Depois de ser assombrado pela dúvida do rebaixamento no primeiro turno, o Santos já está disputando com vigor uma vaga no G4. A equipe da Vila Belmiro foi soberana em casa na noite desta quarta-feira, venceu o São Paulo por 3 a 0 e completou sua nona vitória seguida em casa, oito delas pelo Campeonato Brasileiro. Agora, a equipe só tem um ponto de desvantagem para a zona da Libertadores. A diminuta torcida são-paulina repetiu o coro ouvido nos jogos do Morumbi: “time sem vergonha”.

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A bola de cristal do técnico Juan Cristal Osorio se mostrou meio opaca. Ele havia previsto um jogo ofensivo, lá e cá, mas o prognóstico se confirmou apenas para os donos da casa. Os visitantes tiveram duas chances, isoladas no início e no fim do primeiro tempo, as duas com Rogério. No resto do tempo, correram atrás do rival.

O Santos foi o senhor do jogo, sempre com maior posse de bola. Os erros de passe, no entanto, prejudicaram a sua fluidez. Muitos passes morriam no vazio, e a equipe da casa não conseguiu provocar o tsunami que causou nos jogos anteriores. Jogo equilibrado até a metade do primeiro tempo.

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A estratégia santista era, na verdade, um torniquete que foi dando suas voltas à medida que o tempo passava. Quase sempre pelo lado direito, com as triangulações entre Victor Ferraz, Gabriel e Longuine, o Santos cutucava o rival e começava a tocar sua música.

Marquinhos Gabriel não tem a exuberância de Lucas Lima, mas foi um armador eficaz. Inspirado pelo titular, tentou metidas enjoadas, como aos 28 minutos. Ricardo Oliveira recebeu, cruzou de primeira e Thiago Maia furou na pequena área. Vale lembrar que Maia é volante, o elemento surpresa que começou a confundir a zaga do São Paulo.

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E o torniquete deu sua volta definitiva aos 31. Após cobrança de falta de Zeca, o zagueiro David Braz desviou de cabeça no ângulo. O São Paulo não havia tomado gol nos últimos quatro jogos. Uma faixa subiu nas arquibancadas pedindo a convocação do capitão santista para a seleção. Não é para tanto.

O segredo do Santos foi a movimentação constante dos jogadores de frente. Os defensores do rival não sabiam a quem marcar. Por outro lado, não funcionou a estratégia de contra-ataque do São Paulo. Michel Bastos foi poupado depois de atuar em todos os jogos com Osorio. Também pesou nessa escolha o fato de o time querer apostar mais do que nunca no contra-ataque, e Michel tende a cadenciar o jogo. Bem marcado, Ganso não conseguiu esticar nenhum dos três velozes atacantes. Mérito dos volantes Thiago Maia e Renato, que fizeram grande partida.

Aos 42, o gol de Rafael Longuine evidenciou a sinuca de bico em que o São Paulo se encontrava. Gabriel aproveitou bobeada de Reinaldo e tocou para o meia anotar o segundo gol.

Osorio voltou atrás e escalou Michel Bastos e Wesley no lugar Wilder e Hudson no segundo tempo. Não deu tempo de o time esboçar reação tática e psicológica. Logo aos 6 minutos, o Santos definiu a partida. Após boa jogada de Victor Ferraz e Renato, Ricardo Oliveira se antecipou ao goleiro Renan Ribeiro e fez seu 16º no Campeonato Brasileiro. O São Paulo conseguiu ser ainda pior, mais lento e menos objetivo, e só teve uma chance: Rogério fez bela jogada e Michel Bastos acertou a trave. Nem esse lance diminuiu os gritos de “Olé” da torcida santista.

FICHA TÉCNICA:

SANTOS 3 x 0 SÃO PAULO

SANTOS – Vanderlei; Victor Ferraz, David Braz, Gustavo Henrique e Zeca; Thiago Maia, Renato, Rafael Longuine (Serginho) e Marquinhos Gabriel; Gabriel (Marquinhos) e Ricardo Oliveira (Nilson). Técnico: Dorival Júnior.

SÃO PAULO – Renan Ribeiro; Bruno, Lyanco, Edson Silva e Reinaldo; Hudson (Wesley), Thiago Mendes, Paulo Henrique Ganso e Wilder (Michel Bastos); Rogério e Alexandre Pato (Centurión). Técnico: Juan Carlos Osorio.

GOLS – David Braz, aos 31, e Rafael Longuine, aos 42 minutos do primeiro tempo; Ricardo Oliveira, aos 6 minutos do segundo tempo.

CARTÕES AMARELOS – Thiago Maia (Santos); Wesley (São Paulo).

ÁRBITRO – Luiz Flávio de Oliveira (Fifa/SP).

RENDA – R$ 342.290,00.

PÚBLICO – 5.552 pagantes.

LOCAL – Estádio da Vila Belmiro, em Santos (SP).