Em condições normais, uma vitória por 3 a 0 não deixaria espaço para contestações. Diante do Marília, o pior time do Campeonato Paulista, no entanto, os próprios jogadores do São Paulo reconheceram que o time poderia ter feito muito mais no estádio do Morumbi, neste domingo, pela 11.ª rodada. Por falta de apetite, velocidade e motivação, a equipe perdeu a chance de transformar o treino de luxo em uma goleada histórica.

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A escalação do São Paulo foi bastante peculiar. Do time titular foram escalados apenas Rogério Ceni e Centurión, que atuaram ao lado de cinco garotos da base (Ewandro, Boschilia, Rodrigo Caio, Lucão e Auro). O saldo positivo para o clássico contra o Palmeiras, nesta quarta-feira, na casa do rival, vem exatamente daí: Boschilia e Ewandro foram muito bem e se firmam como opções para o técnico Muricy Ramalho. Alan Kardec, que marcou dois gols, parece estar recuperando a boa fase.

Durante todo o jogo, o São Paulo teve muita facilidade para entrar na defesa adversária. Bastavam três ou quatro passes certos para o time conseguir finalizar, como aconteceu em dois lances antes dos 10 minutos de jogo.

Parte da boa atuação ofensiva se deve à movimentação de Ewandro, o atacante mais arisco do time e autor das duas finalizações perigosas. A outra parte explicação se deve à ruindade da equipe do interior. A pior defesa do torneio com 22 gols sofridos até o início do jogo marcava a bola e não os rivais; deu espaço além da conta e começou assustada antes mesmo de a partida começar. Virtualmente rebaixado com apenas dois pontos, o time entrou derrotado.

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Na terceira chance, Ewandro foi recompensado. Aos 12 minutos, abriu o placar com um bom chute seco e rasteiro, de fora da área. Na mesma toada, no mesmo contexto, Alan Kardec fez o segundo três minutos depois de driblar o goleiro Rodrigo. O destaque do lance foi o passe inteligente de Boschilia, que deixou o zagueiro Marcus Vinícius desconjuntado.

Esses bons desempenhos individuais – a objetividade de Ewandro, a criatividade de Boschilia, que jogou como meia, e os rompantes de Centurión – são boas notícias para os próximos confrontos. Ou quase boas notícias. Afinal, o São Paulo enfrentou um rival peso-mosca e tudo o que fez de bom tem de ser relativizado. O número de finalizações – 7 a 0 – na etapa inicial tem esse porém.

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Outro porém da equipe da casa foi a falta de regularidade. Depois dos 2 a 0, o São Paulo perdeu o apetite, passou a tocar mais a bola de lado e foi impreciso em alguns lances. Por isso, as chances foram ficando cada vez mais raras. Aos 29 minutos, Alan Kardec acertou uma cabeçada na trave após cobranças de escanteio. Dez minutos depois, Centurión decidiu cruzar na pequena área quando deveria ter finalizado.

Este espaçamento dos lances perigosos – alguns no início do primeiro tempo e outros apenas no final – atestam como a equipe se desinteressou. Vale um registro de um lance que seria histórico, tão importante quanto o próprio jogo. No único lance de perigo do Marília, Leandro tentou encobrir Rogério Ceni e quase conseguiu.

O terceiro gol do São Paulo só saiu aos 28 minutos do segundo tempo. Ewandro ganhou a dividida e tocou para Alan Kardec marcar o seu segundo gol na partida com o gol vazio. Os jogadores do Marília reclamaram muito de falta.

As substituições de Muricy Ramalho, com as entradas de Jonathan Cafu e Michel Bastos, alteraram pouco a falta de objetividade da equipe, que parecia confortável com o placar desde o primeiro tempo.

FICHA TÉCNICA

SÃO PAULO 3 x 0 MARÍLIA

SÃO PAULO – Rogério Ceni; Paulo Miranda, Lucão, Edson Silva e Auro; Rodrigo Caio, Thiago Mendes, Centurión (Jonathan Cafu) e Boschilia; Ewandro (Michel Bastos) e Alan Kardec. Técnico: Muricy Ramalho.

MARÍLIA – Rodrigo; Gil Bahia (Rafael), Tiago Gomes, Marcus Vinícius (Tiago Elias) e Deca; Juninho Ortega, Boquita, Gilberto (Gadelha) e Vitor Cruz; Bruno Farias e Leandro Costa. Técnico: Bruno Quadros.

GOLS – Ewandro, aos 12, e Alan Kardec, aos 15 minutos do primeiro tempo; Alan Kardec, 28 minutos do segundo tempo.

CARTÕES AMARELOS – Marcus Vinícius, Gilberto, Boquita e Deca (Marília).

ÁRBITRO – Thiago Duarte Peixoto.

RENDA – R$ 179.600,00.

PÚBLICO – 7.843 pagantes.

LOCAL – Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP).