Santos não consegue “ferrar” Atlético no tapetão

A tentativa do Santos de complicar a vida do Atlético "jogando" nos bastidores, foi por água abaixo. Na noite da última terça-feira, o advogado do Peixe, Mário Mello, deixou o STJD apontando "duas armas" na direção do Furacão. A primeira dizia respeito a uma possibilidade de fazer o time paranaense perder mais um mando de campo. Tudo por conta do surgimento de fitas da partida entre Atlético e Flamengo, disputada no dia 26 de setembro, na Arena da Baixada.

Após receber a notícia de ter perdido mais um mando de jogo – o Santos só jogará mais uma das cinco partidas que lhe restam em casa, a intenção era fazer o Atlético perder também. Entretanto, apesar das provas, ontem o tribunal rejeitou as fitas que exibiriam supostas irregularidades na Baixada.

De acordo com o presidente do STJD, Luiz Zveiter, uma denúncia ao tribunal, mesmo que fundamentada com provas, tem de ser feita com critérios, ou seja, precisa ser protocolada e seu autor tem de pagar taxas, além de se identificar com a documentação exigida. Isso não foi feito pelo departamento jurídico do Santos e a denúncia não foi acatada. Há informações de que a denuncia fora feita por um torcedor do Palmeiras, mas o STJD não comentou o fato.

A segunda tentativa de desestabilizar o ambiente atleticano também ruiu tão rápido como surgiu. Mello deu ouvidos ao boato de que o atacante Denis Marques estaria atuando de forma irregular – ele ainda teria vínculo com um time do Kuwait. No entanto, conforme a Tribuna adiantou na edição de ontem, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) confirmou a condição de jogo de Denis, que conseguiu uma liminar do Ministério do Trabalho para poder jogar no futebol brasileiro, independente de se desvincular do time kuwaitiano.

Santos recorre

Ainda ontem, o advogado do Santos, Mário Mello, entrou com recurso no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) contra decisão da 2.ª Comissão Disciplinar do tribunal, que anteontem puniu o clube com perda de mando de campo de um jogo, por causa de incidentes ocorridos na partida com o Corinthians, em 6 de outubro, na Vila Belmiro.

De acordo com Mello, o Santos não pode ser penalizado por causa de sinalizadores luminosos em poder de corintianos, com a permissão da Polícia Militar. Ele anexou ao recurso um documento, obtido do Comando da PM de Santos, e acredita que isso possa mudar o resultado do julgamento na última instância da Justiça Esportiva.

A certidão da PM, segundo Mello, atesta que torcedores podem entrar nos estádios em São Paulo com sinalizadores luminosos. "Em 24 de setembro foi realizada reunião da PM com chefes de torcidas dos clubes paulistas, na qual ficou estabelecido o que os torcedores poderiam ou não levar para os estádios", disse Mello.

Time completo para Levir ligar o piloto automático

Polêmicas à parte, a declaração do técnico Levir Culpi de que o Atlético estaria no "piloto automático", tão grande a sintonia do grupo, caberá ainda melhor para a partida de domingo, contra a Ponte Preta.

A intenção do treinador – apesar das distorções da turma do Santos – foi explicar que as "engrenagens" estavam encaixadas. E nada melhor do que um time completo para a "máquina" funcionar.

Foram poucas as rodadas em que o Rubro-Negro pôde jogar completo como jogará contra a Macaca. Com o atacante Dagoberto já sendo considerado carta fora do baralho, dada a gravidade de sua contusão, o Furacão vai com força total para Campinas. Nenhuma suspensão – Ivan está de volta e nenhuma contusão, que fazem a alegria do técnico Levir Culpi. "É força máxima mesmo, ainda mais agora que o entrosamento do ataque está afinado", diz, referindo-se a evolução de Denis Marques. O treinador não cansa de elogiar o comandado, feliz com o empenho do atleta especialmente nas assistências aos companheiros.

O meia Jádson, tão cobrado no jogos em que o Atlético perdeu, também parece ter reencontrado a sintonia ideal com o grupo. "Como estava sofrendo muita marcação individual, acabei sofrendo. Mas com treinamentos específicos com marcação cerrada, estou pegando as manhas para sair dele", diz o jogador. O segredo é uma maior movimentação pelo campo, facilitada também, pelo entrosamento com Denis Marques. "Estamos cada vez mais afinados, dentro e fora de campo. Isso é muito bacana, porque desperta o espírito de grupo."

Se no ataque a sintonia está próxima à perfeição, atrás a coisa não é diferente. O zagueiro Marcão comemora a manutenção do mesmo sistema defensivo e diz que nunca se sentiu tão confortável. "Estou muito feliz jogando na zaga, no 3-5-2 e com a turma toda. Jogar completo é ótimo, pois entrosamento conta muito, não é papo-furado, diz. Como exemplo, Marcão cita a seleção brasileira, que é formada por jogadores excepcionais e ainda assim, às vezes, fica defendo um futebol bonito e eficiente.

No último jogo, por exemplo, o time ficou devendo um pouco pela ausência de Ivan, com quem Marcão está mais acostumado a jogar. "É aquela questão de nem precisar olhar para lançar a bola. Temos jogadas ensaiadas, que tem tudo a ver com ritmo e entrosamento". Por isso tudo, com o time completo, a expectativa é que o Furacão jogue por música no domingo.

Washington tenta outro recorde

Na briga pelo título brasileiro, há uma disputa paralela, protagonizada pelo atacante Washington. Com 30 gols computados no Nacional, ele precisa de apenas mais um para igualar o recorde de Dimba, que no ano passado marcou 31 gols vestindo a camisa do Goiás.

O recorde pode ser batido, caso ele marque dois, curiosamente contra a Ponte Preta, onde Washington teve momentos marcantes. Em 2000, ele foi vice-artilheiro do Brasileirão e a boa média de gols acabou rendendo a ele a primeira convocação para a seleção brasileira, à época comandada pelo técnico Emerson Leão. "Aquele ano foi muito bom. Só fiquei com gana do Romário, já que eu estava na frente dele até a última rodada e o São Paulo abriu as pernas para o Vasco", diz em tom de brincadeira. Ele e Romário estavam empatados com 18 gols e Romário marcou 3 na última partida.

"Minha vida tem muitas coincidência. Voltei a jogar futebol justamente contra o Paraná Clube, onde tive grandes momentos. Agora, posso ter mais uma conquista contra outro time importante na minha carreira".

Apesar da vice-artilharia ter sido importante para a convocação e para a assinatura do contrato com o Fenerbahçe, que rendeu a ele bons dividentos, ele jura de pés juntos que a artilharia é um detalhe. "Está acontecendo naturalmente. Mas o objetivo é conquistar o título. Marcar gols é consequência dessa busca", diz.

O fato de poder quebrar o recorde justamente contra a Macaca, no Estádio Moisés Lucarelli, não o deixa em situação desconfortável. Pelo contrário, ele espera que leve a mesma sorte que sempre levou em Campinas. "Tenho um carinho enorme pela Ponte, mas hoje sou atleticano. Sempre fui iluminado no Moisés Lucarelli e espero ser de novo."

Se depender da confiança da galera, o recorde será mesmo batido em Campinas. O site furacao.com está com uma pesquisa no ar na qual 51,2% da galarea bota fé na quebra do recorde no próximo domingo. "Essa confiança da torcida é ótima. Será muito legal se eu marcar, mas uma vitória, mesmo que eu não faça, já está valendo."

A se confirmar a conquista da artilharia, ele quebrará mais uma marca. A primeira foi ao ser o primeiro jogador da Capital a bater a marca de Tainha, artilheiro do Paranaense, com 11 gols. Também já bateu o recorde de Kléber e Alex Mineiro, os maiores artilheiros do Atlético em Brasileiros, com 17 gols cada. Logo em seguida, passou sua própria e maior marca em campeonato brasileiros – 18 gols, pela Ponte Preta. Na Arena, com 23 gols, ele já é o quinto jogador que mais balançou as redes, passando o meia Adriano, que tem 22. Mas ainda falta muito para bater Kléber, que só no Joaquim Américo marcou 67.

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