O Atlético voltou a fazer ontem uma grande apresentação, mas acabou sendo castigado e saindo da Arena apenas com um empate diante do São Paulo. Num jogaço de bola, o Rubro-Negro ficou no 1 a 1 com adversário mais preocupado em bater do que jogar futebol, auxiliado ainda pela péssima arbitragem, que não puniu os “bambis”, como são chamados os são-paulinos, pelo antijogo. O resultado manteve a equipe da Baixada na zona de classificação do Campeonato Brasileiro. O próximo confronto é na quarta-feira, contra o Fluminense, no Rio de Janeiro.
Mesmo vindo de um vexame diante do Gama em casa, a torcida acreditou na recuperação da equipe e lotou a Arena. Uma vibração que não deixou, em nenhum momento, a torcida são-paulina se manifestar. Lembrava até a final do Brasileirão do ano passado. A energia contagiou os jogadores do Atlético e perturbou os “bambis”. Foram mais de 28 mil pagantes a incendiarem as arquibancadas. O tal do “Real Madrid” brasileiro teve que apelar para as faltas e a catimba para parar o envolvente Furacão.
Quando jogava futebol, o São Paulo chegava com perigo e ameaçava a meta defendida por Adriano Basso. No entanto, em tarde iluminada, o goleiro rubro-negro fechou o gol e brecou as poucas investidas paulistas. Se não defendia, contava com a ajuda da trave para impedir o gol paulista. Do outro lado, o filme que a torcida já está ficando irritada de tanto ver. Jogadores errando passes demais na hora H, prendendo a bola e se enrolando. Mesmo assim, foi o Atlético que mais chegou perto de abrir o placar na primeira etapa.
“Temos que ter muita paciência porque o São Paulo é um time perigoso. O gol é questão de tempo”, profetizou, no intervalo, o zagueiro Ígor. O jogador sabia do que estava falando. Não dava para brincar, ainda mais com a nítida ajuda de Antônio Pereira da Silva para o time do Morumbi. Assim como na primeira etapa, Tonhão parava demais a partida e favorecia muito mais ao São Paulo ao não mostrar cartões amarelos para os “bambis” reincidentes.
O Atlético não se intimidou e partiu para cima. Tinha muito mais futebol para mostrar e o São Paulo se segurou como pôde. A resistência durou somente até os 30 minutos. O lateral-esquerdo Fabiano fez uma grande jogada, passou para Adriano que, da linha de fundo, cruzou para Dagoberto completar a pintura para o fundo da rede. Explosão na Baixada.
Era para ter sido mais. O meia Adriano ficou cara a cara com Róger e perdeu. O atacante Kléber chutou uma no goleiro e outra na trave. Com tantas chances desperdiçadas de liquidar a partida, o castigo acabou vindo através do apagado Ricardinho. Marcado à perfeição por Cocito na partida inteira, o novo “bambi” cobrou uma falta com maestria e livrou seu time da derrota no finalzinho.
Tensão invade vestiário
A péssima atuação da arbitragem, que provocou um clima tenso dentro de campo, acabou extrapolando também para dentro dos vestiários. Um segurança do Atlético e o zagueiro são-paulino Júlio Santos se envolveram numa confusão que acabou em troca de acusações de ambas as equipes.
“O jogador substituído (Júlio Santos) foi agredido por um segurança inexplicavelmente. Um segurança chamado Bezerra”, atacou Marco Aurélio Cunha, superintendente de futebol do São Paulo. “É um covarde. Onde está ele agora que não é homem”, indagou Cunha para o presidente atleticano, Mário Celso Petraglia, que se aproximava para ouvir as entrevistas.
“Eu é que te pergunto. Aponte onde ele está. Eu sou presidente do clube, você acha que eu vou me preocupar com seguranças”, rebateu Petraglia. O dirigente rubro-negro não poupou a postura dos visitantes que abusaram do anti-jogo durante a partida. “O sete (Fábio Simplício) só sabe bater”, disparou.
Para Petraglia, o maior responsável pela tensão foi o árbitro Antônio Pereira da Silva, apesar de não acusá-lo de má intenção. “Uma partida como essa merecia uma arbitragem melhor, mas eu não posso dizer se ele estava mal intencionado porque eu não posso entrar na cabeça dele”, apontou. A principal reclamação era a falta de pulso do árbitro em punir a violência dos paulistas. Justamente o São Paulo, que vive reclamando que os adversários batem demais no meia Kaká.
Os jogadores fizeram coro com o dirigente. “O juiz atrapalhou bastante a gente, principalmente nas faltas”, arriscou o meia Adriano. Já o zagueiro Rogério Correia prefere que o goiano não apite mais as partidas do Atlético. “O Antônio Pereira da Silva foi péssimo. Ele sempre complica contra o Atlético e a diretoria tem que vetar”, finalizou.
Espinosa se irrita com cobranças da torcida
O técnico Valdyr Espinosa, do Atlético, está ficando de “saco cheio” e já ameaça deixar a equipe rubro-negra. Ontem, apesar do bom futebol de seu time, teve que ouvir novamente o coro de “fora Espinosa” na Arena ao fim da partida. O treinador considerou “brincadeira” a atitude dos torcedores, que o consideram culpado pelo o time ter deixado a vitória escapar nos últimos minutos contra o São Paulo.
O relacionamento entre Espinosa e a arquibancada nunca foi boa. Um exemplo é que desde que Geninho saiu do comando da equipe, a torcida organizada Os Fanáticos não grita o nome do treinador. Num ritual que antecede todas as partidas, os torcedores entoam o nome dos jogadores e até o do massagista Bolinha. Menos o de Espinosa.
Isso não abala o técnico que, até deu motivos para os protestos após o jogo contra o Gama. “Aceitei a crítica do jogo passado, mas hoje não. Passou a ser brincadeira e eu não brinco com coisa séria”, desabafou. Ele cobrou mais respeito ao seu trabalho. “Eu respeito a torcida e tenho uma bagagem no futebol para estar aqui”, ponderou.
Apesar da quinta partida sem vitória, Espinosa enalteceu o empenho de seus jogadores e ainda aposta na classificação. “Parece que nós ainda estamos em oitavo lugar. Esses resultados de perdas fazem parte de uma competição equilibrada como o Campeonato Brasileiro”, destacou. Hoje, Espinosa começa a trabalhar para a partida de quarta-feira, contra o Fluminense, no Maracanã.