São Paulo – Candinho sentiu, na estréia pelo Palmeiras, que terá enorme dificuldade para acertar a equipe. E viu seu amigo Emerson Leão comemorar fácil vitória do São Paulo por 3 a 0, ontem, no Morumbi.
Com apenas 10 pontos em oito rodadas, os palmeirenses praticamente se despedem da briga pelo título paulista. E, pior, estréiam na Libertadores, em 2 de março, contra o Cerro Porteño, em situação delicada e, provavelmente, com o time ainda bem desarrumado.
Os são-paulinos, por outro lado, festejam o bom momento. Mantiveram a liderança do Campeonato Paulista, com 22 pontos, e asseguraram a invencibilidade na temporada.
O placar expressou bem a diferença entre as equipes. E a diferença poderia até ter sido maior se Grafite não tivesse desperdiçado pelo menos três boas oportunidades no primeiro tempo. Aliás, há muito folclore na história de que em clássico as diferenças ficam fora de campo. Normalmente, o melhor vence -às vezes, a zebra aparece.
O Morumbi recebeu quase 37 mil pagantes, bom público em se tratando de uma partida de início de ano, que não decide quase nada. Nas arquibacandas, grande vantagem dos são-paulinos, entusiasmados com a campanha do time. Os palmeirenses, apesar da estréia de Candinho, não escondem o desânimo. E têm motivos de sobra para tanta desconfiança.
Falta armação no meio-campo, faltam laterais de melhor nível e falta um esquema tático. É difícil esperar algo melhor do Palmeiras nas próximas semanas ou até mesmo nos próximos meses, reconhecem os próprios atletas. "Está difícil para nós, as coisas se complicam cada vez mais, infelizmente perdemos mais uma, e precisamos melhorar muito", desabafou o volante Marcinho.
Nem do lado de fora parece haver sintonia. Houve briga entre torcedores do Palmeiras durante o intervalo e o início do segundo tempo. Fato lamentável.
Do outro lado, festa com a vitória no primeiro clássico da equipe. Principalmente de Rogério Ceni, que marcou um belo gol de falta e o dedicou às filhas, as gêmeas Clarice e Beatriz, que completaram 2 meses de vida ontem. "O gol foi importante e o resultado mais ainda", comemorou. "O gol vai para as minhas filhas e a minha mulher, que cuida delas enquanto eu viajo ou estou nas concentrações."
Se fossem um pouco mais velhas e já pudessem ver futebol, Clarice e Beatriz fatalmente se divertiriam na frente da televisão. O Palmeiras não deu nenhum susto e o São Paulo passeou em campo. Logo no início, Grafite fez boa jogada pela direita e foi derrubado por Nen dentro da área: pênalti. Diego Tardelli cobrou bem e fez seu oitavo gol na temporada.
O Palmeiras chegou a equilibrar a partida, mas não tinha ninguém que armasse no meio-campo. Candinho utilizou o esquema 4-4-2 e escalou Cristian e Magrão como os responsáveis pela criação. Não obteve sucesso. Os são-paulinos retomaram o domínio do confronto e tiveram boas oportunidades para ampliar o marcador, mas Grafite falhou nas finalizações. "Faltou caprichar um pouco mais e também sorte", lamentou o atacante.
Candinho tirou Cristian e colocou o lateral Fabiano na armação, após o intervalo, mas nada mudou. O Palmeiras quase não passou do meio. O São Paulo fez mais dois gols, com Rogério Ceni e Luizão – seu primeiro com a camisa tricolor -, e ainda deu ?olé? nos minutos finais.
Ficha técnica
Gols: Diego Tardelli, aos 6 do 1.º tempo; Rogério Ceni, aos 31, e Luizão, aos 41 do segundo.
Palmeiras: Sérgio; Bruno, Daniel, Nen e Lúcio; Marcinho, Correia (Claudecir), Magrão e Cristian (Fabiano); Ricardinho e Osmar (Adriano Chuva). Técnico: Candinho.
São Paulo: Rogério Ceni; Alex, Lugano e Edcarlos; Cicinho, Mineiro, Josué, Danilo (Renan) e Júnior (Fábio Santos); Diego Tardelli e Grafite (Luizão). Técnico: Emerson Leão.
Renda: R$ 480.205,00. Público: 36.832 pagantes.
Local: Morumbi.
Goleiro festeja a grande fase e outro gol de falta
São Paulo – O jogo estava se complicando e Rogério Ceni mais uma vez salvou o São Paulo. O chute, da esquerda para a direita, passou pela barreira e enganou Sérgio. Um gol que tem muito mais a ver com experiência do que treinamento. "É difícil treinar como antes, há oito ou dez anos. São muito, jogos, mas a gente vai ficando velho e a precisão aumenta. Além disso, conheço mais os goleiros que estão do outro lado, o estilo de cada um. Mesmo um goleiro ótimo como o Sérgio pode ser vencido. Tinha muita gente na barreira e isso me ajudou."
Foi a terceira vez que marcou um gol contra o Palmeiras. E a primeira em que o jogo terminou com vitória do São Paulo. Agora, são 35 gols na carreira, 31 de falta e quatro de pênalti. Rogério tem os números na cabeça, contabiliza também seis gols que marcou em decisões por pênaltis. Mesmo assim, não coloca metas na carreira. "Não coloco pressão sobre mim. Vou treinar sempre e cobrar sempre que for possível. Até o último dia em que estiver jogando, mas não vou colocar uma meta a ser alcançada. O que vier, está bom", diz o jogador, que caminha para entrar na história do São Paulo. Ontem, completou 580 jogos com a camisa do clube. Só perde para Valdir Perez, goleiro que defendeu o São Paulo 597 vezes.
O gol foi dedicado à mulher e às filhas gêmeas, Ana e Beatriz, que completaram dois meses. E teve também um comentário dedicado a Parreira, que não o convoca para a seleção. "Tem gente que considera o gol apenas um detalhe, mas eu acho que é a coisa mais importante do futebol."
Luizão
Na vitória sobre o Palmeiras, o atacante voltou a fazer um gol depois de quatro meses, período em que passou se recuperando de uma lesão no joelho esquerdo. Nesse tempo, atuou durante apenas 107 minutos, substituindo titulares em quatro partidas. O gol foi de cabeça, após cruzamento de Cicinho. "Vim para o time certo, que me deu condições de recuperação. Estou muito feliz." Foi o gol de número 245 de Luizão, em 493 jogos na carreira.