O Santos foi notificado judicialmente, ontem, a respeito da carta de fiança bancária de US$ 30 milhões para o rompimento unilateral de contrato para que Robinho possa se apresentar ao Real Madrid, da Espanha, e não mudou a sua posição de exigir integralmente a multa de US$ 50 milhões.
Logo que recebeu a notificação, o presidente do clube, Marcelo Teixeira, convocou uma reunião de emergência com o presidente do Conselho Deliberativo, José da Costa Teixeira, integrantes das comissões do órgãos e membros do Conselho de Orientação e Fiscalização (COF) – composto por ex-presidentes do clube – para discutir o assunto.
Teixeira recebeu o apoio para exigir o retorno de Robinho ao trabalho e não aceitar o pagamento parcial da multa. Ao final da reunião, o dirigente fez um pronunciamento sobre o assunto.
"Convoquei a reunião porque havia um fato novo. Reiteramos a nossa posição de solicitar que o atleta volte a treinar, a trabalhar", afirmou, lembrando a decisão de apoio da CBF ao Santos e o parecer de juristas, que consideram que Robinho não tem direito aos 40% sobre o valor da multa. "Entendemos que o jogador deve exercer o seu direito de trabalho no Santos FC e contamos com o seu trabalho para colocarmos em prática uma série de projetos".
A reunião de ontem serviu para evitar que o presidente santista assuma integralmente a responsabilidade se o impasse se prolongar por muito tempo ou mesmo no caso de uma derrota, se o Real Madrid ou Robinho recorrer à Fifa ou à Justiça do Trabalho. Quando chegavam, inúmeros conselheiros disseram que o Real Madrid só tem uma saída: depositar, em nome de Robinho, os US$ 50 milhões. Terminada a reunião, o presidente do CD e importantes conselheiros se recusaram a falar sobre o assunto, alegando que apenas o presidente Teixeira está autorizado a se pronunciar a respeito.
A exceção foi o vice-presidente da diretoria, Norberto Moreira da Silva. Ele disse que, nos próximos dias, os agentes de Robinho serão chamados à Vila Belmiro, quando haverá uma tentativa para que Robinho retorne às atividades. "O Santos até pode, porém não cogita suspender o contrato de Robinho com base em falta grave (abandono de emprego)", afirmou. Se o Santos suspender o contrato de Robinho, ele deixará de receber o salário de R$ 400 mil mensais.
Ganhar ou crise total na Vila
O Santos perdeu o seu norte. A conclusão foi do técnico Alexandre Gallo, após a segunda derrota seguida, outra vez de virada, por 3 a 2, diante do Cruzeiro-MG, no Mineirão, no domingo. E a semana promete.
Amanhã às 21h45, na Vila Belmiro, o time entra em campo com a obrigação de desbancar a líder do campeonato brasileiro, a Ponte Preta, e no domingo terá pela frente o Corinthians, também em casa. Se não ganhar pelo menos um desses dois jogos, o clube vai mergulhar numa grande crise e talvez iniciar um novo ciclo de longo período sem títulos, como tem se repetido em sua história sempre que uma geração chega ao fim. Robinho é o último dos campeões de 2002.
"Já estive mais preocupado. O futebol que o time mostrou contra o Vasco foi ruim, mas no Mineirão o time foi bem. Teve o jogo à sua disposição no primeiro tempo, sofreu um apagão no começo do segundo e tomamos gols que não podemos tomar e depois voltou a atuar bem", analisa Gallo, que assumiu em março e já indicou inúmeros jogadores para reforçar o grupo. Onze foram contratados e o único que deu certo até agora foi Giovanni, repatriado do Olympiakos, da Grécia, nove anos depois de ter comandado o time no famoso vice-campeonato brasileiro de 1995.
"Os três reforços com qualidade para entrar direto no time ainda não chegaram", defende-se Gallo, que admite que está difícil contratar bons jogadores. "Todos sabem que o Santos está com dinheiro e quando seus dirigentes tentam contratar um jogador, o valor é multiplicado por dois ou três", acrescenta.