Duas vitórias foram o bastante para escancarar o sorriso em Michael Schumacher. E para o alemão adiar a decisão sobre seu futuro.

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Mais velho piloto de F1 em atividade, 37 anos, o heptacampeão havia dito em janeiro que já tinha seu plano de vôo definido. ?Em junho, na metade da temporada, vou comunicar a todos se continuo correndo ou não. Tudo vai depender da competitividade de nosso carro e da minha própria, já que fiquei muito a desejar em 2005?, falou em Madonna di Campiglio, na Itália, na festa de apresentação da equipe.

Neste ano, Schumacher parece mesmo outro piloto: melhor fisicamente, disposto a testar como um novato, arrojado na pista, reproduzindo seus melhores momentos. Foi assim que derrotou a até então imbatível Renault em Ímola e Nürburgring. E se aproximou de Fernando Alonso na classificação do mundial. A diferença é de 13 pontos. Era de 17 após a terceira etapa do campeonato.

Ontem, em Barcelona, onde domingo acontece a sexta corrida do ano, Schumacher disse que ?a decisão pode sair bem tarde?, depois do prazo que ele mesmo havia estabelecido. ?A Ferrari não teria problemas em me esperar até o fim do ano.? E não mesmo. Luca di Montezemolo, presidente ferrarista, já falou mais de uma vez que ?enquanto ele quiser ficar, fica?.

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Assim, o ?dia do fico? ? ou do ?vou embora?? vai demorar um pouco, ainda. Como a Ferrari fez um carro mais do que razoável para 2006, Schumacher percebeu que pode brigar pela taça. E se pode agora, poderá no ano que vem. ?Minha motivação é competir para ganhar. Posso até não vencer, mas preciso sentir que tenho condições de lutar pelas vitórias. É isso que me faz correr?, falou o heptacampeão.

Se decidir continuar, Michael vai retardar a chegada de Kimi Raikkonen ao time. O finlandês acertou tudo com a Ferrari, mas colocou como condição não ter Schumacher como companheiro.

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O ?veto?, na verdade mais uma esperança de aposentadoria do alemão, fará com que Kimi acabe cumprindo uma espécie de ?mandato tampão? numa rival, a Renault. Como os franceses perderão Alonso para a McLaren, o nome de Raikkonen é o único à altura para substituí-lo em 2007. Ou em 2008. Ou até o dia em que Schumacher resolver largar as pistas para cuidar de seus cães na Suíça.

As negociações entre Kimi e a Renault já começaram. Na Alemanha, seus empresários se encontraram com Flavio Briatore. E não fizeram a menor questão de se esconder da imprensa.

Carros vão ser poupados nos treinos livres

Que ninguém espere muita atividade de pista hoje, nos primeiros treinos livres para o GP da Espanha. A maioria dos pilotos está na segunda corrida de seu motor, e o desgaste é grande em Barcelona, circuito que tem a segunda maior reta da temporada (só perde para Xangai).

Além disso, todos os pilotos passaram dias e mais dias treinando no traçado catalão na pré-temporada, já que a Espanha é o destino preferido dos testes de inverno por suas condições climáticas favoráveis. Resultado: pouca gente vai andar, e quem sair dos boxes vai percorrer poucas voltas.

A única motivação hoje pode ser experimentar novas asas dianteiras. A Ferrari, acusada de usar peças flexíveis, foi ?absolvida? pela FIA, e as demais equipes vão copiar o que está sendo feito em Maranello. ?É muito óbvio o que a Ferrari está usando e temos de fazer algo similar para competir com eles?, disse um projetista de uma equipe inglesa à revista Autosport, que ocultou seu nome. Os treinos hoje começam às 6h de Brasília. Serão duas sessões de uma hora cada. Amanhã o grid sai às 9h, mesmo horário da largada, domingo. O GP da Espanha, sexta etapa do Mundial, terá 66 voltas.