Foto: Valquir Aureliano |
Para o novo comandante tricolor, o time precisa jogar no ataque e é isso que ele pretende implantar a partir de hoje. continua após a publicidade |
Saulo de Freitas é a bola da vez. O maior artilheiro da história do clube volta ao comando técnico do Paraná Clube, na desesperada tentativa de sobrevivência na Série A do Brasileirão. A situação foi definida na tarde de ontem, após o pedido de afastamento de Lori Sandri. Uma troca realizada em caráter emergencial diante de um quadro terrível. Para se manter na primeira divisão, o Tricolor precisa de um milagre: pelas projeções, um aproveitamento superior a 60%.
E, para isso, traz um profissional da nova geração, intimamente ligado às cores do clube. Saulo da Fé de Freitas assume hoje trazendo no nome algo que o Paraná precisará ter de sobra: fé. Mas só isso não basta. O novo treinador antecipou mudanças radicais e promete, com seu carisma junto à torcida, dar a volta por cima, com muito trabalho. ?Trabalho e cobrança. É assim que podemos reverter esse quadro?, disse Saulo, que traz consigo um auxiliar técnico, Fernando Tonet, e um preparador físico, Fabiano Rosenau, profissionais com quem trabalhou em 2003.
Esta é a terceira incursão de Saulo de Freitas no clube, como treinador. Há quatro anos, o ex-artilheiro (e maior goleador da história do clube, com 104 gols) dirigiu o Paraná em duas etapas ao longo do primeiro Brasileiro por pontos corridos. Primeiro, como interino, substituindo Adilson Batista. Foram 7 jogos, com aproveitamento de 47,62%. Foi substituído por Edu Marangon, que duraria apenas seis rodadas. Então, Saulo foi chamado às pressas e seguiu à frente da equipe até o fim da temporada.
Nesta fase, foram 15 jogos, com rendimento de 57,78%. ?É isso que vamos buscar. Reação imediata?, disse Saulo. O treinador acertou contrato não apenas para essas oito rodadas ?de sufoco?. O ?Tigre da Vila? seu apelido dos tempos de goleador, vai comandar o Paraná também no Paranaense do ano que vem. E Saulo já antecipou mudanças no esquema de jogo e na postura do time. ?Em campeonato de pontos corridos, é preciso jogar no ataque. Então, não tenho intenção de utilizar três zagueiros?, afirmou.
A outra decisão do treinador, em conjunto com a diretoria, foi pela ?repatriação? de atletas que estavam excluídos do processo, como Márcio Careca, Da Silva e Serginho. ?Essa postura de afastar atletas só atrai um clima negativo para o clube.
Quero todos juntos, remando para o mesmo lado.? Essa determinação vale a partir de hoje, quando Saulo começa a montar o time para encarar o Flamengo. ?O plano de jogo é ofensivo, mas também temos que arrumar a defesa. Esse time vem tomando muitos gols, ainda mais para quem utiliza três zagueiros e dois volantes. Isso vai mudar?, assegurou o novo comandante paranista.
?Não estou abandonando o barco?, diz Lori Sandri
Lori Sandri afirmou que optou por deixar o comando do time pensando no bem do Paraná. O treinador admitiu que o trabalho não fluiu da forma como planejava e criar ?um fato novo? é a saída mais viável para o momento do clube, que corre contra o descenso e tem uma dura missão ao longo das oito rodadas que restam. ?Não estou abandonando o barco. Só que analisei a situação, tudo que se disse nos últimos dias e acho que essa é a melhor atitude a ser tomada?, afirmou Lori.
O treinador disse ser uma atitude de renúncia, visando ao melhor para o Tricolor. ?Tenho uma história nesse clube, desde 1966. E, como todos, estou preocupado com o futuro. Tentei dar minha colaboração, mas infelizmente o trabalho não fluiu?, analisou Sandri. Aproveitou a oportunidade para criticar os líderes da torcida Fúria Independente, que ameaçaram boicotar o time no jogo frente ao Flamengo, caso ele fosse o treinador. ?Esses caras têm que pensar no Paraná e não na vaidade pessoal. Trabalhar contra, num momento como esse, é inadmissível?, disparou.
Para Lori Sandri, fatos assim são resultado da cultura do futebol brasileiro. ?São torcedores profissionais, que sobrevivem às custas do clube. Mas não sou eu quem vai mudar isso?, lamentou. O treinador também acredita que o Paraná está pagando agora o preço pelas sucessivas mudanças no comando técnico. ?A cada profissional, é uma nova filosofia de trabalho. E os reflexos você só sente um ou dois meses depois. A falta de continuidade leva a isso?, afirmou Sandri.
O ex-treinador entende que o próprio processo político acabou ?contaminando? o grupo. ?Vejo, agora, que o clube precisa mais de um psicólogo do que um treinador. Torço para que tudo dê certo e o Paraná consiga seu objetivo?, disse. Na sua visão, o maior desafio será dar um perfil homogêneo a um grupo que vem sofrendo constantes alterações e apresenta jogadores em estágios de preparação física e técnica distintos. ?Acredito que a aposta esteja nos quatro jogos em casa. A partir disso, o Paraná pode buscar alguns pontinhos a mais fora da Vila?, finalizou Sandri.
Promoção pra encher a Vila
O momento é delicado e, justamente por isso, o Paraná quer unir forças para tentar se manter na elite do futebol brasileiro. Pensando nisso, a diretoria paranista, além de trazer o maior ídolo do clube para comandar o time, também anunciou uma promoção no preço dos ingressos para o confronto contra o Flamengo, neste sábado.
Os torcedores podem comprar as entradas para curva norte, reta do relógio e geral por apenas R$ 10 (R$ 5 a meia). Nas cadeiras, o preço é R$ 30, na arquibancada social R$ 20. Os ingressos de camarote também custam R$ 10. Todos os setores contam com meio-ingresso. Apenas o setor da torcida visitante não terá promoção. O preço continua o mesmo, R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).
A venda começa hoje, a partir das 15h, em todas as sedes do clube. O jogo contra o Flamengo, que é de vida ou morte pro Tricolor, assim como todos os outros restantes, está marcado para sábado, às 16h, na Vila Capanema.