Quando entrou na água ontem, para as duas últimas regatas do Campeonato Mundial da classe Laser, o velejador Robert Scheidt precisava apenas de um 23.º lugar para alcançar o octocampeonato. De maneira incontestável, o brasileiro foi 2.º colocado na primeira prova do dia, e ainda venceu a última, conquistando seu 123.º título na carreira, iniciada em 1990. "Se não foi perfeito, foi muito próximo disso", comentou o campeão, que venceu oito regatas, foi segundo em outras três, e ainda teve um 3.º e um 17.º lugares descartados. O mundial da classe Laser começou no dia 22 de setembro, na praia de Iracema, em Fortaleza, com 137 velejadores de 38 países.
Na conversa que teve com os jornalistas por telefone, Scheidt revelou que, apesar da ampla vantagem que teve sobre os adversários, a conquista não foi fácil. "Comecei com um 17.º lugar e tive que correr atrás. Mas estava muito bem preparado, me condicionei para chegar aqui no auge da minha forma física e, além disso estava competindo em casa, nas melhores condições para mim", contou o campeão.
Perguntado se após conquistar oito títulos ele não achava "sem graça" ser campeão mundial, o iatista negou: "De jeito nenhum, agora que está começando a ficar bom. Cada título tem uma história, são momentos diferentes da carreira. Além disso, a sensação de um título dura, no máximo, uma semana. Depois já começa a preparação para as próximas competições".
Sobre o futuro, ele confessou que o grande sonho é a conquista do tricampeonato olímpico, feito nunca alcançado por um brasileiro (Scheidt foi campeão em Atlanta/1996 e Atenas/2004, além de vice em Sydney/2000), mas antes disso, tem que pensar nas temporadas 2006 e 2007. Robert também revelou ter recebido alguns convites para participar da America’s Cup, uma espécie de Copa do Mundo do iatismo, mas, como essa competição o afastaria até meados de 2007 das classes olímpicas, o convite foi recusado.
Mas a grande expectativa da entrevista era quanto ao anúncio de uma possível mudança para a classe Star, que Scheidt já vem ensaiando desde o fim das Olimpíadas de Atenas. No entanto, a decisão ficou para depois. "Esse título confundiu ainda mais a minha cabeça. Não quero anunciar nada influenciado pela emoção de uma conquista. Uma decisão dessas precisa ser muito bem pensada, com calma, depois da euforia. Quem deve estar torcendo para que eu mude de classe devem ser meus adversários na Laser, que já devem estar organizando uma "vaquinha? para me dar um barco de Star", brincou o, agora, octocampeão mundial.