São Paulo – Não é à toa que as duas melhores equipes do futebol brasileiro começam a decidir hoje, no Morumbi, o título mais importante do futebol latino-americano. São Paulo e Internacional confrontam seus estilos vitoriosos, dentro e fora do gramado, no primeiro duelo da final da Copa Libertadores. ?Não há surpresas, chegaram à final os clubes que melhor se prepararam?, resumiu o técnico Muricy Ramalho, que levou o São Paulo à decisão e formou o elenco rival, quando trabalhou no Beira-Rio, até o ano passado.
Taticamente, São Paulo e Internacional podem ser definidos como clones, tal a semelhança com a forma de atuar e a característica dos seus jogadores. Em ambos os casos, a estratégia, que varia de um 3-5-2 para um 3-6-1, se baseia na força do sistema defensivo. O trio são-paulino é formado por Fabão, Lugano e Edcarlos, enquanto os gaúchos apostam em Bolívar, Fabiano Eller e Índio.
Nas laterais, outra igualdade. Elder Granja e Jorge Wagner começaram carreira no meio-campo, assim como Souza. Porém, todos têm liberdade para avançar e fazer jogadas pelo meio – a exemplo de Júnior, que reveza com Danilo. ?Como o Souza, o Granja e o Jorge Wagner jogavam no meio e eu insisti para que virassem laterais?, conta Muricy. ?Nenhum deles quer voltar à antiga posição.?
Habilidade
No São Paulo, a habilidade de Danilo só funciona se houver a retaguarda da dupla de volantes Mineiro e Josué. Mais do que isso, os dois são-paulinos chegam com eficiência ao ataque – Mineiro fez gol decisivo contra o Chivas, na semifinal. O meio-campo gaúcho trabalha da mesma maneira. Alex, mais veloz do que Danilo, precisa que Tinga e Edinho lhe dêem cobertura para levar o time à frente. Tinga, porém, também participa muito das jogadas ofensivas.
?O Inter tem um estilo bem parecido com o do São Paulo, de jogar bonito e de forma eficiente?, elogiou Muricy Ramalho. ?Meu time não joga bonito, não: joga como gaúcho?, rebateu Abel Braga, bem-humorado.
No ataque, Fernandão é a referência para os colorados, assim como Ricardo Oliveira, para os são-paulinos. A vantagem gaúcha é que Fernandão, apesar de não possuir tanta mobilidade quanto o rival, marcou mais gols este ano (8 a 6).
Rafael Sóbis também tem estilo de jogo parecido com Leandro: além de atacar muito pelas pontas, executam importante função de voltar para ajudar na marcação. Pela raça que demonstram, têm bastante identificação com as torcidas. ?O Inter também é parecido com o São Paulo em outro aspecto: quando joga em casa, se torna quase imbatível?, elogiou o goleiro Rogério Ceni.
E é exatamente debaixo das traves que está a maior diferença entre os finalistas. Enquanto Clemer sempre foi questionado pelos clubes que passou, Rogério Ceni é ídolo máximo dos são-paulinos e está a um gol de se tornar o maior goleiro-artilheiro da história (tem 62 gols).
Diretorias competentes
São Paulo – As diretorias de Sampa e Inter também têm mostrado competência nos últimos anos. O tricolor terminou 2005 com um superávit de aproximadamente R$ 10 milhões e detém os melhores contratos de publicidade do futebol brasileiro. O colorado contabiliza 40 mil sócios e vê na Libertadores a chance de se projetar fora do País, já que o prêmio para o campeão é a disputa do milionário Mundial de Clubes da Fifa, em dezembro, no Japão, ao lado do Barcelona (campeão da Liga dos Campeões), América-MEX (Concacaf) e Auckland City-AUS (Oceania). África e Ásia decidirão seus campeões em novembro.
Contagem regressiva por Oliveira
São Paulo – Começou a contagem regressiva do São Paulo para ter o centroavante Ricardo Oliveira no segundo jogo da final da Libertadores, na semana que vem em Porto Alegre. Os dirigentes do Betis fazem questão que o jogador se reapresente e cumpra seu contrato até 2011, a partir do próximo fim de semana.
A diretoria do clube paulista tem dois emissários que estão cuidando do caso na Espanha, mas até agora não conseguiram uma resposta positiva dos espanhóis.
O São Paulo demonstra confiança, mas o próprio jogador dá sinais de nervosismo. Nesta semana não quis dar entrevistas para evitar comentar o assunto. ?Continuamos otimistas, ainda temos uma semana para resolver o problema?, disse o diretor de futebol do São Paulo, João Paulo de Jesus Lopes.
Uma das principais reclamações do Betis é a proposta dos dirigentes do São Paulo de prorrogar o contrato de Ricardo Oliveira por mais três meses e rescindi-lo logo depois da final. Segundo o time de Sevilha, essa prática é ilegal e poderia lhe causar uma denúncia do Internacional à Fifa. ?Não existe nenhum problema jurídico em prorrogar o contrato por esse período, nem para nós, para a CBF, ou à Conmebol?, defende-se Lopes.
Tinga
O meio-campista Tinga está de volta ao time do Inter. Depois de ficar fora de três partidas da Libertadores por causa de uma contusão muscular, o jogador, uma das referências do técnico Abel Braga em campo, foi confirmado para a partida de hoje.
?Estou pronto, recuperado?, garante Tinga, que se contundiu na partida de volta contra a
LDU, no Beira-Rio, ainda pelas quartas-de-final da competição. ?Não sinto mais nada. Agora temos de pensar no jogo. E temos a consciência da pedra no nosso sapato que é o São Paulo.?
