São Paulo (AE) – Dificilmente um são-paulino dirá que os santistas são seus grandes adversários. E o contrário também é verdade. Nos últimos anos, no entanto, São Paulo e Santos parecem estar se esforçando para esquentar a rivalidade.
Em 2005, o time da Baixada, só para não deixar o adversário ser campeão estadual em seu estádio, mandou seu jogo em Mogi-Mirim. A equipe do Morumbi levou o título em duelo sem gols e longe de casa. Um ano depois, pode dar o troco e evitar que o Santos, precisando apenas de um empate, seja campeão nos seus domínios hoje, às 16 horas.
O zagueiro tricolor Lugano lembra da atitude santista com rancor: "Achei que essa é uma postura de time pequeno", disse, para tomar atitude superior. "O São Paulo é time grande e age como tal. Se o Santos for campeão, vai comemorar seus méritos."
O volante do Santos, Maldonado, acha que seu time não precisa de provocações para chegar ao título. "Tudo que fizemos até agora mostra que estamos em situação melhor. Se seguirmos assim, ficaremos com a taça."
A ordem de evitar cutucões não foi levada em consideração pelos técnicos. Vanderlei Luxemburgo afirmou que Muricy Ramalho, do São Paulo, tentou desestabilizar sua equipe ao dizer que o Santos tinha apenas um ponto de vantagem – dando como certo que o tricolor venceria o clássico. O treinador são-paulino respondeu: "Quando tiver que atirar em alguém, tento acertar logo na testa".
A briga entre as equipes vai assim sendo alimentada. Diego, ex-meia santista, pisou no símbolo são-paulino existente na lateral do campo do Morumbi. Era o brasileiro de 2002 e, desde então, seguranças protegem o local durante as partidas.
Luxemburgo e Muricy, na sexta-feira, evitaram novos atritos. No fundo, são parecidos na maneira de trabalhar: usam como base o 3-5-2, mas não descartam mudar os times para uma formação com três atacantes.
O mau humor no banco de reservas
Marcos Rogério Lopes
São Paulo – "Ô Juan, vê se corre logo com isso, poxa. Adianta logo essas entrevistas porque vou ficar 5 minutos só e deixo todo mundo aí." Foi com estas palavras dirigidas ao assessor de imprensa do Santos que o técnico Vanderlei Luxemburgo se mostrou aos repórteres após o treino de sexta-feira. O estilo mal-humorado do técnico não mudou na reta final do paulista.
Dizer, no entanto, que ele não é divertido muitas vezes é também exagero. Assim como seu rival deste domingo, Muricy Ramalho, do São Paulo, Luxemburgo também se esforça para demonstrar proximidade com as pessoas do clube e com a imprensa. "As vezes você faz perguntas que eu não tenho como e nem posso responder antes do jogo, mas foi boa, parabéns pela pergunta", disse o técnico a um jovem repórter.
Muricy, de acordo com as pessoas que o conheceram em outros clubes, está light no Morumbi. Não é mais o carrancudo treinador de antes e chega até a fazer brincadeiras durante as coletivas. Durante sua passagem pelo Internacional, de Porto Alegre, os responsáveis pela cobertura jornalística do time sofriam. Reclamam até hoje: "Todo dia ele discutia com alguém. Ironizava as perguntas, era grosso nas respostas", recorda o repórter Leandro Behs, do Zero Hora.
Em sua passagem pelo São Caetano, cunhou uma frase que define bem seu estilo. "Não sou mal-humorado, venho para cá para trabalhar e não para contar piada." Compete bem com a declaração de Luxemburgo, dada pouco antes de se aventurar no Real Madrid, no início de 2005. "Quem dá sorriso para aparecer na televisão é artista, eu só dou sorriso para mulher bonita."
