A demissão do técnico Oswaldo de Oliveira, ocorrida na noite de sábado, e a disputa entre conselheiros para conseguir pôr seu treinador de preferência no clube conturbou ainda mais o pesado clima político no São Paulo. O presidente Marcelo Portugal Gouvêa foi criticado por muita gente, que o considerou autoritário na decisão de tirar Oswaldo sem consultar quase ninguém. E um grupo considerável achou estranho o fato de ele ter mandado o técnico embora sem ter definido um substituto.

Mas Marcelo Portugal Gouvêa, que vem tentando montar um time competitivo desde o início de sua gestão, tratou de ouvir cardeais de sua confiança sobre qual técnico contratar. “Me sugeriram uns 15 nomes”, contou o presidente. Após uma reunião de diretoria, porém, sobraram cerca de 5 nomes. Em novo encontro hoje, é possível que se defina o técnico a ser procurado. Ricardo Gomes, da seleção olímpica, Tite, do Grêmio, Casagrande, ex-jogador, Oscar Bernardi, que defendeu o São Paulo nos anos 80, e Emerson Leão, do Santos, são os mais cotados. Outros, como Toninho Cerezo, aparecem com chances.

Se a diretoria não chegar a um nome de consenso hoje, é possível que o preparador de goleiros Roberto Rojas, que dirigirá o time contra o Goiás, amanhã, fique no comando por pelo menos mais uma semana. Juvenal Juvêncio, que já foi presidente do São Paulo e tem prestígio com Gouvêa, é favorável a que se espere mais algum tempo para contratar o treinador.

Essa seria uma estratégia para esperar os resultados das oitavas-de-final da Copa Libertadores da América. Dois dos profissionais que interessam ao São Paulo estão envolvidos na competição continental: Tite e Leão. Os são-paulinos acreditam que, caso o Santos seja eliminado pelo Nacional, amanhã, o técnico possa aceitar deixar o clube. Leão vem dizendo que acha que seu ciclo na Vila Belmiro termina no fim do ano. Mas uma eventual saída da Libertadores e uma boa proposta do São Paulo podem antecipar seus planos. O trabalho do santista agrada, sobretudo, a Gouvêa. Tite garante que não sai do Grêmio e a diretoria gaúcha tampouco admite liberá-lo. Mas, se o Grêmio perder para o Olímpia, do Paraguai, na quinta-feira, a situação pode mudar. Os dirigentes do Morumbi gostaram da atuação de Roberto Rojas no domingo, contra o Figueirense, e, por isso, não temem deixá-lo mais alguns dias no cargo. Não fez invenções. Gostaram de suas substituições. Pôs Ailton no lugar de Souza e trocou Júlio Baptista por Kléber. O time, que perdia a partida, virou e ganhou por 3 a 2.

Rojas, porém, quase não fez discurso antes do jogo. O goleiro Rogério Ceni, líder do elenco, foi quem tomou a palavra e deu instruções para vários jogadores. Rojas não tem, contudo, nenhuma chance de ser efetivado.

Se o São Paulo tivesse sido derrotado, a diretoria iria trabalhar mais rapidamente em busca de um substituto para Oswaldo, que foi para o Rio, onde está com a família. Ele diz, por enquanto, que não pretende conversar com a imprensa. Afirmou a amigos, no entanto, que saiu aborrecidíssimo do São Paulo.

Até quinta, Tite não fala no São Paulo

O técnico Tite não quer nem falar no São Paulo até quinta-feira, quando o Grêmio decide a vaga nas quartas-de-final da Copa Libertadores com o Olímpia. Pelo menos é o que ele demonstrou diante dos repórteres que acompanharam o treino de ontem no Estádio Olímpico. “Não recebi proposta oficial de ninguém e meu pensamento está voltado somente para o Olímpia”, disse, informando que era tudo o que falaria sobre o interesse do tricolor paulista.

A postura de Tite pode estar voltada para o consumo externo. Fiel ao estilo de “focar” suas atenções no objetivo imediato, o técnico pode estar despistando. Ele já teria sido aconselhado por amigos a aproveitar a chance para mudar de clube deixando para trás o desgaste a que se submeteu no Olímpico nos últimos meses, quando o time não conseguiu bons resultados, e partindo para um grande desafio. Além disso, circulou em Porto Alegre a informação de que o São Paulo não tem pressa e só vai anunciar seu novo técnico na sexta-feira. Um dia depois do jogo do Grêmio com o Olímpia.

Ao mesmo tempo, o tricolor gaúcho estaria interessado em ter de volta Valdir Espinosa, o técnico que dirigiu o clube na conquista da sua primeira Libertadores e do título mundial, em 1983.

Muricy

Incluído pelo presidente do São Paulo, Marcelo Portugal Gouvêa, numa lista de 14 opções que o clube tem para escolher, Muricy Ramalho, do Internacional, usou um discurso semelhante ao de Tite. “Não recebi nada, não posso falar nada” disse, referindo-se a um suposto convite do São Paulo. Muricy está numa situação mais confortável que a do técnico gremista.

Por ter levado um time desacreditado à liderança do campeonato brasileiro, é um dos ídolos da torcida. E tem o sonho de mostrar ao Brasil que a posição atual não é obra do acaso e será mantida e consolidada com o entrosamento e a maturidade que o time está adquirindo sob sua orientação.

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