São Paulo aposta no desespero argentino para chegar à final

São Paulo – O desespero do River Plate é o maior aliado do São Paulo no jogo que decide hoje o primeiro finalista da Taça Libertadores, às 21h45, no Monumental de Nuñez, em Buenos Aires. Os paulistas apostam que os argentinos deixarão espaços na defesa, pois terão de se atirar ao ataque para descontar a derrota por 2 a 0 do primeiro duelo.

?Agora, o problema é deles. O River sentirá a pressão que experimentamos no Morumbi: ser obrigado a atacar, mas se preocupar em não sofrer gols?, observou o técnico Paulo Autuori, despreocupado com o clima tenso que envolve o confronto. ?Tudo o que ocorrer fora do gramado não deve tirar nossa concentração.?

Rogério Ceni segue à risca as ordens e não pensa em outra coisa, nas horas que antecedem o confronto. Nem na final da Copa das Confederações, entre Brasil e Argentina. ?Para mim, não faz diferença quem vai ganhar, só quero que o São Paulo vença?, diz. ?Claro que espero uma vitória do Brasil, mas isso não nos influenciará.?

Autuori entende que é mais fácil enfrentar uma equipe na condição do River, especialmente se o rival não conseguir implantar seu jogo. ?Se o tempo passar e eles não marcarem um gol, sentirão o desgaste físico?, projeta. ?Não há equipe que agüente esse ritmo.?

Para levar o São Paulo à decisão do torneio depois de 11 anos, o treinador promete não mudar o estilo ofensivo da equipe. ?Fazemos gols em todos os jogos. Não fugiremos dessa característica?, apontou. ?Precisamos valorizar a posse de bola, não podemos só nos defender?, comentou o meia Danilo, que completa 100 jogos pelo clube.

Rivalidade

Ninguém duvida que os ânimos estarão acirrados hoje à noite, mas Autuori exige que sua equipe esqueça a catimba do rival. ?Vamos responder às provocações com futebol?, diz, ignorando até a agressividade dos torcedores argentinos, propensos a revidar as agressões dos brasileiros -tiveram os ônibus apedrejados – no Morumbi. ?O medo é uma realidade, mas estamos preparados?, afirmou.

A diretoria contratou três seguranças extras em Buenos Aires. Segundo os dirigentes, o procedimento, comum nos jogos no Brasil, é apenas uma precaução para não desgastar os outros profissionais que seguiram com o time.

Clima é de tranqüilidade

Buenos Aires – O clima em Buenos Aires é de absoluta tranqüilidade para a partida de hoje à noite. Eventuais confrontos entre as torcidas estão descartados.

O presidente do clube argentino, Héctor Cavallero, sustentou que os são-paulinos não precisam ficar com medo. ?Queremos que os brasileiros sintam-se mais seguros do que nunca.? No entanto soltou farpas ao afirmar, em referência aos incidentes ocorridos no jogo em São Paulo, que ?se eles têm medo é porque sabem que se comportaram mal?. Mas, destacou que não há planos de vingança por parte dos torcedores do River Plate. Segundo Cavallero, o estádio estará cheio para o jogo. Mais de 60 mil entradas foram vendidas.

Um dos mais respeitados analistas esportivos do país, Ezequiel Fernández Moores, afirmou que há mais de uma década e meia que não acontecem casos graves de violência contra torcedores estrangeiros e times do exterior na cidade de Buenos Aires.

River repete o time que perdeu no Morumbi

Buenos Aires – O River Plate entrará em campo, hoje, com a mesma equipe que perdeu para o São Paulo na quarta passada, por 2 a 0. O meia Montenegro, que tinha alguma possibilidade de jogar, ficará no banco. Pode ingressar em lugar do lateral Diogo, durante o jogo, dando mais ofensividade ao time.

Ontem, houve apenas um treino físico, entre 11h e meio-dia. Os jogadores assistiram depois à vitória da seleção sub-20 da Argentina por 2 a 1 sobre o Brasil. O treino foi fechado, sem a presença de jornalistas. E sem declarações de jogadores.

Há um clima de nervosismo entre os dirigentes do River. Passar pelo São Paulo é a única esperança de ?salvar o ano?, porque a equipe está com dificuldades enormes -depende de uma série de resultados na última rodada do Campeonato Argentino – para se classificar à Libertadores de 2006.

A reportagem da Agência Estado conseguiu entrar no campo do River, ontem. Uma funcionária permitiu a entrada ao ser informada que a intenção era apenas buscar a credencial para o jogo de hoje.

Foi possível ver os jogadores deixando o café da manhã e dirigindo-se ao campo. Eram cumprimentados por funcionários e alguns visitantes que tiravam fotos. Não havia um clima de vingança, ninguém pedia algo do tipo ?vamos acabar com os brasileiros?, ou coisa assim.

Quando um dos responsáveis pela segurança percebeu que havia um brasileiro ali, chamou rapidamente o assessor de imprensa, que ordenou a saída da reportagem do estádio, devidamente acompanhada por um dos seguranças. A justificativa é de que as credenciais só seriam entregues à tarde e que não se podia estar ali.

Dois dirigentes, irritados, falavam em invasão e diziam que foram proibidos de entrar no Morumbi há uma semana e que não se daria um tratamento diferente. O chefe de segurança foi mais irônico. ?O que aconteceu em São Paulo foi uma vergonha, com muitas agressões, mas aqui não será assim. Nós somos diferentes de vocês?, disse.

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