Ele voltou. Depois de três meses e cinco corridas sem vencer, Michael Schumacher passou uma borracha no passado recente e ganhou o GP da Itália, num momento-chave da disputa pelo título mundial de Fórmula 1. A duas corridas do encerramento da temporada, o alemão da Ferrari abriu três pontos de vantagem sobre Juan Pablo Montoya, da Williams, e deu um passo importante rumo ao hexa. “Acho que é o melhor dia da minha carreira”, exultou o piloto, que venceu pela quinta vez no ano, 69.ª na carreira e 50.ª vestindo o macacão vermelho de Maranello.

Monza – Foi uma vitória com estilo. Ele largou na pole, fez a melhor volta e de quebra inscreveu seu nome, de novo, no livro de recordes com três marcas importantes: atingiu a maior velocidade da história da F-1 (368,8 km/h), fez a volta mais rápida da corrida com a maior média de todos os tempos (254,848 km/h) e fechou a prova mais veloz dos 53 anos da categoria com a média de 247,585 km/h, derrubando um tabu que já durava 32 anos.

O renascimento de Schumacher e da Ferrari pode ser atribuído a vários fatores, como a melhora dos pneus e o novo pacote aerodinâmico que o time estreou em Monza. O alemão incluiu até “a moça que faz faxina na fábrica” na sua lista de agradecimentos, que passou pelos engenheiros, mecânicos e técnicos da Bridgestone. “Eu amo todo mundo”, declarou-se, feliz como havia muito não ficava. “Fiquei muito tempo sem ganhar, a emoção é extraordinária.”

A montanha que a Ferrari precisa terminar de escalar ainda passa por Indianápolis e Suzuka. Mas não será fácil. Montoya, segundo colocado domingo, está longe de ter jogado a toalha. Em Monza ele tentou, durante 40 voltas, superar o alemão. Na largada, colocou o carro lado a lado e assim eles percorreram duas curvas, mas Michael não se intimidou e conseguiu manter a dianteira. Foi o momento mais sublime do GP italiano. “Uma luta dura, mas leal”, definiu o ferrarista. “Eu tinha de tentar”, comentou o colombiano.

Chassi “velho” pode ser o segredo

Monza – Sim, os pneus melhoraram, a aerodinâmica também, e pelo que disse Schumacher, até a moça que limpa a fábrica tem sua participação na vitória. Mas um detalhe passou despercebido e não mereceu muita atenção até o fim da corrida, quando veio à tona: Michael voltou a usar um chassi que estava encostado como carro-reserva desde o GP da Inglaterra.

O alemão estreou o modelo F2003-GA da Ferrari no GP da Espanha dirigindo o chassi numerado como 229. Com ele venceu em Barcelona, Zeltweg e Montreal, chegou em terceiro em Mônaco e Magny-Cours, e em quinto em Nürburgring. Somou 46 pontos, média de 7,6 por corrida. Em Silverstone, passou a usar o chassi 231. Ficou em quarto, e na sequência em sétimo na Alemanha e em oitavo na Hungria. Oito pontos, 2,6 por GP.

Na Itália, Schumacher pediu o carro velho de volta. O 231 virou reserva e o 229 voltou a ser titular. “Não foi só por superstição”, garantiu o piloto, deixando no ar a dúvida: será que o carro que ele vinha usando nas últimas provas tinha algum defeito de construção? Ninguém na Ferrari quis falar do assunto. Mas, pelo sim, pelo não, é com o velho 229 que ele vai terminar a temporada.

Disputa restrita a três pilotos

Monza – O resultado do GP da Itália restringiu a três o grupo de pilotos com chances matemáticas de conquistar o título deste ano. Até a prova de Monza, além de Schumacher, Montoya e Raikkonen, outros quatro tinham possibilidades, na ponta do lápis. Ralf, que não correu, Barrichello, terceiro ontem, Alonso, oitavo, e Coulthard, que abandonou, deixaram a disputa. Nenhum deles pode mais alcançar Michael, que chegou a 82 pontos no campeonato.

As derradeiras etapas acontecem nos EUA, dia 28, e no Japão, dia 12 de outubro. Até lá, as equipes continuarão treinando forte. A Ferrari, por exemplo, vai andar em Jerez, Fiorano e Monza a partir de hoje. Já a Wil-liams reservou Silverstone para três dias de testes.

Montoya disse ontem que a próxima prova, em Indianápolis, deve ser melhor para sua equipe. “A gente sabia que a Ferrari iria andar bem aqui. Eles têm uma boa velocidade nas retas. Acho que nos EUA estaremos mais fortes”, disse o colombiano.

As chances de o mundial ser definido em Indianápolis são pequenas. Se Schumacher vencer e Montoya terminar em quinto, por exemplo, ainda assim a decisão vai para Suzuka. A última vez em que um campeonato foi decidido na última etapa foi em 1999, com Mika Hakkinen conquistando o título em cima de Eddie Irvine no Japão.

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