Baltimore, EUA – A próxima etapa da Volvo Ocean Race, entre Annapolis e Nova York, vai trazer boas lembranças para a maior parte dos velejadores do Brasil 1. Com apenas 400 milhas (740 km), a perna de seis da regata de volta ao mundo se parece muito com a tradicional Regata Santos-Rio, uma velha conhecida de todos os tripulantes brasileiros.
?Velejei 16 vezes a Santos-Rio e acho que essa próxima etapa vai ser mais ou menos parecida. O percurso tem o dobro do tamanho, mas o barco também tem o dobro do tamanho, então acaba empatando?, explica o proeiro Kiko Pellicano.
A etapa deve ser dividida em duas partes: uma dentro da Baía de Chesapeake e outra fora, já a caminho de Nova York. Os ventos, porém, devem ser fracos em ambas as partes. ?O Marcel fez um minibriefing hoje e o vento deve ser fraco também quando sairmos da Baía. Além disso, devemos velejar bastante em vento e popa e isso é bom para nós?, avisa Pellicano.
A previsão é de que os barcos completem o percurso em dois dias. ?Vai ser a mesma duração. Eu já fiz uma Santos-Rio em 23 horas, quando quebramos o recorde no tempo corrigido, mas também já fiz uma que durou 52?, lembra o proeiro. Com uma prova tão curta, o comandante Torben Grael já avisou que ninguém irá dormir a bordo. ?É uma etapa estratégica, então precisamos de manobras perfeitas e todos atentos o tempo inteiro?, explica o bicampeão olímpico.
Por isso mesmo, a tripulação deve chegar desgastada em Nova York. ?Com certeza vamos chegar mais cansados do que em uma perna normal por causa disso. Vai ser tensão e trabalho o tempo todo?, avisa o timoneiro João Signorini.
Até amanhã, a tripulação deixará o Brasil 1 pronto para as próximas duas etapas, Annapolis-Nova York e Nova York-Portsmouth, na Inglaterra. Como Nova York é um pit-stop, nada poderá ser embarcado na cidade. Todo o barco deve estar preparado para as duas etapas na saída de Annapolis, no domingo.
Bravura
Proeiro do Brasil 1, Andy Meiklejohn recebeu o prêmio de bravura no mar (Seamanship Award) na quinta etapa da Volvo Ocean Race, entre Rio de Janeiro e Baltimore. O neozelandês de 29 anos escalou o mastro durante uma tempestade, para desenroscar uma vela. ?Achei o prêmio muito merecido. O que o Andy fez mostrou realmente destemor. E não foi a primeira vez. É preciso realmente muita coragem?, elogiou o comandante do Brasil 1, Torben Grael, ao entregar o prêmio.
Foi a segunda vez que um tripulante do Brasil 1 recebeu esse prêmio. Na segunda perna, André Fonseca ganhou o troféu após mergulhar nos gelados mares ao Sul da Austrália para recuperar pedaços do mastro do veleiro, que se partiu a mais de mil milhas de terra. Ele passou pouco menos de uma hora na água.