Saulo é, de novo, o técnico do Paraná

Saulo de Freitas está de volta ao comando técnico do Paraná Clube. A demissão de Edu Marangon foi definida ontem pela manhã e desta vez a diretoria desistiu de novas experiências. Admitiram o erro cometido no afastamento de Saulo – há exatos 43 dias -, que comandara interinamente o Tricolor por sete jogos, com um aproveitamento muito próximo àquele apresentado na “era Cuca”, a melhor fase da equipe no Brasileirão.

Desta vez sem o título “interino” e com uma comissão técnica constituída, Saulo de Freitas quer resgatar o futebol ofensivo e prático da equipe. “Alegria, com responsabilidade. É isso que vamos buscar”, afirmou o treinador. A equipe de trabalho foi apresentada ontem.

Júlio César de Camargo passa de preparador de goleiros a auxiliar-técnico. Mais um profissional foi contratado para assistente de Saulo, o ex-jogador do Paraná, Neguinho, oriundo do futebol amador de Curitiba. O treinamento dos goleiros, agora, terão a supervisão de Renato Secco (ex-Coritiba, entre 1993/1995) e que vinha trabalhando nas categorias de base do Paraná.

“Estamos buscando fortalecer a nossa comissão técnica para que possamos dar a volta por cima”, comentou o vice de futebol José Domingos Borges Teixeira. “O erro existiu. Assumimos, mas não persistimos”, disse o dirigente. Quando foi afastado, Saulo tinha um aproveitamento de 47,62%, pouco abaixo dos 50% de Cuca e acima dos 41,67% de Adílson Batista. “Decidimos pela contratação de um novo técnico logo após uma derrota para o Santos, uma das melhores equipes desta competição. Houve precipitação”, reconheceu Zé Domingos.

Saulo terá apoio irrestrito da diretoria e será tranqüilidade para trabalhar até o fim do ano. Serão 15 jogos para mostrar seu trabalho e devolver o Paraná à uma posição tranqüila na classificação. “Ele é o nosso técnico para o restante do campeonato”, assegurou o vice de futebol. Ao que tudo indica, desta vez a política será essa. Com jogos decisivos em seqüência, o Tricolor não pode se dar ao luxo, nem dispõe de tempo para adaptações à novas filosofias.

Os dirigentes também estiveram reunidos com o grupo de jogadores e houve, nas palavras de Zé Domingos, “uma conversa forte”. O objetivo foi aparar certas arestas e certificar-se de que alguns atritos entre jogadores não passaram de uma cobrança “mais intensa” devido ao mau momento do time. “Saímos satisfeitos com o resultado da conversa, acreditando na palavra dos atletas, que estão fechados em torno de Saulo”, finalizou o dirigente.

Fábio Braz dispensado

A guilhotina não atingiu somente a comissão técnica. O zagueiro Fábio Braz “rodou” e seu contrato está sendo rescindido. O fraco desempenho do jogador e o mau momento do time foram cruciais para a decisão dos dirigentes. Contratado para reforçar a defesa paranista, Fábio Braz participou dos dois últimos jogos e não conseguiu mostrar futebol suficiente para justificar sua permanência no elenco.

Esta acabou sendo a única “vítima”, após o vexame em Santos. Ainda nos vestiários, o presidente Enio Ribeiro mandou recado: “Assim não dá”. Entre as medidas possíveis estavam a dispensa de atletas e a aplicação de multas devido ao fraco desempenho. Entre sábado e ontem, a situação se acalmou. Decidiu-se pela permanência do grupo, à exceção de Fábio Braz. O zagueiro jogou pouco mais de 120 minutos com a camisa do Paraná e cometeu erros capitais nas derrotas para Coritiba e Ponte Preta.

Em meio à turbulência, surgiram alguns nomes que fariam parte de uma possível lista de dispensas, mas o assunto foi descartado pelos dirigentes. “Alguns jogadores precisam render mais e foram cobrados, mas não há nenhuma lista negra aqui no clube, não”, comentou o vice de futebol, José Domingos.

“Sonho” agora se resume a 10 pontos salvadores

A crise técnica ao longo deste returno do campeonato brasileiro fez com que o Paraná Clube redefinisse metas. O objetivo inicial de conquista de uma das vagas às competições internacionais foi momentaneamente deixado de lado. Para não rever antigos fantasmas, a estratégia é somar o mais rapidamente possível os dez pontos que garantiriam a permanência matemática do clube na primeira divisão nacional.

Após a conquista destes pontos, a situação será revista. Saulo de Freitas concorda com a política e sabe que o jogo de amanhã, às 21h40, frente ao São Paulo, no Couto Pereira, é chave para a seqüência do Tricolor no Brasileirão. “Precisamos de uma resposta imediata, independente da qualidade do adversário”, ressaltou Saulo. “No momento, o que mais me interessa é resgatar a auto-estima dos atletas e o bom futebol que eles têm condição de desenvolver”.

Saulo não fez comentários sobre seu antecessor, mas deixou claro que voltará ao esquema tático tradicional. “Prefiro o 4-4-2 e essa deverá ser a mudança mais significativa”, avisou. Quanto às críticas de Edu Marangon ao departamento médico, à preparação física e ao paternalismo com que os jogadores seriam tratados, o novo treinador evitou polêmica. “Só sei que estou aqui desde o início da competição. Dirigi o time em sete jogos e não detectei nenhum problema físico”, lembrou Saulo.

A falta de diálogo entre Edu e os preparadores físicos Fabiano Rosenau e Fernando Tonet era evidente. Desde a derrota na Bahia (4×2), o auxiliar técnico Antônio Carlos Bona é quem supervisionava os treinos físicos. Também foi ele quem reformulou os treinos realizados ao longo da intertemporada, independente dos testes terem mostrado que o grupo – com raras exceções – estava em plena forma. Com a volta do 4-4-2, Fernandinho terá nova oportunidade no time titular.

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