Não é apenas a oportunidade de derrotar o badalado time de Neymar e Ganso que o São Paulo terá neste domingo, quando entrar no gramado do Morumbi, a partir das 16 horas, e de carimbar o passaporte para a final do Campeonato Paulista. O clássico dará a chance à equipe do técnico Emerson Leão de reverter uma marca histórica extremamente incômoda: ainda não sentiu o gostinho de derrotar o Santos em mata-matas neste século. A última vitória foi no Paulistão de 2000, quando fez a final com o rival.
Os últimos fracassos são-paulinos aconteceram justamente em semifinais do Paulistão. Em 2010, quando os Meninos da Vila eram febre nacional, foram duas vitórias santistas (3 a 2 no Morumbi e impiedosos 3 a 0 na Vila Belmiro) e a coroação do primeiro título da nova geração de craques. No ano seguinte, a desforra foi impedida por atuações brilhantes de Neymar e Ganso, que marcaram um gol cada e levaram o Santos ao triunfo por 2 a 0 no duelo único, jogado no Morumbi. Além dos tropeços regionais, o Santos levou a melhor no Brasileirão de 2002 (com o time de Robinho e Diego) e na Copa Sul-Americana de 2004.
O retrospecto desfavorável não intimida os são-paulinos. Pelo contrário. A emocionante vitória por 3 a 2 na fase de classificação do Paulistão serviu para dar confiança aos jogadores do São Paulo, mostrando que é possível bater o adversário e finalmente levar a melhor em uma série eliminatória. O grupo acredita que se conseguir reeditar o espírito aguerrido daquele duelo, as chances de avançar à final são grandes. “É um grande time, que joga um futebol muito bonito de se ver, mas mostramos antes que temos condições de vencê-los”, afirmou o volante Casemiro.
Para encerrar a freguesia neste domingo, o São Paulo precisará superar o importante desfalque de Luis Fabiano, suspenso pelo terceiro cartão amarelo. A ausência do seu principal atacante deixou Leão na dúvida por optar entre Willian José, de características semelhantes, ou um velocista, que pode ser Fernandinho ou Osvaldo. Outra dúvida é sobre qual esquema o treinador colocará em campo. A exemplo do que aconteceu na primeira fase, a tendência é que o time esqueça a formação com três atacantes e reforce o meio com Casemiro, que vem se destacando sempre que entra no decorrer das partidas.
O São Paulo acabou ganhando uma vantagem inesperada no meio de semana. Como o jogo com a Ponte Preta, que deveria acontecer na noite da última quinta-feira, foi adiado por causa da chuva em Campinas, a equipe teve a semana inteira para descansar. Enquanto isso, o Santos foi à Bolívia e jogou nos 3,6 mil metros de altitude de La Paz, contra o Bolívar, pela Libertadores. Apesar do “bônus”, ninguém no Morumbi acredita que isso tornará o rival mais fraco. “Eles jogaram na quarta-feira e voltaram em voo particular, fretado. Também puderam descansar”, minimizou Leão.
PERTO DO TRI – Se vencer o São Paulo, o Santos ficará muito perto de comemorar a conquista do tricampeonato paulista, repetindo o feito do fim dos anos 60, no auge do reinado de Pelé. Mas não bastassem o desgaste da derrota por 2 a 1 diante do Bolívar na altitude e o cansaço em decorrência das viagens de ida e volta à La Paz, o time santista terá a desvantagem de enfrentar um adversário que não jogou no meio de semana.
Além disso, o técnico Muricy Ramalho não poderá contar com Fucile e Juan, seus laterais titulares. O primeiro não curou a tempo a torção no tornozelo esquerdo e o segundo não poderá jogar porque ainda está vinculado ao São Paulo. Na direita, vai continuar Maranhão. E na esquerda, volta um dos jogadores mais vencedores da história recente do clube, o experiente Léo, que vai completar 37 anos em julho e se livrou das constantes dores no joelho direito.
“Com a artroscopia a que me submeti há quase três meses, superei um problema que me incomodava desde o ano passado. Até parecia que havia um grão de feijão entre os ossos na articulação do joelho. Agora, estou me sentindo em plenas condições”, assegurou Léo. Em 2012, ele começou como titular apenas contra o Oeste, no dia 2 de fevereiro, na Arena Barueri. Foi a sua 400ª partida pelo Santos, somadas as da sua primeira passagem pelo clube, de 2000 a 2005, e da atual, iniciada em 2009.
No dia seguinte ao jogo contra o Oeste, as dores no joelho aumentaram e os exames de diagnóstico por imagem mostraram a necessidade da realização da artroscopia. “Deveria ter operado antes”, lamentou Léo. O primeiro teste para valer após a artroscopia aconteceu no segundo tempo contra o Catanduvense, no dia 15 de abril. O veterano lateral correu, dividiu e, principalmente, mostrou estar confiante.
Mais do que em outro jogo qualquer, o Santos vai precisar dominar o meio-de-campo, agrupar os três setores e procurar ficar mais tempo com a bola para não se desgastar e, ao mesmo tempo, ditar o ritmo da partida à espera do momento certo para tentar o gol. Essa é a tática armada por Muricy para bater o São Paulo no Morumbi. Mas a principal arma santista é mesmo o talento de Neymar.