Asia, Peru – Sem jogar um torneio oficial desde o US Open, em setembro do ano passado, e sentindo a falta de ritmo e confiança em seu jogo, Gustavo Kuerten não será titular em simples da equipe brasileira, que enfrenta o Peru, de hoje a domingo, na cidade de Asia, pela primeira rodada do Grupo I da Copa Davis.
Será uma experiência inédita para o tricampeão de Roland Garros. Mas, nem por isso, Guga mostrou-se abatido ou aborrecido. ?É o melhor para a equipe?, garantiu o maior tenista brasileiro da história.
Sem Guga nas simples, o sorteio apontou Flávio Saretta para fazer o primeiro jogo diante de Ivan Miranda, a partir das 10h (13h de Brasília), com transmissão da SporTV.
A seguir, Ricardo Mello irá desafiar o número 1 peruano, Luís Horna.
Para as duplas, amanhã, Guga está escalado ao lado de André Sá. Eles irão enfrentar Ivan Miranda e Matias Silva. E no domingo, novamente nas simples, Saretta pega Horna e Mello enfrenta Miranda, mas os dois capitães podem fazer alterações nessas escalações.
O capitão brasileiro, Fernando Meligeni, demonstrou confiança na sua escolha e não teme críticas por ter tirado Guga da condição de titular. ?Sem arrogâncias, este é o meu cargo. Tenho de ver o que é o melhor. E para os jogos desta sexta-feira escalei os tenistas que estão em melhores condições de colocar o Brasil à frente?, explicou.
Existe ainda a possibilidade de Guga voltar à condição de titular no domingo, para enfrentar Ivan Miranda, um tenista apenas razoável e sem as mesmas armas de Horna. Meligeni revelou que nas conversas com os jogadores sempre exigiu que todos estivessem prontos para qualquer compromisso e o próprio Gustavo Kuerten reconheceu que seria um risco muito grande entrar em quadra neste primeiro dia de confronto.
?Acho que será uma boa estratégia?, afirma Guga. ?Fazer o primeiro jogo com Horna, em melhor-de-cinco sets, logo no primeiro dia, poderia comprometer o resultado de todo o confronto.?
Para Ricardo Mello, entrar como titular transformou-se numa grande chance. E ele garantiu que não vê pressão em substituir Guga. ?Esta semana recebi muito apoio do Meligeni, do Mauro Menezes e do próprio Hernan Gumy (técnico de Gustavo Kuerten) e vamos ver se já não conseguimos uma boa vantagem para o Brasil logo no primeiro dia.?
Na condição de número 1 do Brasil, Flávio Saretta faz um jogo chave, diante de Ivan Miranda. Afinal, entra em quadra com a responsabilidade de vencer, o que não acontece com Ricardo Mello, que enfrenta o favorito Luis Horna.
De comportamento instável, Saretta mostra-se seguro e confiante.
?Treinei bem toda a semana e acho bom fazer o primeiro jogo. Está fácil acordar cedo aqui (existe uma diferença de fuso horário de três horas em relação ao Brasil) e entro em quadra apenas preocupado com meu jogo. Sei que será difícil, mas estou confiante?, afirmou.
Oásis de tranqüilidade
Até agora, a tranqüilidade imperou no lugarejo de Asia. Mas a cidade promete ferver no fim de semana. Ponto turístico, a uma hora de carro ao sul da capital Lima, o local costuma ter uma série de atrações de sexta-feira a domingo. E o confronto da Copa Davis é uma delas.
Num cenário árido, construiu-se a quadra para 2,5 mil pessoas próximo a um centro comercial e espera-se boa torcida para incentivar os tenistas peruanos.
Em Asia existe apenas um hotel, relativamente simples. Mas há vários condomínios, com extrema segurança. O grande público vem de Lima e dizem que a vida noturna é agitada, uma festa. Quem tem casa passa o fim de semana, outros só passam o dia ou a noite e viajam de volta para Lima.