Um piloto tranqüilo e confiante, doido para correr logo e para ver se seu carro novo é tão bom quanto imagina. Foi assim que Michael Schumacher apareceu em Melbourne ontem para a primeira das 18 etapas do Mundial 2004 de Fórmula 1. Sem a menor preocupação com a concorrência. “Disputar uma corrida para mim é um prazer. E a primeira do ano é sempre emocionante”, falou o alemão, que à meia-noite de hoje estará no cockpit da Ferrari F2004 aguardando sua vez de ir para a pista no treino que define o grid do GP da Austrália.
Melbourne – O nervosismo e a tensão passam longe do piloto, que venceu os últimos quatro mundiais pelo time de Maranello. Tais sentimentos agora ficam reservados aos seus rivais. Que colocam em dúvida a qualidade do carro vermelho que mal viram durante os testes de pré-temporada. “Pelo que vi, eles não estão tão fortes. E nós temos um carro muito bom”, falou Juan Pablo Montoya, da Williams, que ainda coloca Renault e até a BAR como adversários capazes de andar na frente da Ferrari.
“Tudo isso a gente só vai saber no domingo”, contemporizou Schumacher. “É na corrida que vamos saber quem pode fazer o quê.” Michael é a imagem da tranquilidade. Nem a nova regra dos motores tira seu sono. Neste ano, se um motor tiver de ser trocado durante o fim de semana o piloto perderá dez posições no grid. “Estamos preparados para rodar 800 km com um motor só. As equipes de ponta não terão problemas.”
Schumacher não se abalou com nenhuma pergunta dos ansiosos jornalistas que havia meses não tinham a chance de falar com ele. Pediram que elegesse o melhor de todos os tempos, para ver se arrancavam alguma declaração bombástica, e o máximo que conseguiram foi uma declaração de idolatria a outro Schumacher. “Eu nunca tive grandes heróis nas corridas porque só fui me interessar por pilotos quando comecei a correr de F-3. Herói mesmo, só no futebol, o Toni Schumacher”, falou, sobre o goleiro da seleção alemã dos anos 80.
O formato da sessão que hoje define o grid, entrando pela madrugada do sábado, também mereceu elogios do piloto. “A pré-classificação no ano passado era muito complicada porque a gente pegava a pista muito ruim”, disse. Agora, os dois treinos acontecem juntos. Na primeira metade, os pilotos fazem voltas lançadas entrando na pista seguindo a ordem de chegada do último GP (veja quadro). O mais rápido na primeira metade será o último a sair dos boxes na segunda parte, que define o grid.
Outra novidade das regras de 2004 é a escolha dos pneus para a classificação e a corrida, que deverá ser feita depois dos treinos livres da sexta (que em Melbourne aconteceram ontem à noite e hoje de madrugada). Até o ano passado, ela deveria ser feita antes da classificação.
O GP da Austrália, que deverá ser disputado com sol e calor, começa à meia-noite de amanhã com 58 voltas. Schumacher, com a saída de Jacques Villeneuve, é o único campeão do mundo em atividade. Outra curiosidade: com média de 27,2 anos, o grid de Melbourne é o mais jovem da história numa abertura de mundial. A corrida de amanhã terá três estreantes (Christian Klien, da Jaguar, Giorgio Pantano, da Jordan, e Gianmaria Bruni, da Minardi) e três brasileiros (Rubens Barrichello, da Ferrari, Cristiano da Matta, da Toyota, e Felipe Massa, da Sauber).