São Paulo massacra e humilha o Corinthians

São Paulo – Envergonhado, humilhado, revoltado. O torcedor do Corinthians certamente deve estar se sentindo assim, por culpa da apática atuação do seu time na derrota por 5 a 1 para o São Paulo. Uma goleada que possivelmente mandará o técnico Daniel Passarella de volta para a Argentina – embora ele garanta que vai ficar. E que deve, no mínimo, resultar em uma forte cobrança às estrelas do time, tal a displicência em campo. Cobrança que começou durante a própria partida, com os torcedores protestando nas arquibancadas – alguns chegaram até a invadir o gramado do Pacaembu, mas foram contidos antes que agredissem alguém. O Corinthians é uma panela de pressão, que explodiu.

Ontem, o Corinthians não foi o Corinthians. Em nenhum momento os jogadores demonstraram a garra que sempre caracterizou a equipe. Ao contrário, foram complacentes, irritantemente apáticos.

Não cola a desculpa dada por jogadores como Gustavo Nery e Roger ao final do jogo, de que os três gols relâmpagos sofridos desestruturaram a equipe. De fato, o São Paulo precisou de apenas 16 minutos para fazer 3 a 0 – aos 3?, na cobrança de um pênalti de Marquinhos em Grafite, Rogério Ceni fez 1 a 0; aos 13?, Luizão cabeceou um rebote de Tiago em cobrança de falta de Rogério e marcou o segundo; aos 16?, Carlos Alberto jogou para dentro do próprio gol um chute de Danilo que iria para fora (o árbitro anotou o gol para o meia são-paulino). É, lógico, um baque, ainda mais num clássico. Mas nada justifica a apatia e a indiferença.

Teria sido a falta de vontade dos corintianos um ?empurrãozinho? para ajudar a derrubar Passarella? É preferível não acreditar nisso. Mesmo porque o argentino não precisa desse tipo de ajuda. Ele mesmo se complica. Além de decisões atabalhoadas como dispensar um goleiro às vésperas de uma decisão e treinar uma formação para depois entrar em campo com outra, também se enrola ao armar a equipe.

Ontem, por exemplo, manteve-se fiel aos três zagueiros. Mas colocou apenas Marcelo Mattos como volante, com Roger um pouco mais recuado do que em outras partidas e Carlos Alberto mais avançado. Como Roger não marca ninguém, toda vez que um são-paulino pegava a bola tinha ?uma avenida?? para caminhar, até a entrada da área adversária.

No segundo tempo, o técnico tentou corrigir isso, quando trocou um zagueiro (Betão) por outro volante (Bruno Octávio). A esta altura, o time já sofrera o quarto gol, num lance em que Júnior pegou a bola no meio-campo, caminhou até a área sem que ninguém o atrapalhasse e tocou para Luizão marcar.

Sem contar que Carlos Alberto – que acabaria fazendo de pênalti o gol de honra do Corinthians – não armava, Roger também não e, assim, Tevez não viu a bola. A conseqüência é que ficou bem fácil para o São Paulo, e não apenas pelos três gols marcados rapidamente. Também por impor-se e por brindar a torcida com belos lances, como o golaço de Cicinho, num chute no ângulo, quinto da goleada.

Na estréia do técnico Paulo Autuori, o São Paulo fez excelente partida, num jogo em que se falou mais do vencido do que do vencedor.

Passarella

Os cinco gols são-paulinos não foram suficientes para a demissão sumária de Daniel Passarella. O argentino foi dormir com a cabeça cheia, mas com o emprego garantido – pelo menos até hoje, quando a cúpula do clube e da MSI voltam a se reunir para discutir a situação do treinador.?É um momento muito doloroso, mas interiormente tenho força para continuar?, afirmou Passarella.

?Vamos tomar uma decisão de forma mais calma, uma coisa melhor pensada?, disse o diretor da MSI, Paulo Angione, acrescentando que a decisão será tomada por um ?colegiado? de representantes da empresa e do clube.

Ficha Técnica

Gols: Rogério Ceni (pênalti) aos 3?, Luizão aos 13? e Danilo aos 16? do 1.º tempo; Luizão aos 2?, Cicinho aos 28? e Carlos Alberto, aos 44? do 2.º. Corinthians: Tiago; Anderson, Betão (Bruno Octávio) e Marquinhos; Edson, Marcelo Mattos, Roger, Carlos Alberto e Gustavo Nery. Tevez e Gil (Jô). Técnico: Daniel Passarella. São Paulo: Rogério Ceni; Fabão, Alex e Edcarlos; Cicinho, Mineiro, Josué, Danilo e Júnior (Fábio Santos); Luizão (Diego Tardelli) e Grafite (Souza). Técnico: Paulo Autuori. Árbitro: Wilson Luiz Seneme (SP). Renda: R$ 251.199,00. Público: 17.490 pagantes. Local: Pacaembu (São Paulo).

STJD já acena com punição

São Paulo – O Corinthians deverá ser punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) com a perda de mando de campo em conseqüência da invasão de torcedores no gramado do Pacaembu, na tarde de ontem, durante a partida contra o São Paulo. De acordo com o presidente do tribunal, Luiz Zveiter, a procuradoria do órgão deverá analisar as imagens da partida e muito provavelmente vai denunciar o clube. ?Eu não posso dizer ainda que o clube será punido, mas a procuradoria deverá analisar as imagens e o clube deverá ser punido?, advertiu ele.

O Corinthians corre o risco de perder o mando de 1 a 3 jogos, além de sofrer multa que pode variar de R$ 50 mil a R$ 500 mil.

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