São Paulo domina o clássico e não dá chance pro Corinthians

São Paulo – O apelido serve para o clássico, mas o São Paulo é quem foi majestoso no Morumbi. Ontem à tarde a equipe mostrou mais entrosamento, força na marcação e no ataque e ampliou para 12 jogos a invencibilidade diante do apenas esforçado e muito nervoso Corinthians, com triunfo merecido por 3×1, pelo Paulistão.

O tabu de 12 jogos iguala uma marca que o Corinthians carregava a seu favor entre os anos de 1976 e 1979, diante dos são-paulinos. Melhor, serve de motivação para o São Paulo na sua estréia na Copa Libertadores da América, quarta-feira, diante do Audax Italiano, no Chile.

Muricy Ramalho surpreendeu com a entrada de Lenílson no lugar de Hugo. Emerson Leão confirmou a escalação com o jovem Willian na vaga de Arce, adiantando Roger.

Muricy sabia que o caminho da vitória seria pelas beiradas. E foi pela direita que o show de bola começou. Aos 29 minutos, Aloísio achou Reasco, que cruzou para trás. Jadilson ajeitou e Lenilson acertou belo e indefensável chute rasteiro, no canto de Marcelo: 1 a 0 para quem mais buscava o ataque. Porteira aberta…

Aos 41, Marquinhos fez lambança e afundou o Corinthians, com pênalti infantil cometido em Aloísio e cobrado perfeitamente por Rogério Ceni.

Mas nem a força da torcida, muito menos a tal garra corintiana estavam presentes no Morumbi. Aloísio, sempre ele, serviu Leandro aos 12 minutos: 3 a 0.

A única alegria dos corintianos viria aos 36. Wilson, de tanto lutar, foi premiado ao marcar o gol de honra. Mas era tarde, a festa já tinha, com méritos, dono. O São Paulo entra no grupo dos melhores. E o Corinthians, sai.

Leão não esquece do apito

São Paulo – Como sempre, o técnico do Corinthians, Emerson Leão, reclamou da arbitragem. Mas admitiu: ?Não tivemos uma boa performance, principalmente no primeiro tempo. Reconheço a derrota e dou os parabéns ao Muricy, que teve sorte e competência?.

Leão lamentou a apatia do Corinthians na etapa inicial. ?Não chutamos uma bola no gol.? Para piorar, duas falhas da zaga propiciaram os gols ao São Paulo. ?Uma delas foi num chute despretensioso e a outra num balão que devíamos ter rifado a bola, e não tentado dominá-la?, disse o técnico, referindo-se primeiro ao goleiro Marcelo e depois ao zagueiro Marquinhos.

Gato e rato

Durante a maior parte de sua entrevista coletiva, Leão reclamou da arbitragem, principalmente de um suposto pênalti não marcado sobre o volante Daniel, já aos 46 da etapa final. ?Se o juiz dá esse pênalti, poderíamos fazer 3 a 2 e ir com tudo para cima deles. Teríamos uns quatro minutos. Seria uma luta de gato contra rato, porque eles estavam acuados?, comparou o treinador.

Sina

Segundo Leão, parece ser uma sina o sofrimento corintiano com os árbitros. ?Erros acontecem. Infelizmente, acontecem mais contra o Corinthians.? Apesar do ?choro?, Leão, no final da entrevista, ressaltou: ?Não estamos nos escondendo atrás de erros da arbitragem para justificar a derrota. Mas que o árbitro podia ter dado aquele pênalti, ah, isso podia. Sou chorão e reclamo mesmo?.

O técnico ficou uma fera também com a expulsão de Magrão, após falta em Leandro.

Gandulas polêmicos

São Paulo – A atuação dos gandulas do Morumbi, motivo de reclamação do treinador e elenco corintianos, mereceu uma resposta em tom indignado do técnico Muricy Ramalho.

Para Emerson Leão, a reposição das bolas após os gols do São Paulo foram demoradas. Muricy, por sua vez, negou orientar e sequer conhecer os profissionais do Morumbi.

?Não tenho esse vício e não conheço os gandulas, que sequer trabalham perto de mim, já que ficam aqui no Morumbi e eu trabalho no CT (o centro de treinamento do clube, localizado no bairro da Barra Funda)?, respondeu Muricy, nos vestiários, com certa irritação com a pergunta feita por um dos repórteres presentes.

Suspeição

A classe dos gandulas está sob suspeição há algum tempo. O último episódio de grande repercussão ocorreu no clássico local de Ribeirão Preto (SP), entre Comercial e Botafogo. Na ocasião, o gandula do Comercial atingiu o goleiro do Botafogo com uma barra de ferro.

Aloísio participa dos três gols do Sampa e vive tarde de rei no Morumbi

Durante a semana, o atacante Aloísio pouco participou dos treinos do São Paulo. Passou a maior parte do tempo tratando de dores musculares para jogar no clássico. Apenas no sábado teve sua presença confirmada diante do Corinthians. E sua luta foi compensada ontem: com grande atuação, deixou o campo ovacionado pela torcida e considerado o herói pelos companheiros.

Como prêmio, a camisa do goleiro Rogério Ceni e um troféu oferecido por uma rádio. ?É muito bom receber prêmios. E melhor ainda elogios do Rogério Ceni, o melhor goleiro do Brasil?, discursava feliz e sorridente o atacante.

Cãibras

Aloísio ficou em campo por 76 minutos, até quando agüentou. Com cãibras na panturrilha nas duas pernas, pediu para sair aos 29 da fase final. Deu lugar para o meia Hugo, sob aplausos calorosos. Retribuiu o carinho com acenos para a torcida.

O motivo de tanta festa?

O atacante participou dos três gols da equipe. Começou a jogada do primeiro, sofreu o pênalti do segundo e deu o passe do terceiro. ?Não desisto nunca de uma jogada. Enquanto a bola não sair, estou brigando por ela. Foi assim que sofri o pênalti?, revelou. ?Sabia que a bola era do zagueiro, mas ao correr para cima dele, o deixei assustado. Acabei ficando com ela e sofrendo a penalidade.?

Rogério Ceni faria 2 a 0, aos 44 da primeira fase, e praticamente definiria o encontro.

Rogério Ceni diz que Tricolor ganhou porque foi melhor

São Paulo – Lenílson fez o primeiro, Leandro fechou a vitória por 3 a 1 pra cima do Corinthians, mas Rogério Ceni também se destacou na tarde de ontem no Morumbi. Não com defesas espetaculares, mas sim por ter feito mais um gol na carreira: o 69.º. E com grande contribuição do amigo Aloísio.

O pênalti sofrido pelo atacante, aos 42 minutos, depois de uma lambança do zagueiro Marquinhos, e convertido com precisão pelo goleiro-artilheiro, dois minutos depois, ?matou? o Corinthians. Gol que pôs fim ao jejum de Ceni em 2007, justamente na semana em que seu primeiro gol na carreira completa dez anos – 15 de fevereiro de 1997, contra o União São João.

Domínio

?Temos de ser simples e objetivos: o São Paulo ganhou porque foi melhor?, resumiu o capitão são-paulino. ?Fomos extremamente merecedores do resultado. Dominamos 90% do jogo.?

O goleiro fez questão em dar todo o mérito do gol para Aloísio. Tanto que, ainda dentro de campo, presenteou o companheiro com a camisa amarela usada no clássico.

?Ele é especial, é parceiro. Sou fã do centroavante com o estilo do Aloísio. É um cara que serve de referência lá na frente, se sacrifica… Falei que ia dar pra ele a camisa do primeiro gol do ano. Ele já tem uma lá na terra dele, em Alagoas, que guardou no projeto social dele, então essa fica pra ele?, explicou o goleiro.

Otimismo pra estréia na Libertadores da América

São Paulo – Quarta-feira é dia de o São Paulo dar o primeiro passo em busca do tetracampeonato da Libertadores. O time de Muricy Ramalho embarca amanhã cedo para o Chile, onde inicia, no dia seguinte, às 21h45 (de Brasília), sua caminhada no torneio internacional contra o desconhecido Audax Italiano, em Santiago. Cabeça-de-chave do grupo 2, o atual vice-campeão da América ainda tem a companhia de Alianza Lima, do Peru, e Necaxa, do México.

Motivos não faltam para o torcedor e Muricy acreditarem que é possível conquistar novamente o título. Além de manter boa parte da base de 2006, a diretoria trabalhou até o último momento para contratar os jogadores ideais para reforçar os setores mais carentes. Conseguiu. Nas duas últimas semanas, chegaram o meia e ala Jorge Wagner, o volante Fredson e o atacante Marcel. Embora o elenco ainda esteja enxuto, o treinador já não tem mais que se preocupar com improvisos e pode se preocupar em acertar os últimos detalhes.

Últimos ajustes

?Estamos melhorando de acordo com o previsto. Falei que a equipe entraria nos eixos a partir da oitava partida e é o que está acontecendo?, garante Muricy, cada vez mais animado. ?Falta arrumar um pouco o posicionamento e fazer uma marcação mais dura. Também está faltando um pouquinho de velocidade. Sem isso você não surpreende ninguém no futebol de hoje?, analisa.

O elenco já não escondea ansiedade às vésperas da estréia no torneio. Ainda mais diante do carinho com que o torcedor são-paulino trata a Libertadores.

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