abu Dhabi, nada acontece.
O espanhol não correu como um campeão. Ao contrário, mostrou-se um péssimo perdedor ao reclamar de Vitaly Petrov, de quem se viu atrás após o pit stop, e ao não cumprimentar, pelo menos diante das câmeras, o novo campeão.
Perdeu o título ao ser ultrapassado na largada por Jenson Button e porque durante o período de safety-car causado por acidente entre Schumacher e Liuzzi na primeira volta alguns pilotos, entre eles Rosberg e Petrov, aproveitaram para trocar pneus.
Assim, quando Alonso parou, voltou atrás de ambos. E ficou encaixotado atrás do russo, sem ameaçá-lo em nenhum momento.
Está em ótimas mãos o troféu de 2010. Sebastian Vettel é um garoto que combina com aquilo que quem gosta de corridas quer ver na pista. Chora de alegria, faz carinho no carro, é simpático e desinibido.
Pelo rádio
Vettel revelou que passou a corrida toda sem saber o que estava acontecendo com os adversários.
Só quando o engenheiro da Red Bull gritou pelo rádio “Você é o campeão do mundo, você é o melhor”, a ficha começou a cair. “Eu não sabia de nada. Não tinha visto os telões, não queria nenhuma distração”, contou.