Santos sai na frente na decisão do Brasileiro

O Corinthians escapou de um massacre ontem à tarde no Morumbi. O time de Carlos Alberto Parreira esteve irreconhecível e perdeu com toda justiça por 2 a 0 para o Santos na primeira partida da decisão do Brasileirão. No próximo domingo, o Santos será campeão brasileiro até com uma derrota por um gol de diferença. E mais: dos jogadores ‘pendurados’ com dois cartões amarelos, só Alberto fica fora da grande consagração.

O Santos perdeu uma grande chance para definir a vitória já no primeiro tempo. O Corinthians esteve irreconhecível nos primeiros 45 minutos. Desinteressado, sem força. Nem parecia que estava jogando uma decisão de Campeonato Brasileiro. Sucumbiu à forte marcação dos Meninos da Vila. Émérson Leão também começou a ganhar o duelo tático com Carlos Alberto Parreira anulando o setor esquerdo corintiano.

Por mais esperada que fosse a estratégia, funcinou. Elano ‘colou’ em Kleber e praticamente impediu que o lateral-esquerdo do Corinthians avançasse. Na defesa, Michel – com a cobertura de Paulo Almeida e de Preto – fez o mesmo com Gil. Como as outras peças da engrenagem corintiana não funcionaram o Santos ficou com o jogo à sua disposição.

Em 15 minutos a superioridade do Santos se cristalizou por intermédio de uma assistência perfeita de Diego entre Fábio Luciano e Shceidt. Alberto apareceu livre diante de Doni e bateu rasteiro, sem chances para o goleiro: 1 a 0. O Corinthians não demonstrou o menor poder de reação. A melhor chance, aos 28 minutos, Guilherme perdeu chutando da marca de pênalti por cima do gol de Fábio Costa. Fora isso, só deu Santos. Diego comandou o time no primeiro tempo.

Coletivamente, o time de Leão também foi superior, não deixando o Corinthians jogar. O placar só não foi maior no primeiro tempo porque faltou acreditar que isso pudesse acontecer. O Corinthians só conseguiu equilibrar o jogo no começo do segundo tempo, quando o Santos relaxou um pouco na marcação. Deivid apareceu perigosamente por duas vezes na área santista, mas Fábio Costas se antecipou em ambas.

Nesse momento, o técnico Leão provou o quanto consegue exercer a sua liderança sobre o time: gritou com os seus jogadores, exigindo a mesma ‘pegada’ do primeiro tempo. Em questão de minutos, o time voltou a acordar. Robinho, que havia feito um primeiro tempo discreto, passou infernizar a defesa corintiana. Dos 15 aos 32 minutos, o Santos criou chances para fazer cinco gols. Fábio Luciano salvou uma de Robinho aos 15, Doni defendeu o chute de Elano aos 18, Diego acertou a rede pelo lado de fora aos 21, Alberto simulou um pênalti quando deveria chutar aos 29 e Diego perdeu outro gol feito – chutando para fora – na frente de Doni.

Em 90% das chances perdidas, os atacantes santistas quiseram ‘enfeitar’ demais as jogadas. Leão foi à loucura no banco e voltou a cobrar a sua equipe. O técnico sabia que qualquer chance dada ao Corinthians seria fatal. A essa altura, o time de Carlos Alberto Parreira já estava entregue. Seus jogadores administravam o resultado. Até que aos 44 minutos, aproveitando um erro de passe de Fabrício, Robinho deixou Renato livre na frente de Doni. O Corinthians saiu de campo sabendo que a derrota por 2 a 0 o deixou mais longe do título.

Fabrício largou Diego à solta

Houve uma caça silenciosa às bruxas nos vestiários do Corintians. Aliás, às bruxas, não. A Fabrício. Embora evitassem críticas diretas ao volante reserva da equipe, estava claro que todos os jogadores o consideravam responsável pelo maior crime tático na primeira partida da final do Brasileiro: a liberdade a Diego.

“Nós sabíamos que ele é um jogador que desequilibra. Ele teve espaço demais para armar as principais jogadas ofensivas do Santos. Não sei se o Fabrício era o único atleta que deveria ficar mais próximo dele, só sei que o Diego teve toda a liberdade para fazer o que queria em campo. Isso foi importante demais na nossa derrota. Os gols do Santos saíram dos pés dele”, dizia, irritado, Rogério. “O Diego fez o que quis. Falhamos demais na marcação dele. Esse foi um erro básico do Corinthians. Demos toda a chance para o Santos vencer a partida com a falta de entusiasmo não só na marcação. Como também na saída de bola. Em decisão de Campeonato Brasileiro não se pode errar passe na saída de bola. Isso praticamente dá ao adversário a chance de fazer o gol como quiser”, reclamava Vampeta.

Quem errou na saída de bola no segundo gol santista? Fabrício. Com a apática marcação em Diego, jogadores que estavam destacados para ter outra função, como Renato, tentavam compensar dando pontapés e ameaçando a promessa santista. “Ele é muito folgado. Quando consegue driblar, ele gosta de falar, humilhar o jogador adversário. Isso não se faz. O Diego já está avisado: não irá repetir no próximo domingo as gracinhas que fez hoje (ontem)”, desabafava, ameaçador, Renato.

O ‘problema’ Fabrício está resolvido porque Fabinho poderá jogar na última partida – sua suspensão pelo terceiro cartão amarelo foi cumprida ontem. Mas o grande trauma dos atleta é outro. Eles que sonhavam com a conquista tranqüila do terceiro título do ano terão de atuar sob grande pressão para conseguir vencer por dois gols de vantagem.

“Precisamos mudar o nosso estado de espírito. Entramos contra o Santos como se fosse uma partida qualquer. Ninguém teve espírito de decisão. Isso é um absurdo ainda mais valendo a decisão do Brasileiro. Escapamos por sorte de tomarmos uma goleada. Se não revertemos a nossa postura, não conseguiremos ganhar o título. Estou bastante preocupado”, resumia, sincero, Rogério. “O segredo é ter garra. Conseguimos vencer o Palmeiras por dois gols como precisávamos na Libertadores. Por que não podemos vencer o Santos por essa diferença? É só confiar e ter mais garra. Toda a garra que faltou hoje (ontem). Esse não é o Corinthians que conheço. Foi a nossa pior partida no Brasileiro. Só que ela já ficou para trás. Eu quero avisar que não estamos mortos”, avisava Vampeta.

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